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Cerimônia no Senado homenageia o Dia da Lembrança do Holocausto

Repro­dução: © Edil­son Rodrigues/Agência Sena­do

Sessão é marcada por críticas a Youtuber que defendeu partido nazista


Pub­li­ca­do em 10/02/2022 — 12:04 Por Karine Melo – Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

O Sena­do Fed­er­al real­i­zou hoje (10) uma sessão solene vir­tu­al para hom­e­nagem ao Yom HaShoá, Dia da Lem­brança do Holo­caus­to. O even­to foi mar­ca­do por duras críti­cas ao youtu­ber Bruno Mon­teiro Aiub, apre­sen­ta­dor do Flow Pod­cast, que defend­eu, nes­ta sem­ana, a cri­ação de um par­tido nazista no Brasil.

Con­heci­do como Monark, a man­i­fes­tação foi fei­ta por ele durante um debate sobre regimes rad­i­cais de esquer­da e de dire­i­ta. No mes­mo dia Aiub foi demi­ti­do do pro­gra­ma.

Ao relem­brar que já faz 77 anos, des­de o dia da lib­er­tação do cam­po de exter­mínio de Auschwitz, na Ale­man­ha, o embaix­ador de Israel no Brasil, Daniel Zohar Zon­shine, disse não ter certeza se o peri­go da conexão entre ideias e ações que cul­mi­naram no Holo­caus­to já foi assim­i­la­do .

“O exem­p­lo que tive­mos esta sem­ana no Flow Pod­cast pode pare­cer bobagem, mas ates­ta que a men­sagem não foi bas­tante assim­i­la­da pelas pes­soas e pela sociedade. Nos­sa guer­ra é lev­an­tar nos­sa voz con­tra a legit­i­mação desse tipo de ideia”, disse.

O embaix­ador de Israel, que é judeu e fil­ho de sobre­viventes do Holo­caus­to, acres­cen­tou que con­hece pes­soal­mente os resul­ta­dos “da ide­olo­gia e das ações hor­ríveis exe­cu­tadas pelo regime nazista durante a Segun­da Guer­ra Mundi­al”.

“O silên­cio diante do ódio aos judeus não pode mais ser tol­er­a­do. À medi­da que a últi­ma ger­ação de sobre­viventes do Holo­caus­to atinge a vel­hice, o far­do de lem­brar o pas­sa­do e ensi­nar as ger­ações futuras pas­sa para todos nós”, adver­tiu.

A polêmi­ca envol­ven­do o ex-apre­sen­ta­dor do pod­cast tam­bém foi lem­bra­da pelo pres­i­dente da Con­fed­er­ação Israeli­ta do Brasil, Clau­dio Lot­ten­berg.

“Nós imag­iná­va­mos, talvez, estar­mos viven­do num cenário difer­ente, mas vejam que coin­cidên­cia: jus­ta­mente nes­ta sem­ana, um dos mais impor­tantes pod­casts deste país faz um movi­men­to demon­stran­do que, para alguns, quem sabe, a morte daque­les seis mil­hões de judeus e mais cinquen­ta mil­hões de pes­soas, fru­to de uma atro­ci­dade de um par­tido nazista, não ten­ha sido sufi­ciente para ter­mos apren­di­do algo sig­ni­fica­ti­vo no sen­ti­do do respeito à diver­si­dade, no entendi­men­to da tol­erân­cia”, afir­mou.

Lot­termberg avaliou ain­da que o Brasil é um país priv­i­le­gia­do. “Rece­beu todos, é ver­dade, e a nós, judeus, mas todas as mino­rias, pes­soas que vier­am a este país e que pud­er­am se recon­stru­ir. Aliás, a história do Brasil é a história mais genuí­na daqui­lo que existe no con­tex­to da aceitação da diver­si­dade”, ressaltou.

Tam­bém pre­sente na cer­imô­nia, a rep­re­sen­tante da Orga­ni­za­ção das Nações Unidas para a Edu­cação, a Ciên­cia e a Cul­tura (Unesco) no Brasil , Marlo­va Jovch­e­lovitch Nole­to, desta­cou que a fala de Monark foi além de defend­er a cri­ação de uma par­tido nazista.

“Todos nós assis­ti­mos entre choca­dos e per­plex­os esse Flow Pod­cast, inci­tan­do não ape­nas a ideia de um par­tido nazista mas tam­bém a pos­si­bil­i­dade de se ser anti­judeu. De que maneira ess­es influ­en­ci­adores se sen­tem à von­tade e com liber­dade para pro­por isso? Como é pos­sív­el ser anti­judeu? Como é pos­sív­el ser anti­ne­gro, anti-índio, anti seja lá o que for, se nós temos como pre­mis­sa da vida em sociedade o exer­cí­cio da humanidade e do respeito aos dire­itos humanos?”, indagou.

Para Marlo­va Jovch­e­lovitch é muito impor­tante que situ­ações como essas não sejam banal­izadas e tam­pouco min­i­mizadas. “Min­i­mizan­do situ­ações desse tipo é que situ­ações assim pro­gri­dem, gan­ham escala e se tor­nam ver­dade para muitos”, acres­cen­tou.

A senado­ra Leila Bar­ros (Cidada­nia — DF) lem­brou ain­da a man­i­fes­tação fei­ta pelo dep­uta­do Kim Kataguiri (DEM-SP), que par­ticipou do debate no Pod­cast Flow. “Eu fui uma das que uti­lizaram as redes soci­ais para repu­di­ar e recrim­i­nar as declar­ações de um youtu­ber que defend­eu a existên­cia de um par­tido nazista no Brasil e de um dep­uta­do fed­er­al que sug­eriu a não crim­i­nal­iza­ção de gru­pos que comungam dessa ide­olo­gia”, criti­cou.

Após a reper­cussão da declar­ação, o dep­uta­do Kim Kataguiri pub­li­cou um vídeo, na tarde de ontem (9), pedin­do des­cul­pas pelas falas nas quais defend­eu a descrim­i­nal­iza­ção do nazis­mo. O par­la­men­tar é alvo de pedi­dos de cas­sação de manda­to e é alvo de inves­ti­gação pela Procu­rado­ria Ger­al da Repúbli­ca.

Edição: Denise Griesinger

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