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China não deve fechar acordo com Mercosul, avalia especialista da UERJ

Repro­dução: © Tomaz Silva/Agência Brasil

Professor deu palestra na Bienal da UNE


Pub­li­ca­do em 02/02/2023 — 23:00 Por Vladimir Platonow — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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A pos­sív­el assi­natu­ra de um trata­do bilat­er­al do Uruguai com a Chi­na, o que pode­ria prej­u­dicar o Mer­co­sul, não dev­erá acon­te­cer. A avali­ação é do geó­grafo e pro­fes­sor da Uni­ver­si­dade Estad­ual do Rio de Janeiro (UERJ), Elias Jab­bour. Ele par­ticipou, nes­ta quin­ta-feira (2), de palestra na 13ª Bien­al da União Nacional dos Estu­dantes (UNE), que este ano ocorre no Rio de Janeiro.

“Eu não acred­i­to que a Chi­na vá levar isso a cabo, porque pode prej­u­dicar as relações com o Brasil. Não acho que a Chi­na vai levar isso até o fim”, disse o pro­fes­sor, con­sid­er­a­do um dos maiores espe­cial­is­tas sobre o país asiáti­co, após a palestra dirigi­da a estu­dantes uni­ver­sitários de diver­sos esta­dos brasileiros.

Jab­bour, que se ded­i­ca ao estu­do do país asiáti­co faz 30 anos, apre­sen­tou o seu últi­mo livro, escrito em parce­ria com Alber­to Gabrieli, Chi­na: o Social­is­mo do Sécu­lo XXI. Ele desta­cou as mudanças que o mer­ca­do chinês pas­sou nas últi­mas décadas, se trans­for­man­do de um país agrí­co­la em uma potên­cia tec­nológ­i­ca.

“A Chi­na é só mudança. Tem um cresci­men­to no PIB muito rápi­do, então tudo muda rap­i­da­mente. Nos últi­mos dez anos, tirou do cam­po e colo­cou nas cidades 150 mil­hões de pes­soas. Eles con­seguiram con­stru­ir mar­cos insti­tu­cionais, políti­cos e finan­ceiros que capac­i­taram o país a plane­jar esse tipo de movi­men­to. No Brasil o nos­so proces­so de urban­iza­ção foi muito traumáti­co, com faveliza­ção. Na Chi­na, eles con­seguiram faz­er isso de for­ma ultra­plane­ja­da. Era um país que expor­ta­va quin­quil­harias e hoje dis­pu­ta com os Esta­dos Unidos a fron­teira tec­nológ­i­ca na infraestru­tu­ra dos semi­con­du­tores”, disse.

Segun­do Jab­bour, o suces­so chinês se expli­ca na for­ma como o país se colo­cou no mun­do nas últi­mas décadas. Enquan­to o Brasil foi tra­ga­do pela glob­al­iza­ção, ao abrir subita­mente suas fron­teiras ao cap­i­tal inter­na­cional, a Chi­na aderiu ao proces­so de for­ma ofen­si­va, colo­can­do as suas exigên­cias.

“Tin­ha mão de obra, mais de 1 bil­hão de habi­tantes, um mer­ca­do con­sum­i­dor em poten­cial e usou isso ao seu favor. Para inve­stir na Chi­na, as empre­sas tin­ham que se asso­ciar com uma empre­sa chi­ne­sa, trans­ferir tec­nolo­gia. Eles tra­bal­haram com a ideia de joint ven­tures com o cap­i­tal estrangeiro, com a estraté­gia de bus­car tec­nolo­gia, os mel­hores méto­dos de admin­is­tração. Foi um grande pro­je­to nacional, que teve como um dos pilares a inserção ati­va na glob­al­iza­ção. Ao con­trário do Brasil, que teve uma inserção pas­si­va, sem uma estraté­gia para lidar com um mun­do em trans­for­mação. Quan­do abri­mos a nos­sa econo­mia, a nos­sa indús­tria foi destruí­da”, disse Jab­bour.

O pro­fes­sor con­sider­ou que não hou­ve pre­juí­zos na relação bilat­er­al recente do Brasil com a Chi­na, ape­sar de diver­sos per­calços diplomáti­cos ocor­ri­dos no gov­er­no do ex-pres­i­dente Jair Bol­sonaro, que usou mais de uma vez palavras e ter­mos pejo­ra­ti­vo em refer­ên­cia aos chi­ne­ses.

“Eu não acho que hou­ve que­bra nes­sa relação. O que se apro­fun­dou foi a nos­sa dependên­cia em relação à Chi­na, para pro­du­tos primários. Os chi­ne­ses tra­bal­ham com um tem­po históri­co difer­ente do nos­so. Para eles, Bol­sonaro vai e o Brasil fica. Eles têm uma visão do Brasil muito mais sofisti­ca­da do que nós mes­mos temos. Então, para os chi­ne­ses, inter­es­sa um Brasil forte, indus­tri­al­iza­do, com uma base mate­r­i­al que o coloque em condição de ocu­par um espaço neste mun­do mul­ti­po­lar. Isso inter­es­sa a eles”, afir­mou Jab­bour.

Edição: Fábio Mas­sal­li

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