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Casa Brasil mescla cultura e esporte durante a Paralimpíada de Paris

Repro­dução: © Foto-Car­ol Rizzotto/Agência Brasil

Ponto de encontro de brasileiros fica em Saint-Ouen, vizinha a capital


Publicado em 01/09/2024 — 14:32 Por Lincoln Chaves — Repórter da EBC — Paris

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Durante os Jogos Par­alímpi­cos de Paris, a peque­na cidade de Saint-Ouen, de 52 mil habi­tantes e con­heci­da como “Brookyln parisiense”, será um pedac­in­ho do Brasil na França. Um com­plexo gas­tronômi­co local, situ­a­do em uma espé­cie de boule­vard, foi escol­hi­do para rece­ber a Casa Brasil Par­alímpi­co, pon­to de encon­tro de torce­dores, fãs da cul­tura brasileira, autori­dades e atle­tas medal­his­tas.

O espaço fica a cer­ca de 40 min­u­tos de car­ro de Paris e está aber­to ao públi­co des­de a últi­ma quin­ta-feira (29). Segun­do o Comitê Par­alímpi­co Brasileiro (CPB), a expec­ta­ti­va é que até qua­tro mil vis­i­tantes diários passem pelo ambi­ente até o próx­i­mo dia 8 de setem­bro, quan­do a Par­alimpía­da chega ao fim.

Um telão insta­l­a­do no pal­co próx­i­mo à praça de ali­men­tação per­mite aos torce­dores acom­pan­harem as provas dos atle­tas. No mes­mo espaço, o músi­co cego Luan Richard can­ta clás­si­cos da músi­ca brasileira — em uma das apre­sen­tações, fez um due­to com o ex-goleiro Jack­son Foll­mann, sobre­vivente do aci­dente com o voo da Chapecoense, em 2016, e que tem a per­na dire­i­ta amputa­da. Na entra­da, sim­u­ladores dão aos vis­i­tantes a opor­tu­nidade de “praticar” algu­mas modal­i­dades, como a canoagem.

Cultura e inclusão

O espaço tam­bém recebe apre­sen­tações que mesclam cul­tura e inclusão. O batuque do Sam­ba Inclu­si­vo da Liga Inde­pen­dente das Esco­las de Sam­ba de São Paulo (Liga-SP), que reúne pas­sis­tas e rit­mis­tas com defi­ciên­cia, colo­cou todo mun­do para dançar — prin­ci­pal­mente os não brasileiros — com músi­cas famosas do nos­so car­naval.

Entre os sam­bis­tas, Wag­n­er Esteves, con­heci­do como Gav­ião, é um dos mais ani­ma­dos. Ele toca repinique e uti­liza uma prótese na per­na dire­i­ta, dev­i­do a um aci­dente de car­ro. Além dis­so, é atle­ta de fute­bol de amputa­dos, modal­i­dade que, hoje, não faz parte da Par­alimpía­da. Viven­ciar os Jogos de Paris, no entan­to, mexe com o son­ho de ver o esporte que prat­i­ca, um dia, tam­bém inte­grar o megaeven­to.

“A gente espera que ele [fute­bol de amputa­dos] seja recon­heci­do e está insistin­do para isso se con­cretizar no futuro. Assim como o esporte é ren­o­vador, é super­ação, é força, a músi­ca tam­bém é e trans­for­ma vidas. É se rein­ven­tar. A per­na já foi, então, é ten­tar viv­er de uma for­ma mel­hor”, disse Gav­ião.

Paris-França 01/09/2024 Casa Brasil mescla cultura e esporte durante a Paralimpíada de ParisPonto de encontro de brasileiros fica em Saint-Ouen, vizinha a capital. Foto-Carol Rizzotto/Agência EA.
Repro­dução: Paris-França 1°/09/2024 Casa Brasil é pon­to de encon­tro de brasileiros em Saint-Ouen. Foto: Car­ol Rizzotto/Agência EA.

À frente de Wag­n­er e os demais rit­mis­tas, está Meli­na Reis, uma pio­neira. Víti­ma de um aci­dente de moto, ela teve a per­na esquer­da amputa­da por con­ta das seque­las após muitas cirur­gias. Baila­r­i­na clás­si­ca, pare­cia dis­tante de voltar a faz­er o que mais ama­va. Uma prótese inédi­ta e per­son­al­iza­da, que a per­mite ficar out­ra vez na pon­ta dos pés, devolveu‑a ao mun­do da dança.

“Os atle­tas são a base de tudo. É de onde tiramos força, a par­tir do momen­to que você se desafia. A dança tam­bém é muito pare­ci­da. E poder pres­ti­giar tan­tos ami­gos que estão com­petindo [em Paris], que estou na tor­ci­da, e faz­er parte do pro­je­to do sam­ba inclu­si­vo, é espe­cial. É levar esper­ança para quem está desmo­ti­va­do”, con­tou a baila­r­i­na.

Ela não está soz­in­ha. Des­de a últi­ma sex­ta-feira (30), as bailar­i­nas da Asso­ci­ação Fer­nan­da Bian­chi­ni tam­bém se apre­sen­tam na Casa Brasil. Tra­ta-se do úni­co grupo profis­sion­al de balé do mun­do for­ma­do por dançari­nas cegas. E não é a primeira vez que a com­pan­hia, cri­a­da em 1995 e que reúne mais de 400 alunos com defi­ciên­cia, envolve-se com o movi­men­to par­alímpi­co. Em 2012, as meni­nas par­tic­i­param da cer­imô­nia de encer­ra­men­to dos Jogos de Lon­dres, na Grã-Bre­tan­ha.

A baila­r­i­na Gise­le Nahkur foi uma das que se apre­sen­taram no Está­dio Olímpi­co da cap­i­tal britâni­ca. Antes de perder a visão, ela son­ha­va em ser jogado­ra de bas­quete. Quis o des­ti­no que, após a cegueira, ten­ha surgi­do a opor­tu­nidade de estar em um megaeven­to esporti­vo.

“[Em Lon­dres] Dançamos para 82 mil pes­soas. O mun­do inteiro pôde acom­pan­har pela TV. Eu não sei se é mera coin­cidên­cia. Será que eu, jogan­do e enx­er­gan­do, chegaria em uma Olimpía­da? Depois de cega, enquan­to baila­r­i­na clás­si­ca, o que nun­ca imag­inei na vida, devolver­am min­ha von­tade de sor­rir e viv­er e me troux­er­am a uma segun­da Par­alimpía­da”, recor­dou.

A “xará” Gise­le Camil­lo, que nasceu com defi­ciên­cia visu­al, perdeu toda a visão por causa de um glau­co­ma. Apaixon­a­da por dança, chega­va a “fin­gir” que enx­er­ga­va, quan­do ain­da tin­ha baixa visão, para não ser excluí­da. O balé inclu­si­vo mudou a história dela, que se aven­tur­ou no atletismo entre 2018 e 2020, em provas de pista.

“Hoje, sou for­ma­da em balé clás­si­co, sou pro­fes­so­ra. Tam­bém sou profis­sion­al de edu­cação físi­ca. Sou aque­la pes­soa que prepara os atle­tas para estarem com­petindo. Estar aqui [em Paris, na Par­alimpía­da], uma pes­soa com defi­ciên­cia, rep­re­sen­tan­do nos­sa esco­la e estar per­to dos atle­tas par­alímpi­cos, é inde­scritív­el. Assim como nós esta­mos real­izan­do son­hos aqui, eles [atle­tas] tam­bém estão”, con­cluiu.

Edição: Car­oli­na Pimentel

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