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Caso Marielle: TJRJ derruba sigilo da denúncia contra ex-bombeiro Suel

Repro­dução: © Nunah Alle/Mídia NINJA/Fli

Denúncia foi apresentada pelo MP após o depoimento de Élcio Queiroz


Pub­li­ca­do em 05/08/2023 — 13:46 Por Léo Rodrigues — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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O Tri­bunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) der­rubou nes­ta sex­ta-feira (4) o sig­i­lo da denún­cia em que o ex-bombeiro Maxwell Simões Cor­reia é acu­sa­do de lid­er­ar uma orga­ni­za­ção crim­i­nosa que explo­ra­va serviços clan­des­ti­nos de TV por assi­natu­ra e de inter­net, pop­u­lar­mente chama­dos de “gatonet”. Pre­so na sem­ana pas­sa­da, ele atu­ar­ia em parce­ria com o ex-poli­cial mil­i­tar Ron­nie Lessa, apon­ta­do como execu­tor da morte da vereado­ra car­i­o­ca Marielle Fran­co e do motorista Ander­son Gomes.

Em 14 de março de 2018, o car­ro onde estavam Marielle e Ander­son foi alvo de tiros dis­para­dos a par­tir de out­ro veícu­lo, um Cobalt pra­ta. Suel, como é con­heci­do o ex-bombeiro, tam­bém é inves­ti­ga­do por envolvi­men­to no assas­si­na­to.

A denún­cia foi apre­sen­ta­da pelo Min­istério Públi­co do Rio de Janeiro (MPRJ) após o depoi­men­to do ex-poli­cial mil­i­tar Élcio Queiroz. Pre­so jun­to com Ron­nie Lessa des­de 2019, ele é acu­sa­do de ser o motorista do Cobalt pra­ta durante a exe­cução de Marielle e Ander­son. No mês pas­sa­do, ele recon­heceu a par­tic­i­pação no crime e fechou um acor­do de delação pre­mi­a­da. Em meio ao seu rela­to sobre o ocor­ri­do, Élcio Queiroz detal­hou o envolvi­men­to de Suel e tam­bém os negó­cios clan­des­ti­nos no bair­ro de Rocha Miran­da, na zona norte do Rio.

“No caso do Ron­nie era mais pra den­tro da comu­nidade do Jorge Tur­co. Todo o asfal­to, todas as ruas ali e algu­mas favelin­has são do Maxwell. A maior parte é do Maxwell, só uma parte que era do Ron­nie”, disse.

Con­forme a denún­cia do MPRJ, os serviços de “gatonet” seri­am coman­da­dos por Suel e Ron­nie Lessa e have­ria ain­da out­ros qua­tro envolvi­dos. Entre eles, está Maxwell Simões Cor­reia Júnior, fil­ho do ex-bombeiro. Tam­bém são denun­ci­a­dos San­dro dos San­tos e Wel­ing­ton de Oliveira Rodrigues, con­heci­do como Man­guaça. O últi­mo envolvi­do seria Jorge Vicente da Sil­va Neto, já fale­ci­do.

A mul­her de Suel, Aline Siqueira, não foi apon­ta­da como par­tic­i­pante do negó­cio, mas foi denun­ci­a­da por lavagem de din­heiro. Foi colo­ca­do em seu nome um veícu­lo Land Rover que teria sido com­pra­do com recur­sos prove­nientes da explo­ração do “gatonet”, no val­or de R$ 213 mil.

O TJRJ aceitou a denún­cia e aten­deu o pedi­do do MPRJ para dec­re­tação da prisão pre­ven­ti­va dos par­tic­i­pantes do esque­ma. Suel foi pre­so na sem­ana pas­sa­da, e Man­guaça, em oper­ação real­iza­da jun­to com a Polí­cia Fed­er­al na man­hã des­ta sex­ta-feira. Maxwell Simões Cor­reia Júnior e San­dro dos San­tos não foram encon­tra­dos e são con­sid­er­a­dos for­agi­dos. Ron­nie Lessa já se encon­tra­va deti­do.

O sig­i­lo da denún­cia foi der­ruba­do a pedi­do do próprio MPRJ, após a oper­ação real­iza­da na man­hã des­ta sex­ta-feira. Além da prisão de Man­guaça, foram cumpri­dos man­da­dos de bus­ca e apreen­são em endereços lig­a­dos a Suel. Um dos alvos foi um galpão no Bair­ro Lins de Vas­con­ce­los, na zona norte da cap­i­tal flu­mi­nense, onde fun­cionar­i­am ativi­dades rela­cionadas com o serviço clan­des­ti­no de “gatonet”.

O Land Rover que se encon­tra em nome de Aline foi apreen­di­do na oper­ação. Movi­men­tações da mul­her de Suel tam­bém têm sido anal­isadas nas inves­ti­gações envol­ven­do o assas­si­na­to de Marielle e Ander­son. Gravações em posse do MPRJ mostram que ela se dirigiu à casa de Ron­nie Lessa seis dias após o crime e falou com o fil­ho do ex-poli­cial mil­i­tar através do inter­fone do con­domínio.

“Eu que­ria con­ver­sar com a sua mãe. Que­ria pedir uma aju­da para ela. É um momen­to de deses­pero meu, por isso estou te pedin­do se eu pode­ria falar com ela. Não fala pro seu pai que eu estou aqui não. Só fala pra sua mãe. Você pode ano­tar o número do meu tele­fone?”, pede ela.

Marielle

De acor­do com a delação de Élcio Queiroz, Suel chegou a realizar cam­panas para con­hecer a roti­na de Marielle. Ini­cial­mente seria ele o motorista. O ex-bombeiro teria inclu­sive con­duzi­do o veícu­lo em uma ten­ta­ti­va fra­cas­sa­da de con­sumar o crime.

“Essa mul­her estaria em um táxi e tin­ha uma opor­tu­nidade. Só que na hora que o Ron­nie man­dou empar­el­har, o car­ro deu um prob­le­ma. O Ron­nie desabafou comi­go, dizen­do que não acred­i­ta­va que teve prob­le­ma, que foi medo, refu­gou. O Maxwell refu­gou no momen­to. A função dele era diri­gir, do Ron­nie seria o ati­rador”, disse.

De acor­do com Élcio Queiroz, havia ain­da uma ter­ceira pes­soa nes­sa ten­ta­ti­va fra­cas­sa­da: o sar­gen­to da Polí­cia Mil­i­tar Edim­il­son Oliveira da Sil­va, con­heci­do como Macalé. Ele foi exe­cu­ta­do em 2021. O dela­tor, que afir­ma descon­hecer o man­dante do assas­si­na­to de Marielle, diz que Macalé era o inter­me­di­ador do crime.

Na delação, Élcio Queiroz tam­bém detal­ha o envolvi­men­to de Suel nos dias pos­te­ri­ores ao crime. Em sua ver­são, ele ficou incumbido de levar o Cobalt pra­ta para um des­man­che.

Em 2021, Suel já havia sido con­de­na­do a qua­tro anos de prisão por atra­pal­har as inves­ti­gações sobre os assas­si­natos de Marielle e Ander­son. Ele foi acu­sa­do de aju­dar Ron­nie Lessa a escon­der suas armas. No entan­to, vin­ha cumprindo a pena em regime aber­to. Após ser pre­so na sem­ana pas­sa­da, o TJRJ deter­mi­nou sua trans­fer­ên­cia para um presí­dio fed­er­al de segu­rança máx­i­ma fora do esta­do do Rio.

Ron­nie Lessa e Élcio Queiroz estão pre­sos em regime fecha­do. Eles serão lev­a­dos a júri pop­u­lar. Os bene­fí­cios do acor­do de delação pre­mi­a­da de Élcio Queiroz são man­ti­dos em sig­i­lo. O MPRJ chegou a divul­gar uma nota afir­man­do que não está pre­vista nen­hu­ma redução de pena. As infor­mações prestadas pelo ex-poli­cial mil­i­tar estão sendo uti­lizadas em novas inves­ti­gações voltadas para rev­e­lar o man­dante do crime.

Edição: Juliana Andrade

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