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Circo social ganha destaque na 27ª edição do Palco Giratório do Sesc

Escola Pernambucana de Circo será celebrada em programação itinerante

Cristi­na Índio do Brasil — repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 27/03/2025 — 07:15
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro (RJ), 26/03/2025 - Circo social no Projeto Palco Giratório. Foto: Ricardo Maciel/Divulgação
Repro­dução: © Ricar­do Maciel/Divulgação

A 27ª edição do pro­je­to Pal­co Giratório, real­iza­do pelo SESC, prom­ete hom­e­nagear a arte circense em 2025 ao som do Movi­men­to Mangue­beat. Anun­ci­a­da nes­ta quin­ta-feira (27), Dia Mundi­al do Cir­co, a pro­gra­mação vai cel­e­brar o tra­bal­ho da Esco­la Per­nam­bu­cana de Cir­co e tam­bém a atriz, pesquisado­ra e dra­matur­ga per­nam­bu­cana Fáti­ma Pontes, pro­du­to­ra do “Cir­co Sci­ence – Do mangue ao pic­a­deiro”. 

O cir­cuito começa em abril e vai pas­sar por 96 cidades de 23 esta­dos brasileiros, com apre­sen­tações de 16 gru­pos, que têm origem em 15 unidades da fed­er­ação. Além de cir­co, estão incluí­dos teatro, dança e músi­ca. Ao todo serão 336 apre­sen­tações até dezem­bro deste ano, com entra­da grátis.

A junção do rit­mo de Chico Sci­ence com a arte circense vai dar iní­cio à pro­gra­mação itin­er­ante e será apre­sen­ta­da pela Trupe Cir­cus (PE), da Esco­la Per­nam­bu­cana de Cir­co. Os números circens­es e as core­ografias do espetácu­lo con­tam com tril­ha musi­cal basea­da em grandes suces­sos do can­tor e com­pos­i­tor per­nam­bu­cano, que foi um dos cri­adores do influ­ente Movi­men­to Mangue­beat.

A dra­matur­ga Fáti­ma Pontes con­tou em entre­vista à Agên­cia Brasil que a par­tic­i­pação no pro­je­to vai traz­er vis­i­bil­i­dade nacional ao tra­bal­ho, que já é con­heci­do em Per­nam­bu­co e em out­ros esta­dos do nordeste.

“Para a Esco­la, é a rep­re­sen­tação do recon­hec­i­men­to do tra­bal­ho que a gente faz no cam­po da arte circense, des­de 2002, através da nos­sa Trupe Cir­cus, que é o grupo profis­sion­al da nos­sa insti­tu­ição”

Na visão da pesquisado­ra, o Movi­men­to Mangue­beat se tornou um ícone de trans­for­mação da cul­tura pop no Brasil, e Chico Scince era a cabeça dis­so tudo.

“Foi um mete­oro que chegou, rev­olu­cio­nou tudo e foi emb­o­ra. A gente usa, no iní­cio do espetácu­lo, algu­mas fras­es, em man­u­scrito mes­mo, do acer­vo da família de Chico Scince com estu­dos e memória dele. Tem uma que diz ‘mor­reu por viv­er demais’. Parece meio pressá­gio, meio proféti­co”, disse, reforçan­do que o artista teve uma vida cur­ta e mes­mo assim teve par­tic­i­pação impor­tante na cul­tura do país. ele mor­reu aos 30 anos, em 1997.

Fáti­ma Pontes desta­cou que o cir­co se desen­volve no cam­po artís­ti­co, mas tam­bém téc­ni­co, porque neces­si­ta de treina­men­tos especí­fi­cos e con­tín­u­os, com apar­el­hos e equipa­men­tos. Nesse espetácu­lo, por exem­p­lo, o grupo uti­liza uma estru­tu­ra de fer­ro, que é um equipa­men­to con­struí­do especi­fi­ca­mente para ele. O mes­mo ocor­reu em out­ros espetácu­los do repertório do Trupe Cir­cus.

“Sem­pre temos feito essa pesquisa por novos equipa­men­tos, novas téc­ni­cas e números circens­es. Este espetácu­lo Cir­co Sci­ence traz um tipo de cul­minân­cia de um proces­so que a gente vem fazen­do há muitos anos, de pesquisa no cam­po téc­ni­co, estéti­co e artís­ti­co; e de val­oriza­ção, tam­bém, da nos­sa diver­si­dade cul­tur­al, que é a for­ma como tra­bal­hamos. Todos os nos­sos espetácu­los da Trupe Cir­cus têm esse viés de val­oriza­ção da diver­si­dade cul­tur­al per­nam­bu­cana, nordes­ti­na e brasileira. Temos uma estéti­ca muito própria”, comen­tou.

Fáti­ma Pontes desta­ca que Cir­co Scince é tam­bém um man­i­festo da Esco­la Per­nam­bu­cana de Cir­co e da Trupe Cir­cus com seus inte­grantes, que são jovens artis­tas que se for­maram na esco­la des­de cri­anças. O grupo inclui jovens per­iféri­cos, negros e negras, per­ten­centes à comu­nidade LGBTQIAP+ e tam­bém home­ns e mul­heres cis­gênero.

“É tam­bém man­i­festo da nos­sa resistên­cia, do nos­so tra­bal­ho com a arte circense, que é tão mar­gin­al­iza­da em nos­so país. É tam­bém uma for­ma de a gente mostrar que é pos­sív­el viv­er da arte circense”, afir­mou, infor­man­do que a Esco­la é uma ONG que se sus­ten­ta em parte por meio de edi­tais, de aluguel da sede para even­tos e de pro­je­tos de manutenção da estru­tu­ra de fun­ciona­men­to.

Circo social

A dire­to­ra de pro­je­tos soci­ais do Sesc, Janaí­na Cun­ha, descreveu o Pal­co Giratório como grande pro­je­to de cir­cu­lação de artes cêni­cas do Brasil, com a sua pro­gra­mação ren­o­va­da anual­mente. Ela desta­cou que o país tem diver­sas com­pan­hias circens­es, des­de as mais tradi­cionais até as mais tec­nológ­i­cas, todas com a mis­são de ren­o­var a lin­guagem sem abrir mão da tradição, o que é rel­e­vante para se pen­sar a cul­tura no Brasil.

“O nos­so enfoque nes­ta edição do Pal­co Giratório é o cir­co social, que é um cir­co que inter­age social­mente, pro­move relações interg­era­cionais e conexões entre lin­gua­gens. A gente está falan­do de cir­co, mas tam­bém de músi­ca, de dança, de teatro. Enfim, o cir­co tem essa capaci­dade de con­gre­gar vários esforços no sen­ti­do do amadurec­i­men­to da pro­dução artís­ti­ca”, afir­mou em entre­vista à Agên­cia Brasil.

Para Janaí­na Cun­ha, out­ro fator rel­e­vante do Pal­co Giratório é a atração de públi­co. “Chama muito públi­co no país inteiro, porque, de fato, é um fes­ti­val de artes cêni­cas que traz artis­tas e espetácu­los de todo o Brasil, pro­moven­do a cir­cu­lação dess­es gru­pos em todo o país. Como já é uma tradição, o Pal­co Giratório mobi­liza públi­co, tem sido capaz de ren­o­var o públi­co e de chamar atenção do públi­co para importân­cia da fruição e da cir­cu­lação artís­ti­ca”, pon­tu­ou.

Fomento à arte

Os gru­pos que farão parte do pro­je­to foram escol­hi­dos após uma indi­cação dos rep­re­sen­tantes do Sesc nos esta­dos onde desen­volvem seus tra­bal­hos artís­ti­cos. As indi­cações são apre­sen­tadas ao cole­ti­vo da curado­ria, que faz a seleção com base em critérios téc­ni­cos, de ren­o­vação de lin­guagem.

“O Sesc con­tra­ta todos os artis­tas. É por isso que o Pal­co Giratório, além de um grande pro­je­to de for­mação de públi­co e de preser­vação da cir­cu­lação artís­ti­ca, é tam­bém grande fomen­ta­dor das artes cêni­cas, na medi­da em que con­tra­ta ess­es artis­tas e pro­por­ciona a eles todas as condições para a boa exe­cução dos seus tra­bal­hos”, con­tou, rev­e­lando que, em 2018, tam­bém hou­ve uma edição ded­i­ca­da ao cir­co a par­tir de Belo Hor­i­zonte, em Minas Gerais, mas com out­ros gru­pos e com recorte difer­ente.

“Neste ano, a gente está real­mente dan­do ênfase ao cir­co social, e a essa relação social que é pro­movi­da pelo cir­co des­de os seus hábitos cul­tur­ais de famílias circens­es até a inte­gração social que o cir­co pro­move”.

A dire­to­ra disse que o tra­bal­ho real­iza­do pela Esco­la Per­nam­bu­cana de Cir­co coin­cide com a pro­pos­ta do Pal­co Giratório de pro­mover trans­for­mação social dan­do vis­i­bil­i­dade a gru­pos locais.

“É um praz­er imen­so ter opor­tu­nidade de tra­bal­har com ela [Fáti­ma Pontes] e com o grupo dela. Isso traz uma vivên­cia e infor­mação de artis­tas ori­un­dos de per­ife­ria, que se rela­cionam em pro­je­tos soci­ais para a con­strução de uma real­i­dade social a par­tir das artes e de uma trans­for­mação social.

Janaí­na Cun­ha elo­giou que Fáti­ma é uma rep­re­sen­tante do papel que a arte tem para se pen­sar uma sociedade mais jus­ta, mais inclu­si­va e mais coop­er­a­ti­va. Para ela, um dos pon­tos fortes do pro­je­to Pal­co Giratório é faz­er com que pro­duções, tra­bal­hos e artic­u­lações que estão em nív­el local e que a gente con­sigam atin­gir uma dimen­são nacional.

“A gente tem uma quan­ti­dade impor­tante de gru­pos que não têm opor­tu­nidade de cir­cu­lar para além do seu ter­ritório, das suas fron­teiras, do seu municí­pio, ou do seu esta­do. Muitas vezes, não con­seguem nem ir a um esta­do viz­in­ho. Pro­mover esta cir­cu­lação é de fato fun­da­men­tal para que o Brasil con­heça o que o Brasil pro­duz, e não ape­nas para que cada esta­do con­heça a sua pro­dução region­al, que tam­bém é impor­tante. É fun­da­men­tal a gente opor­tu­nizar essa cir­cu­lação”, con­cluiu.

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