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Celular em sala desafia dia a dia de professores, dizem pesquisadores

Nesta terça-feira comemora-se o Dia do Professor

Luiz Clau­dio Fer­reira – Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 15/10/2024 — 08:06
Brasília
 Uso contínuo de celular com a cabeça inclinada para baixo pode gerar problemas na cervical.
Repro­dução: © Rove­na Rosa/Agência Brasil

“Alguém ficou com algu­ma dúvi­da?”, “Gostaria de acres­cen­tar algo?”, “Querem que eu retome algu­ma ideia?”. O silên­cio que atrav­es­sa a sala de aula, durante e depois dessas per­gun­tas comuns, cos­tu­ma fun­cionar como um ban­ho de água fria para o pro­fes­sor.

Ao virar da lousa em direção aos alunos, para enten­der o silên­cio daque­le momen­to, o pro­fes­sor desco­bre que os alunos já largaram os cader­nos e estão com os celu­lares nas mãos, já em out­ro mun­do.

Neste Dia dos Pro­fes­sores (15), é pos­sív­el que muitos profis­sion­ais quisessem de pre­sente uma recei­ta para resolver essa questão e ter uma roti­na e inter­ação mais saudáv­el com os alunos.

Pesquisadores em edu­cação con­sid­er­am que o uso de celu­lares em sala é, de fato, um dos maiores desafios para mel­ho­rar as aulas. E fazem um aler­ta: é pre­ciso haver condições e ofer­e­cer capac­i­tação aos docentes para isso.

Para o pro­fes­sor Gilber­to Lac­er­da dos San­tos, do Depar­ta­men­to de Edu­cação da Uni­ver­si­dade de Brasília (UnB), essa ativi­dade profis­sion­al atua entre dois rit­mos: olhar para trás e garan­tir os saberes acu­mu­la­dos, mas com a neces­si­dade tam­bém de olhar para frente, e inte­grar as tec­nolo­gias recentes de for­ma sedu­to­ra.

Formação

Lac­er­da dos San­tos entende que a chave para essa questão pode estar na for­mação ini­cial e edu­cação con­tin­u­a­da que deve ser ofer­e­ci­da aos pro­fes­sores diante de tan­tos desafios.

Por isso, ele defende políti­cas públi­cas que garan­tam essa for­mação e apoio: “a sala de aula não pode estar desconec­ta­da dos nos­sos dias. Os pro­fes­sores pre­cisam ser val­oriza­dos. Eles rep­re­sen­tam o cartão de vis­i­tas de uma insti­tu­ição de ensi­no. São os profis­sion­ais que vão for­mar os cidadãos”.

O pro­fes­sor da UnB é pesquisador vis­i­tante em Paris, no Museu de História Nat­ur­al da França, onde estu­da o desen­volvi­men­to de tec­nolo­gias educa­ti­vas para edu­cação dos pro­fes­sores. Ele teste­munha que os desafios no Brasil são semel­hantes aos da Europa em relação ao uso de tec­nolo­gias em sala de aula. “Aqui se con­sid­era a docên­cia uma car­reira de Esta­do, como a dos mil­itares, diplo­matas e fun­cionários públi­cos”.

Epidemia

Para o pesquisador Fábio Cam­pos, do Lab­o­ratório de Apren­diza­gens Trans­for­mado­ras com Tec­nolo­gia, da Uni­ver­si­dade de Colum­bia (EUA), a pre­sença do celu­lar em sala de aula é desafi­ado­ra.

“Temos fal­a­do muito do tele­fone por con­ta dessa epi­demia do celu­lar na sala de aula. Não bas­ta só uma lei proibindo os celu­lares. A gente pre­cisa dar um norte para como se usa isso de uma for­ma um pouco mais vir­tu­osa na sala de aula.”

Ele lamen­ta que seja necessário uma lei de proibição. O pesquisador iden­ti­fi­ca um movi­men­to mundi­al recomen­dan­do o não uso do apar­el­ho em vista tam­bém dos prob­le­mas cres­centes de saúde men­tal, como ansiedade e depressão. “Por mais que eu ache que é um fra­cas­so social, a gente tem que proibir”.

Fábio Cam­pos defende que o assun­to pre­cisa ser mais dis­cu­ti­do e aper­feiçoa­do. “A gente pas­sou por uma pan­demia em que todo mun­do teve que recor­rer às tec­nolo­gias dig­i­tais para ter algum tipo de exper­iên­cia de apren­diza­gem. E mes­mo depois dis­so tudo, o Brasil não investe em ter uma políti­ca nacional de uso da tec­nolo­gia na edu­cação. É triste”.

Riscos

Em agos­to deste ano, a últi­ma pesquisa TIC Edu­cação, do Comitê Gestor da Inter­net no Brasil (CGI.br), mostrou que seis em cada dez esco­las de ensi­no fun­da­men­tal e médio ado­tam regras para uso do tele­fone celu­lar pelos alunos, per­mitin­do que o apar­el­ho seja usa­do ape­nas em deter­mi­na­dos espaços e horários. Em 28% das insti­tu­ições edu­ca­cionais, o uso do dis­pos­i­ti­vo pelos estu­dantes é proibido.

Em 2023, a Unesco divul­gou o Relatório de Mon­i­tora­men­to Glob­al da Edu­cação que dis­cu­tiu o papel das tec­nolo­gias e os male­fí­cios de exposições pro­lon­gadas a telas.

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