...
domingo ,26 janeiro 2025
Home / Entretenimento / Causas internacionais dão o tom do carnaval do Pacotão em Brasília

Causas internacionais dão o tom do carnaval do Pacotão em Brasília

Repro­dução: © Fabio Rodrigues-Pozze­bom/ Agên­cia Brasil

Bloco ganhou destaque nacional pelas críticas à política


Pub­li­ca­do em 13/02/2024 — 20:39 Por Pedro Peduzzi — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

ouvir:

O Pacotão, um dos blo­cos de car­naval de rua mais tradi­cionais de Brasília, famoso pelo bom humor e críti­cas à políti­ca nacional, ampliou hor­i­zontes e, na edição de 2024, deu destaque espe­cial a gru­pos de foliões que tin­ham uma “causa inter­na­cional” para chamar de sua.

A lin­ha de frente ofi­cial do blo­co ficou a car­go do Comitê de Sol­i­dariedade ao Povo Palesti­no do Dis­tri­to Fed­er­al. A difí­cil situ­ação de out­ros povos, como os de Burk­i­na Faso e da Repúbli­ca Árabe Saha­raui Democráti­ca – mais con­heci­da como Saara Oci­den­tal – tam­bém inte­graram esse leque de denún­cias con­tra gov­er­nos e gov­er­nantes que, segun­do os foliões, não respeitam a dig­nidade humana.

A fama de blo­co poli­ti­za­do atraiu o car­i­o­ca André Constantino,48 anos, a pon­to de ele deixar para trás o car­naval do Rio de Janeiro para vir con­hecer de per­to “o tal Pacotão”. “Fugi do Rio porque nes­sa época ele fica muito cheio. Pre­firo car­navais assim, como o daqui. É mais tran­qui­lo”, disse.

Brasília, DF 13/02/2024 O bloco Pacotão, que existe desde 1978, saiu da 302 norte com destino a Asa Sul. Pedro Batista e André Constantino participam de manifestação pró-Palestina Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Repro­dução: Brasília — Pacotão trouxe causas inter­na­cionais no des­file de 2024. Pedro Batista e André Con­stan­ti­no par­tic­i­pam de man­i­fes­tação pró-Palesti­na. Foto: Fabio Rodrigues-Pozze­bom/ Agên­cia Brasil

Burkina Faso

Con­stan­ti­no mora na Mor­ro da Babilô­nia e inte­gra o Movi­men­to Nacional das Fave­las e Per­ife­rias. O car­i­o­ca ves­tia uma camisa com a imagem de Thomas Sankara, ex-pres­i­dente de Burk­i­na Faso, país local­iza­do na África Oci­den­tal. “Ele foi um rev­olu­cionário democráti­co e pop­u­lar. Infe­liz­mente sofreu um golpe de Esta­do finan­cia­do pelo gov­er­no francês”, expli­cou.

A escol­ha da ves­ti­men­ta foi moti­va­da pelo ambi­ente de “diál­o­go com as mas­sas” que é per­mi­ti­do durante o car­naval. “Quero ago­ra me jun­tar com a Ala da Causa Palesti­na”, acres­cen­tou ao se referir ao grupo que já esta­va se posi­cio­nan­do para dar iní­cio ao históri­co per­cur­so do blo­co, na con­tramão da W3 – uma das vias da cap­i­tal fed­er­al.

Palestina

A Ala da Causa Palesti­na cita­da por ele tin­ha, entre seus orga­ni­zadores, o jor­nal­ista Pedro Batista, 60 anos, inte­grante do Comitê de Sol­i­dariedade ao Povo da Palesti­na. “Esta­mos aqui para mostrar o sofri­men­to, o genocí­dio e o exter­mínio que está sendo colo­ca­do em práti­ca con­tra os moradores de Gaza”, disse.

“E, a exem­p­lo da arte, o car­naval é tam­bém espaço de denún­cia. Caso con­trário, nada mais é do que uma pas­teur­iza­ção da indús­tria cul­tur­al para deixar as pes­soas alien­adas. Arte e car­naval, quan­do não inco­mo­da, é ape­nas enfeite. Seja no car­naval, seja na músi­ca, no cin­e­ma ou na poe­sia, arte existe para defend­er a vida e a dig­nidade humana”, acres­cen­tou.

Alguns foliões estavam com camise­tas em refer­ên­cia ao Hamas, como o servi­dor públi­co Ieri Júnior, 34 anos, que, em entre­vista à Agên­cia Brasil, defend­eu que o grupo age con­tra alvos mil­itares, em “resistên­cia pela lib­er­tação da Palesti­na, em defe­sa dos oprim­i­dos pelo impe­ri­al­is­mo de Israel”

Saara Ocidental

Por­tan­do uma ban­deira bas­tante pare­ci­da com a da Palesti­na, um out­ro grupo aproveitou a aglom­er­ação do blo­co para falar sobre a ocu­pação de dois terços do ter­ritório de um país pouco con­heci­do pelos brasileiros: o Saara Oci­den­tal (Repúbli­ca Árabe Saha­raui Democráti­ca).

“Esta é uma causa que defend­emos des­de 1975”, disse o psicól­o­go Ton­in­ho Andrade, 70 anos “O Saara Oci­den­tal foi uma colô­nia espan­ho­la. Após se lib­er­tar da Espan­ha, foi inva­di­do e ocu­pa­do por Mar­ro­cos e, des­de então, bus­ca sua inde­pendên­cia”, acres­cen­tou, referindo-se ao úni­co país árabe que tem como idioma ofi­cial o espan­hol.

Brasília, DF 13/02/2024 O bloco Pacotão, que existe desde 1978, saiu da 302 norte com destino a Asa Sul. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Repro­dução: Brasília — Pacotão reuniu foliões pelo cen­tro da cap­i­tal fed­er­al. Foto: Fabio Rodrigues-Pozze­bom/ Agên­cia Brasil

Os defen­sores da causa levaram, ao Pacotão, o rep­re­sen­tante da Frente Polisário, que lid­era o povo saa­raui, no Brasil, Ahamed Mulay Ali Hama­di. Segun­do ele, 84 país­es já recon­hecem o Saara Oci­den­tal. “Infe­liz­mente, o Brasil ain­da não nos recon­hece. Estou aqui ten­tan­do faz­er com que as pes­soas con­heçam a nos­sa história”, disse à Agên­cia Brasil o rep­re­sen­tante, que acres­cen­tou estar em nego­ci­ação para ten­tar o recon­hec­i­men­to do país pelo gov­er­no brasileiro.

A região do Saara Oci­den­tal, na África, está em dis­pu­ta há mais de 40 anos pelo povo saa­raui e pelo Mar­ro­cos. Na Améri­ca do Sul, o Brasil, a Argenti­na e o Chile são os úni­cos país­es que ain­da não recon­hecem sua sobera­nia.

Temática nacional

No final do blo­co, esta­va o grupo de fan­far­ra Mural­ha Antifascista, com repertórios que iam des­de Pink Floyd (com a músi­ca Anoth­er Brick in the Wall, uma críti­ca ao sis­tema edu­ca­cional britâni­co) até Raul Seixas (com a músi­ca Sociedade Alter­na­ti­va, que propõe rompi­men­to con­tra padrões tradi­cionais).

“Nasce­mos como um movi­men­to críti­co ao gov­er­no Bol­sonaro, mas avançamos tam­bém para out­ras causas, como a fem­i­nista”, apre­sen­tou-se o inte­grante do grupo, Eudal­do Sobrin­ho, 38 anos.

A temáti­ca nacional esta­va pre­sente tam­bém na camisa do engen­heiro agrônomo João Neto, 75 anos, que estam­pa­va o ros­to do min­istro Alexan­dre de Moraes, do STF, no cor­po de um dos guer­reiros espar­tanos do filme 300. “Xandão mere­ceu a hom­e­nagem porque con­seguiu segu­rar as rédeas jurídi­cas na defe­sa da democ­ra­cia”.

Edição: Car­oli­na Pimentel

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Museu do Ipiranga celebra aniversário de SP com atividades gratuitas

Programação prevê atividades infantis e para adolescentes Cami­la Boehm — Repórter da Agên­cia Brasil Pub­li­ca­do …