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Coberturas vacinais estão melhores que em 2021 e 2022, diz SBIm

Repro­dução: © Tomaz Silva/Agência Brasil

Especialistas estão reunidos na Jornada Nacional de Imunizações


Pub­li­ca­do em 20/09/2023 — 07:03 Por Viní­cius Lis­boa – Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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Novi­dades como as vaci­nas para a dengue e para o vírus sin­ci­cial res­pi­ratório, além dos obstácu­los já con­heci­dos do Pro­gra­ma Nacional de Imu­niza­ções (PNI) como o anti­vacin­is­mo e a hes­i­tação vaci­nal serão temas de dis­cussão entre espe­cial­is­tas que vão se reunir de quar­ta-feira (20) a sába­do (23) em Flo­ri­anópo­lis, San­ta Cata­ri­na, na Jor­na­da Nacional de Imu­niza­ções.

Em entre­vista à Agên­cia Brasil, a pres­i­dente da Sociedade Brasileira de Imu­niza­ções (SBIM), Môni­ca Levi, diz estar otimista em relação à retoma­da das cober­turas vaci­nais, cuja que­da já começou a ser rever­ti­da.

“É um tra­bal­ho bem árduo, porque quan­do você con­segue causar medo e descon­fi­ança, é muito difí­cil retomar isso. Mas sou uma pes­soa otimista, acho que esta­mos cam­in­han­do. As cober­turas vaci­nais já estão mel­hores que em 2021 e 2022. Acho que vamos con­seguir, mas recu­per­ar todo o estra­go demo­ra um pouco para voltar­mos a ser um exem­p­lo”, avalia.

19/09/2023, Presidente da SBIm, Mônica Levi. Coberturas vacinais já estão melhores que 2021 e 2022, diz SBIm. Foto: SBIm/Divulgação
Repro­dução: Pres­i­dente da SBIm, Môni­ca Levi. Cober­turas vaci­nais já estão mel­hores que 2021 e 2022, diz SBIm. Foto: SBIm/Divulgação

A sociedade cien­tí­fi­ca é a orga­ni­zado­ra da jor­na­da que será real­iza­da no ano em que o PNI com­ple­ta meio sécu­lo de vida. Para além de cel­e­brar, o even­to vai con­tar com um fórum espe­cial de saúde públi­ca em que rep­re­sen­tantes do Min­istério da Saúde, Fun­do das Nações Unidas para a Infân­cia (Unicef), Orga­ni­za­ção Pan-Amer­i­cana de Saúde (Opas) e sec­re­tarias munic­i­pais e estad­u­ais de saúde dis­cu­tirão os próx­i­mos pas­sos para a retoma­da das cober­turas vaci­nais.

Con­fi­ra a entre­vista com­ple­ta:

Agên­cia Brasil: Nos últi­mos anos, a jor­na­da foi real­iza­da no con­tex­to de que­da das cober­turas vaci­nais, pan­demia de covid-19, aumen­to do anti­vacin­is­mo e, ago­ra, com a vaci­nação de vol­ta às pri­or­i­dades do Min­istério da Saúde. Ess­es temas deixaram o even­to mais “quente”, com dis­cussões que des­per­taram maior inter­esse? Se, sim, como essa expec­ta­ti­va impactou a própria orga­ni­za­ção?
Môni­ca Levi: Eu não ten­ho essa per­cepção. Inclu­sive esta­mos com um número de inscritos menor que o habit­u­al, mas tem a questão da local­iza­ção, de ser no Costão do San­tinho [em Flo­ri­anópo­lis], em um lugar de mais difí­cil aces­so, prin­ci­pal­mente para o Norte e Nordeste, e um lugar mais caro. Então, o número de par­tic­i­pantes vai ser menor. Ago­ra, para os profis­sion­ais da Saúde, esse tema é quente. Nós esta­mos sem­pre dis­cutin­do e, inclu­sive, orga­ni­zan­do um fórum de saúde públi­ca que é a últi­ma ativi­dade do even­to, um fórum inter­a­ti­vo com PNI, Unicef, Opas, Conass, Conasems, para dar um fechamen­to na jor­na­da sobre muitos temas. Um fechamen­to que não é teóri­co, mas sobre o que podemos nos unir para faz­er e que não esta­mos fazen­do até ago­ra. Ago­ra, acho que sat­ur­ou esse tema na mídia ger­al. Quan­do vejo postagem sobre o risco de retorno das doenças con­tro­ladas no pas­sa­do pelas baixas cober­turas, a min­ha impressão é de que não tem dado mais ibope na pop­u­lação em ger­al. Acho que quem se inter­es­sa já foi con­tem­pla­do e já leu, mas a gente ain­da não rever­teu esse cenário, e o tema tem que con­tin­uar sendo fal­a­do, tem que con­tin­uar ven­do os obstácu­los. E para os profis­sion­ais de saúde inter­es­sa­dos o tema é quente, como sem­pre. As difi­cul­dades na vaci­nação da covid, a nova vari­ante, o aumen­to do número de casos. Tudo isso con­tin­ua sendo assun­to atu­al.

Agên­cia Brasil: Nesse cenário de des­gaste do tema que você men­ciona, a comu­ni­cação fica ain­da mais com­pli­ca­da. É pre­ciso dis­cu­tir uma ino­vação na comu­ni­cação?
Môni­ca Levi: Sem dúvi­da. É pre­ciso ino­var para sen­si­bi­lizar de out­ra for­ma, ir a pes­soas que não estão se impor­tan­do e achan­do que a infor­mação não é com elas. As estraté­gias todas têm que ser repen­sadas. Esta­mos em um momen­to em que a comu­ni­cação tem que ser difer­ente, não tem como faz­er como era antes e dava cer­to.

Agên­cia Brasil: A jor­na­da tam­bém vai ser um momen­to de avaliar os obstácu­los e os primeiros resul­ta­dos dessas ações de microplane­ja­men­to e mul­ti­vaci­nação lid­er­adas pelo Min­istério da Saúde?
Môni­ca Levi: Tem bas­tante espaço den­tro da jor­na­da para a saúde públi­ca. Nos 50 anos do PNI e nos 25 da SBIm esta­mos de mãos dadas. Então, essas temáti­cas vão ser muito dis­cu­ti­das. Esse microplane­ja­men­to já vem acon­te­cen­do, com ações pon­tu­ais em locais pon­tu­ais, difer­en­ci­a­dos, e enten­den­do que o Brasil tem diver­sas real­i­dades e que é necessário o microplane­ja­men­to para aten­der a todas as deman­das e obstácu­los, que são difer­entes de uma região para out­ra.

Agên­cia Brasil: Sendo essa a primeira jor­na­da des­de a dec­re­tação do fim da pan­demia de covid-19, já vai ser pos­sív­el faz­er uma avali­ação mais con­clu­si­va sobre a pan­demia e o papel da vaci­nação no con­t­role dela?
Môni­ca Levi: Não é um tema que eu diria ser o prin­ci­pal. Tem muitas out­ras coisas, estraté­gias para a elim­i­nação de meningo­co­cos, de HPV e câncer de colo de útero, novas vaci­nas e novos agentes infec­ciosos, como o vírus sin­ci­cial res­pi­ratório, que foi o vírus que cau­sou mais casos de doenças graves e inter­nações de cri­anças no pós-pan­demia. Tem nova vaci­na de pneu­mo­nia, o her­pes zoster, que tem vaci­na no pri­va­do, a dengue, com o lança­men­to de uma nova vaci­na. Temos novas vaci­nas incor­po­radas no cal­endário da SBIm e no PNI, mudanças de recomen­dações nos CRIE [Cen­tro de Refer­ên­cia para Imuno­bi­ológi­cos Espe­ci­ais]. O pro­gra­ma da jor­na­da está muito com­ple­to, com tudo isso incor­po­ra­do. Não é só covid. Ano pas­sa­do já tive­mos uma jor­na­da pres­en­cial, e acho que não mudou mui­ta coisa. O que mudou foi que a OMS decre­tou o fim da emergên­cia em saúde públi­ca, mas não mudou mui­ta coisa. Mas é claro que vai ter. A primeira mesa já é sobre a covid e o que esper­ar. A covid não é o foco.

Agên­cia Brasil: E qual tema você destacaria como um dos focos?
Môni­ca Levi: Um assun­to muito impor­tante que vai ser trata­do é a hes­i­tação. Esse obstácu­lo que não é novo, mas foi superla­ti­va­do na pan­demia, prin­ci­pal­mente quan­do chegaram as vaci­nas de covid-19. A gente começou a ter recusa de vaci­nação e hes­i­tação com essas platafor­mas novas e tudo o que veio como questão políti­ca que inter­feriu muito e deixou o Brasil super divi­di­do. É um tra­bal­ho bem árduo, porque quan­do você con­segue causar medo e descon­fi­ança, é muito difí­cil retomar isso. Mas sou uma pes­soa otimista, acho que esta­mos cam­in­han­do. As cober­turas vaci­nais já estão mel­hores que em 2021 e 2022. Acho que vamos con­seguir, mas recu­per­ar todo o estra­go demo­ra um pouco para voltar­mos a ser um exem­p­lo.

Agên­cia Brasil: Esse anti­vacin­is­mo que chegou con­tra as vaci­nas de covid já atingiu out­ras vaci­nas do PNI?
Môni­ca Levi: Com certeza já resp­in­gou. As pes­soas começaram a descon­fi­ar de onde vem a matéria-pri­ma, os insumos, descon­fi­ar politi­ca­mente. Resp­in­gou, sim.

Agên­cia Brasil: Nestes 50 anos de PNI, o Zé Got­in­ha é um dos pro­tag­o­nistas e voltou a ser trata­do como um sím­bo­lo nacional. Como vocês têm vis­to o res­gate desse per­son­agem?
Môni­ca Levi: Eu vejo de uma maneira muito pos­i­ti­va, porque ele é um ícone. Todo mun­do quer tirar foto com o Zé Got­in­ha, por mais que de cer­ta for­ma ele pos­sa ser démodé para uma out­ra ger­ação. Não sei o quan­to um ado­les­cente se sente estim­u­la­do a se vaci­nar con­tra o HPV com o Zé Got­in­ha chaman­do. A gente tam­bém tem que pen­sar nis­so, as vaci­nas não são só de cri­anças. Temos para todas as faixas etárias, e temos que ter uma maneira de con­ver­sar com todas as idades. Mas o Zé Got­in­ha é um ícone e a pre­sença dele nos even­tos é fun­da­men­tal.

Agên­cia Brasil: Em relação às novi­dades, os avanços nas vaci­nas con­tra arbovi­ros­es como a dengue e a chikun­gun­ya estão entre as prin­ci­pais novi­dades?
Môni­ca Levi: Vai haver esse tema, prin­ci­pal­mente sobre a dengue, porque a vaci­na já está aí. Mas tam­bém falan­do de zika e chikun­gun­ya. Mas essas não são as prin­ci­pais. Temos a vaci­na do vírus sin­ci­cial res­pi­ratório, HPV non­ava­lente, pneu­mocó­ci­ca-15. São temas que serão bas­tante abor­da­dos.

Agên­cia Brasil: As clíni­cas pri­vadas estão per­to de rece­ber vaci­nas con­tra o vírus sin­ci­cial res­pi­ratório?
Môni­ca Levi: Ain­da não tem, mas está prestes a chegar. Ela já está sendo lib­er­a­da pelo FDA [agên­cia reg­u­lado­ra de medica­men­tos e ali­men­tos dos Esta­dos Unidos], e alguns país­es já estão uti­lizan­do a vaci­nação mater­na para pro­te­ger o bebê, a vaci­nação com anti­cor­po mon­o­clon­al para o bebê, em dose úni­ca, e para o idoso. Então, tem coisas novas chegan­do.

Agên­cia Brasil: E a SBIm já está dis­cutin­do como recomen­dar essa vaci­na em seus cal­endários?
Môni­ca Levi: Só quan­do estiv­er mais próx­i­mo que a gente começa a dis­cu­tir tec­ni­ca­mente e definir as nos­sas posições. Ain­da não esta­mos fazen­do isso, esta­mos lendo e acom­pan­han­do o pas­so a pas­so. Mas, por exem­p­lo, a pneu­mo-15 já esta­va no cal­endário da SBIm antes de a vaci­na estar disponív­el.

Agên­cia Brasil: O anti­vacin­is­mo tam­bém tem sido perce­bido nas clíni­cas pri­vadas? Há menos procu­ra? Mais dúvi­das?
Môni­ca Levi: Com certeza. As clíni­cas do Brasil, as que não fecharam, estão com o movi­men­to bas­tante reduzi­do com­par­a­ti­va­mente a antes da pan­demia. Muitas clíni­cas fecharam e out­ras estão ten­tan­do se man­ter, mas o movi­men­to das clíni­cas no Brasil inteiro diminuiu muito.

Agên­cia Brasil: Então, há uma crise nas clíni­cas pri­vadas de vaci­nação?
Môni­ca Levi: Sim, com certeza.

*O repórter via­jou para Flo­ri­anópo­lis a con­vite da SBIm para cobrir a Jor­na­da Nacional de Imu­niza­ções

Edição: Denise Griesinger

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