...
sexta-feira ,7 fevereiro 2025
Home / Meios de comunicação / Cineastas, ex-alunos e amigos lembram legado de Vladimir Carvalho

Cineastas, ex-alunos e amigos lembram legado de Vladimir Carvalho

Velório do professor da UnB será nesta sexta-feira no Cine Brasília

Gilber­to Cos­ta — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 25/10/2024 — 08:02
Brasília
Brasília (DF), 24/10/2024 - Cineasta Vladimir Carvalho. Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília
Repro­dução: © Joel Rodrigues/Agência Brasíli

O cineas­ta Vladimir Car­val­ho será vela­do nes­ta sex­ta-feira (25) no Cine Brasília, das 9h30 às 13h30. O enter­ro será no Cemitério Cam­po da Esper­ança, às 14h30, na área des­ti­na­da ao sepul­ta­men­to dos pio­neiros da cap­i­tal fed­er­al.

Em nota, a Fac­ul­dade de Comu­ni­cação da Uni­ver­si­dade de Brasília, onde Vladimir foi docente por mais de duas décadas, afir­mou que ele “é admi­ra­do por sua gen­erosi­dade, con­hec­i­men­to e ded­i­cação ao ensi­no.” Essas vir­tudes são una­n­im­i­dades entre cineas­tas, ex-alunos e ami­gos ouvi­dos pela Agên­cia Brasil.

“Ele tin­ha um séquito de alunos. Até gente que não teve aula com ele o admi­ra­va. Era uma admi­ração por osmose, pas­sa­da por out­ras pes­soas”, lem­bra Bruno de Cas­tro que tra­bal­hou na UnB com inter­mé­dio de Vladimir.

“Um dia eu comentei com ele que que­ria ten­tar tra­bal­har um pouco em uma uni­ver­si­dade. O Vladimir, na hora, foi atrás das pes­soas para abrir cam­in­ho. ”Bruno de Cas­tro tra­bal­hou na UnB por cer­ca de oito anos por inter­mé­dio de Vladimir. “Foi fan­tás­ti­co, fize­mos a UnB-TV.  Ele deu mui­ta força”, recor­da-se. “Vladimir não poupa­va esforço para aju­dar a faz­er coisas inter­es­santes.”

Expert em documentários

Cas­tro teve opor­tu­nidade de pro­duzir um mak­ing off da pro­dução do doc­u­men­tário “Bar­ra 68” (2000) e ver Vladimir Car­val­ho atuan­do como dire­tor. “O Vladimir vin­ha de uma esco­la de doc­u­men­taris­tas, que tin­ha o Eduar­do Coutin­ho [1933–2014] como grande refer­ên­cia. Eles tin­ham um mod­e­lo de tra­bal­ho. Era um negó­cio assim: muito de sen­tar e con­ver­sar com o entre­vis­ta­do até arran­car o que pre­cisa­va. Sabi­am exata­mente o que que­ri­am”, com­para.

A admi­ração pelo tra­bal­ho de Vladimir Car­val­ho fez com que o cineas­ta Mar­cio de Andrade pro­duzisse o doc­u­men­tário “Quan­do a coisa vira out­ra” (2022) sobre Vladimir e seu irmão, tam­bém cineas­ta, Wal­ter Car­val­ho. “O meu dese­jo de tra­bal­har com ele se trans­for­mou num doc­u­men­tário a seu respeito e à sua tra­jetória”, con­ta Andrade.

O doc­u­men­tário foi bem acol­hi­do por Vladimir. “A reação dele foi uma grande ale­gria. A gente fica ten­so, né? Afi­nal, ele era um expert de doc­u­men­tários, né? Sabia faz­er como ninguém. E foi óti­ma a prox­im­i­dade com ele. Des­de sem­pre o Vladimir foi uma refer­ên­cia pra gente.”

A gen­tileza de Vladimir Car­val­ho tam­bém é lem­bra­da pela atriz e dire­to­ra Cata­ri­na Acci­oly que pos­tou em suas redes soci­ais ima­gens de uma con­ver­sa com Vladimir logo após a exibição do seu doc­u­men­tário “Rodas Gigante” no Fes­ti­val de Brasília de 2023.

“Ele fez uma bai­ta declar­ação ao filme, sabe? Foi muito espe­cial. Tin­ha acaba­do a sessão e eu esta­va super emo­ciona­da. Rece­bi estí­mu­los de ‘ter acer­ta­do” de ‘que aqui­lo era doc­u­men­tário’. Quan­to maior o artista, mais gen­eroso é”, declara Cata­ri­na.

Aprendiz curioso

A servi­do­ra públi­ca aposen­ta­da Mer­cês Par­ente foi alu­na ori­en­ta­da por  Vladimir no iní­cio dos anos 1970 na UnB. Ao lon­go do tem­po tornou-se ami­ga e com­par­til­ha pro­fun­da admi­ração pelo cineas­ta. “Ele tin­ha uma visão analíti­ca de mun­do. Fazia umas cor­re­lações incríveis. Mas sem­pre se por­tou como um apren­diz”, afir­ma.

“A faís­ca impres­sio­n­ante é a curiosi­dade. Quan­to mais vel­ho, mais fica­va curioso e aten­to”, con­cor­da o cineas­ta Mar­cus Ligoc­ki que pro­duz­iu o últi­mo doc­u­men­tário de Vladimir Car­val­ho “Rock Brasília – Era de Ouro” (2011).

“Conec­tar com a emoção de vida e bril­ho nos olhos foi fun­da­men­tal para mim. Apren­di muito com ele sobre paixão, nar­ra­ti­va e méto­do de fil­mar. Ele esta­va 100% imer­so na pro­dução dos filmes. Pesquisan­do e arquivan­do infor­mação para os próx­i­mos filmes. Havia cin­e­ma cor­ren­do nas veias dele. Nun­ca foi um presta­dor de serviço do audio­vi­su­al, fil­mou seus pen­sa­men­tos e suas emoções em relação ao mun­do e em relação a Brasília.”

Pablo Gonça­lo Mar­tins, pro­fes­sor de audio­vi­su­al da UnB, tam­bém perce­bia em Vladimir Car­val­ho “paixão por tudo que cer­ca­va sua vida.” O acadêmi­co con­heceu Vladimir em uma sessão de cin­e­ma de um filme do dire­tor Rober­to Rosselli­ni [1906–1977], do neor­re­al­is­mo ital­iano, uma das influên­cias do cineas­ta brasileiro.

Mar­tins se recor­da de um pun­hal de can­ga­ceiro que Vladimir mostrou, guarda­do entre as suas coleções que tam­bém incluíam filmes, máquinas fotográ­fi­cas, câmeras, equipa­men­tos de pro­dução cin­e­matográ­fi­ca — uma parte da memória do cin­e­ma brasileiro que o cineas­ta doou à Uni­ver­si­dade de Brasília.

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

DR com Demori entrevista a psicanalista e escritora Maria Rita Kehl

Programa vai ao ar nesta terça, às 23h, na TV Brasil Agên­cia Brasil Pub­li­ca­do em …