...
sexta-feira ,29 março 2024
Home / Cultura / Centenário é importante para revisar mito da Semana de Arte Moderna

Centenário é importante para revisar mito da Semana de Arte Moderna

Repro­du­ção: © Rove­na Rosa/Agência Bra­sil

Especialistas dizem que a ideia de marco foi uma construção histórica


Publi­ca­do em 14/02/2022 — 06:32 Por Elai­ne Patri­cia Cruz* – Repór­ter da Agên­cia Bra­sil — São Pau­lo

Apon­ta­da como mar­co zero do moder­nis­mo no Bra­sil, a Sema­na de Arte Moder­na come­mo­ra seu cen­te­ná­rio este mês. Cele­bra­da atu­al­men­te em expo­si­ções, livros, semi­ná­ri­os, even­tos e repor­ta­gens, a efe­mé­ri­de é tam­bém uma opor­tu­ni­da­de para se redis­cu­tir a impor­tân­cia his­tó­ri­ca do even­to – rea­li­za­do no The­a­tro Muni­ci­pal de São Pau­lo, entre os dias 13 e 17 de feve­rei­ro de 1922, por artis­tas e inte­lec­tu­ais da eli­te pau­lis­ta­na que defen­di­am estar rom­pen­do com o con­ser­va­do­ris­mo das artes no Bra­sil.

“Nes­se momen­to, em que a gen­te está, em 2022, o que está sen­do mais baca­na de olhar para a sema­na de 22 é jus­ta­men­te ques­ti­o­nar o seu mito”, afir­ma Heloi­sa Espa­da, cura­do­ra do Ins­ti­tu­to Morei­ra Sal­les.

“É cla­ro que foi um even­to impor­tan­te em São Pau­lo. Reu­niu ali alguns artis­tas e lite­ra­tos de vári­as áre­as e que se tor­na­ram mui­to impor­tan­tes para a his­tó­ria do moder­nis­mo, como Oswald de Andra­de, Mário de Andra­de, Ani­ta Mal­fat­ti e Vic­tor Bre­che­ret. Tem nomes que são mui­to impor­tan­tes para a nos­sa com­pre­en­são da arte moder­na no Bra­sil. Mas hoje esta­mos em um momen­to de rever isso, de olhar para os outros esta­dos, enten­der a tem­po­ra­li­da­de dos outros esta­dos, o que esta­va acon­te­cen­do nos outros luga­res e ten­tar ampli­ar a com­pre­en­são des­ta pro­du­ção para além do Sudes­te”, refor­ça Heloi­sa.

A Casa Mário de Andrade, onde viveu um dos principais escritores e intelectuais do Modernismo, integra a Rede de Museus-Casas Literários de São Paulo.
Repro­du­ção: A Casa Mário de Andra­de, onde viveu um dos prin­ci­pais escri­to­res e inte­lec­tu­ais do Moder­nis­mo, inte­gra a Rede de Museus-Casas Lite­rá­ri­os de São Pau­lo. — Rove­na Rosa/Agência Bra­sil
A ideia de que a sema­na foi um mar­co do moder­nis­mo bra­si­lei­ro, na rea­li­da­de, foi uma cons­tru­ção his­tó­ri­ca, que só veio a sur­gir déca­das depois, defen­dem his­to­ri­a­do­res e espe­ci­a­lis­tas.

“Acho que o que mar­ca essa come­mo­ra­ção de 100 anos é enten­der como a Sema­na de Arte Moder­na se tor­nou um mar­co. Isso é uma cons­tru­ção his­tó­ri­ca. Mas eles fize­ram de tudo para que real­men­te ela fos­se polê­mi­ca e para se ali­nhar à ideia de van­guar­da que esta­va sen­do dis­cu­ti­da e da qual eles tinham notí­ci­as que vinham de outros paí­ses, prin­ci­pal­men­te do Hemis­fé­rio Nor­te”, dis­se Heloi­sa.

Um dos pon­tos que pas­sa por revi­são his­tó­ri­ca é o regi­o­na­lis­mo da ini­ci­a­ti­va, afi­nal a sema­na não foi com­pos­ta ape­nas por artis­tas e inte­lec­tu­ais pau­lis­tas. “Há pes­so­as de Per­nam­bu­co; ale­mães, como o [Wilhelm] Haar­berg, por exem­plo, que esta­va recém-emi­gra­do e par­ti­ci­pa. Temos o arqui­te­to polo­nês [Georg] Przy­rem­bel; o espa­nhol Anto­nio Gar­cia Moya, que fez dese­nhos de arqui­te­tu­ra e par­ti­ci­pou da sema­na. Temos minei­ros”, des­ta­cou Luiz Arman­do Bago­lin, pro­fes­sor do Ins­ti­tu­to de Estu­dos Bra­si­lei­ros (IEB) da Uni­ver­si­da­de de São Pau­lo (USP).

Além dis­so, hou­ve ini­ci­a­ti­vas moder­nas em outras par­tes do país, como as revis­tas ilus­tra­das do Rio Gran­de do Sul; o tra­ba­lho do pin­tor Vicen­te do Rego Mon­tei­ro, em Per­nam­bu­co; e o sam­ba, no Rio de Janei­ro.

“Tem uma coi­sa impor­tan­te não só no Rio, mas em vári­os luga­res tam­bém, que é a músi­ca, o sur­gi­men­to do sam­ba nes­se momen­to, que é mui­to pró­prio do Bra­sil. Olhar as mani­fes­ta­ções cul­tu­rais bra­si­lei­ras e ten­tar enten­der o que é pró­prio da nos­sa cul­tu­ra, de cada lugar, de cada esta­do e enten­der o quan­to aqui­lo desa­fi­a­va, o quan­to o sam­ba desa­fi­a­va con­ven­ções, acho que esse é um jei­to de olhar e de pen­sar o moder­nis­mo”, dis­se.

Controvérsias

A Casa Mário de Andrade, onde viveu um dos principais escritores e intelectuais do Modernismo, integra a Rede de Museus-Casas Literários de São Paulo.
Repro­du­ção: A Casa Mário de Andra­de, onde viveu um dos prin­ci­pais escri­to­res e inte­lec­tu­ais do Moder­nis­mo, inte­gra a Rede de Museus-Casas Lite­rá­ri­os de São Pau­lo. — Rove­na Rosa/Agência Bra­sil

O moder­nis­mo bra­si­lei­ro tam­bém viveu suas ambi­gui­da­des e con­tro­vér­si­as. A come­çar pelo fato de que o movi­men­to, cuja efer­ves­cên­cia ocor­reu nas cida­des, foi ban­ca­do pela eli­te cafe­ei­ra, que vivia no inte­ri­or, em fazen­das. “É a rique­za do cam­po que paga essa ideia da arte moder­na”, expli­cou Heloi­sa.

“A ideia de moder­ni­da­de era um pei­xe que o regi­me repu­bli­ca­no que­ria ven­der. Essa ideia de moder­ni­da­de, de abrir gran­des ave­ni­das e cri­ar cida­des mais moder­nas e que fos­sem mais salu­bres, des­truiu um pas­sa­do impe­ri­al e colo­ni­al ou colo­cou de lado todo um pas­sa­do que era con­ve­ni­en­te poli­ti­ca­men­te esque­cer naque­le momen­to”, des­ta­cou Heloi­sa.

“Para algu­mas pes­so­as, a moder­ni­da­de seria um pro­je­to de bran­que­a­men­to do país no iní­cio do sécu­lo. Moder­ni­da­de tam­bém é isso, tam­bém tem um lado nefas­to. Há quem diga que é mais nefas­to que moder­no.”

A espe­ci­a­lis­ta ques­ti­o­na o moti­vo de nomes como o do escri­tor e polí­ti­co Plí­nio Sal­ga­do, que fez par­te da sema­na, terem sido “apa­ga­dos” pela his­tó­ria. “Temos ali a par­ti­ci­pa­ção do Menot­ti del Pic­chia [escri­tor] e do Plí­nio Sal­ga­do, figu­ras que depois se tor­na­ram con­tro­ver­sas poli­ti­ca­men­te, liga­das ao movi­men­to do ver­de-ama­re­lis­mo [que se opu­nha ao movi­men­to pau-bra­sil de Oswald de Andra­de e pre­ga­va um ufa­nis­mo exa­cer­ba­do]. Depois o Plí­nio Sal­ga­do é expo­en­te do Inte­gra­lis­mo [que tinha gran­de afi­ni­da­de com o fas­cis­mo ita­li­a­no]”, dis­se Heloi­sa.

Nes­sa aná­li­se polí­ti­ca, tam­bém é impor­tan­te enten­der como o movi­men­to moder­nis­ta foi uti­li­za­do pelo Esta­do Novo, de Getu­lio Var­gas. “O Gus­ta­vo Capa­ne­ma [minis­tro for­te do gover­no Getú­lio Var­gas] era o homem, diga­mos, por detrás des­sa estra­té­gia de assu­mir o moder­nis­mo como uma poli­ti­ca cul­tu­ral esta­tal”, dis­se Bago­lin, expli­can­do que a bus­ca por uma arte bra­si­lei­ra, com iden­ti­da­de naci­o­nal, “ser­viu como uma luva para o pro­je­to do Esta­do Novo”.

“O Esta­do Novo bus­ca­va demons­trar que o povo bra­si­lei­ro, ape­sar de ser com­pos­to por uma mis­ci­ge­na­ção de etni­as e cul­tu­ras, ele deve­ria se apre­sen­tar como um povo, no sin­gu­lar; como uma cul­tu­ra, no sin­gu­lar; uma arte bra­si­lei­ra, no sin­gu­lar. Até hoje fala­mos isso. Não fala­mos ‘as artes bra­si­lei­ras’, que seria o mais cor­re­to por­que são dife­ren­tes e somos dife­ren­tes”, dis­se o pro­fes­sor da USP.

Quan­do a ideia do moder­nis­mo sur­ge em ter­ri­tó­rio bra­si­lei­ro, há a uto­pia, por par­te dos artis­tas, de que essa arte naci­o­nal seria uti­li­za­da para modi­fi­car o país. Mas quan­do essa ideia pas­sa a ser apro­pri­a­da pelo Esta­do, Mário de Andra­de se desen­can­ta com o movi­men­to.

“Para o Mário de Andra­de e para outros, quan­do o Moder­nis­mo é coop­ta­do, se trans­for­ma no esta­blish­ment ou na arte esta­tal, na arte defen­di­da pelo Esta­do — e por um Esta­do ain­da mui­to con­ser­va­dor — o moder­nis­mo mor­re. Todas aque­las ini­ci­a­ti­vas, todas as suas expe­ri­ên­ci­as, tudo o que eles fize­ram, foi em vão”, des­ta­cou o pro­fes­sor do IEB.

Problematização

Exposição Era Uma Vez o Moderno [1910-1944], com curadoria do pesquisador Luiz Armando Bagolin e do historiador Fabrício Reiner, no Centro Cultural Fiesp, Avenida Paulista.
Repro­du­ção: Expo­si­ção Era Uma Vez o Moder­no [1910–1944], com cura­do­ria do pes­qui­sa­dor Luiz Arman­do Bago­lin e do his­to­ri­a­dor Fabrí­cio Rei­ner, no Cen­tro Cul­tu­ral Fiesp, Ave­ni­da Pau­lis­ta. — Rove­na Rosa/Agência Bra­sil

O prin­ci­pal obje­ti­vo da Sema­na de Arte Moder­na de 1922 foi repen­sar de manei­ra crí­ti­ca o tra­di­ci­o­na­lis­mo cul­tu­ral, mui­to asso­ci­a­do às cor­ren­tes lite­rá­ri­as e artís­ti­cas euro­pei­as, ao par­na­si­a­nis­mo e ao aca­de­mi­cis­mo for­mal.

Esse movi­men­to foi lide­ra­do e pro­ta­go­ni­za­do pela eli­te pau­lis­ta­na, ban­ca­do pela cafei­cul­tu­ra e ocor­ri­do ape­nas 34 anos após a abo­li­ção da escra­va­tu­ra.

Temas como o colo­ni­a­lis­mo, a escra­vi­dão, a opres­são indí­ge­na e a vio­lên­cia não entra­ram na agen­da dos moder­nis­tas bra­si­lei­ros e essa é uma das prin­ci­pais pro­ble­ma­ti­za­ções acer­ca da Sema­na, sob o pon­to de vis­ta crí­ti­co do sécu­lo 21.

“O Bra­sil  tinha aca­ba­do de sair da escra­vi­dão. O Bra­sil tinha aca­ba­do de sair da monar­quia e era uma jovem repú­bli­ca. E em 1922, o gran­de acon­te­ci­men­to daque­le ano não foi a sema­na de arte moder­na. Foi a come­mo­ra­ção do pri­mei­ro cen­te­ná­rio da nos­sa inde­pen­dên­cia”, dis­se Bago­lin.

“Dizer que o negro e o indí­ge­na não esta­vam repre­sen­ta­dos na sema­na é um ana­cro­nis­mo. A par­ti­ci­pa­ção de indí­ge­nas ou de afro­des­cen­den­tes, o lugar de fala das pes­so­as, as suas expres­sões pró­pri­as, essas ques­tões são deman­das da nos­sa épo­ca. Elas são jus­tas e devem ser defen­di­das, deve­mos bri­gar por elas. Mas não eram ques­tões que se apre­sen­ta­vam nos anos 20 do sécu­lo pas­sa­do”, expli­cou o pro­fes­sor do IEB, que tam­bém é cura­dor da expo­si­ção Era Uma Vez o Moder­no, que está em car­taz no Cen­tro Cul­tu­ral da Fede­ra­ção das Indús­tri­as do Esta­do de São Pau­lo (Fiesp).

Exposição Era Uma Vez o Moderno [1910-1944], com curadoria do pesquisador Luiz Armando Bagolin e do historiador Fabrício Reiner, no Centro Cultural Fiesp, Avenida Paulista.
Repro­du­ção: Expo­si­ção Era Uma Vez o Moder­no [1910–1944], com cura­do­ria do pes­qui­sa­dor Luiz Arman­do Bago­lin e do his­to­ri­a­dor Fabrí­cio Rei­ner, no Cen­tro Cul­tu­ral Fiesp, Ave­ni­da Pau­lis­ta. — Rove­na Rosa/Agência Bra­sil

O que os moder­nis­tas fize­ram naque­la épo­ca foi a apro­pri­a­ção de outras artes, como a indí­ge­na, com as quais tive­ram con­ta­to por meio de via­gens e expe­di­ções que fize­ram pelo inte­ri­or do Bra­sil.

“Numa pers­pec­ti­va hoje de deco­lo­ni­a­li­da­de, essas ini­ci­a­ti­vas são vis­tas com reser­va. Às vezes, mais do que vis­tas com reser­va, elas são cri­ti­ca­das, cen­su­ra­das, por­que, de novo, é o bran­co euro­peu, explo­ra­dor, que vem e se apro­pria de par­te de uma cul­tu­ra que não é dele. Depois a expõe, ven­de, revo­lu­ci­o­na o cam­po da arte e da cul­tu­ra moder­na com uma coi­sa que foi apro­pri­a­da de um povo, de um outro povo, que está sen­do esque­ci­do, vili­pen­di­a­do, rou­ba­do, tru­ci­da­do. Então, numa pers­pec­ti­va de deco­lo­ni­a­li­da­de, acho que é mui­to per­ti­nen­te essa crí­ti­ca”, dis­se Bago­lin.

Atu­al­men­te, inte­lec­tu­ais e artis­tas indí­ge­nas têm se pro­nun­ci­a­do sobre o moder­nis­mo, olhan­do para essa tra­di­ção. “Antes tínha­mos esses inte­lec­tu­ais, cri­a­dos e for­ma­dos nos cen­tros urba­nos, olhan­do para outras cul­tu­ras bra­si­lei­ras e para as cul­tu­rais ori­gi­nais. Hoje temos a pos­si­bi­li­da­de de ouvir indí­ge­nas revi­san­do Macu­naí­ma [livro escri­to por Mário de Andra­de] e se posi­ci­o­nan­do sobre isso. Isso tam­bém é coi­sa do nos­so tem­po e acho que pre­ci­sa­mos, nes­se momen­to, ouvir mui­to. É a hora que temos para apren­der mui­to sobre esse pon­to de vis­ta, que até ago­ra não este­ve no cen­tro dos deba­tes”, des­ta­cou Heloi­sa.

Modernismo além de 22

Cem anos depois, espe­ci­a­lis­tas como Heloi­sa defen­dem a impor­tân­cia da Sema­na de Arte Moder­na, mas tam­bém enfa­ti­zam que o movi­men­to e a cons­tru­ção do moder­nis­mo no Bra­sil con­ta­ram com outros ele­men­tos.

“O gran­de apren­di­za­do é esse: a gen­te ten­tar enten­der a potên­cia e os limi­tes do que foi a Sema­na de 22 por­que acho que o que não dá mais hoje é, nas esco­las, con­ti­nu­ar falan­do da arte moder­na e só da Sema­na de 22. Por­que mui­ta coi­sa acon­te­ceu, mui­ta coi­sa além. As expe­ri­ên­ci­as do moder­nis­mo no Bra­sil vão mui­to além da Sema­na de 22”, fri­sou Heloi­sa.

Na ava­li­a­ção de Luiz Arman­do Bago­lin, ser mode­no hoje impli­ca apren­der com as diver­si­da­des bra­si­lei­ras. “Eu acho que ser moder­no hoje é enca­rar as dife­ren­ças. Nós somos dife­ren­tes. O Bra­sil é mui­to vas­to, tem coi­sas que os bra­si­lei­ros não conhe­cem. Não somos iguais e nós temos que nos enten­der nas dife­ren­ças. A gen­te não pode resol­ver essa his­tó­ria, for­mu­lan­do, a títu­lo de um pro­je­to polí­ti­co ou ide­o­ló­gi­co, um Bra­sil no sin­gu­lar, um bra­si­lei­ro no sin­gu­lar, todo mun­do com a mes­ma nação”, des­ta­cou.

“Ser moder­no hoje impli­ca fazer a revi­são de toda a nors­sa his­tó­ria e de toda a nos­sa cul­tu­ra numa pers­pec­ti­va deco­lo­ni­al, de deco­lo­ni­a­li­da­de. Isso é um dado recen­te. Aliás, é um con­cei­to soci­o­ló­gi­co que data do final dos anos 90. Então é impor­tan­te não per­der esse ins­tru­men­to soci­o­ló­gi­co por­que ele nos for­mu­la mui­tos desa­fi­os”, acres­cen­tou.

Con­fi­ra todas as maté­ri­as da série que a Agên­cia Bra­sil tem publi­ca­do sobre o cen­te­ná­rio da Sema­na de Arte Moder­na.

 

*Cola­bo­rou Eli­a­ne Gon­çal­ves, repór­ter da Rádio Naci­o­nal

Edi­ção: Líli­an Beral­do

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Mega-Sena acumula e prêmio vai agora a R$ 120 milhões

Repro­du­ção: © Rafa Neddermeyer/Agência Bra­sil Veja os números sorteados: 03 – 07 – 10 – …