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Com versão em libras e português, peça A Busca está em cartaz no Rio

Repro­dução: © Acer­vo Moitará/Divulgação

Espetáculo propõe o encontro artístico das culturas surda e ouvinte


Publicado em 18/05/2024 — 09:48 Por Alana Gandra — Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro

Depois de tem­po­ra­da em Nova Fribur­go, na região ser­rana flu­mi­nense, o grupo teatral Moitará apre­sen­ta no Rio de Janeiro o espetácu­lo A Bus­ca na ver­são bilíngue libras (lín­gua brasileira de sinais) e por­tuguês até o próx­i­mo domin­go (19). A estreia foi na quin­ta-feira (16). O espetácu­lo propõe o encon­tro artís­ti­co das cul­turas sur­da e ouvinte. Até esse sába­do (18), após as apre­sen­tações, haverá rodas de con­ver­sa sobre aces­si­bil­i­dade cul­tur­al de qual­i­dade, con­duzi­das pelo elen­co, jun­ta­mente com o ator sur­do Ricar­do Boaret­to.

Ele é respon­sáv­el pela adap­tação do tex­to para libras e visu­al ver­nac­u­lar (con­heci­do como libras 3D, tra­ta-se de um recur­so artís­ti­co e poéti­co próprio da lín­gua de sinais). O Moitará explo­ra a relação da libras com a lin­guagem tam­bém da más­cara teatral, tema que pesquisa há cer­ca de 36 anos, e após dez anos de tra­bal­ho com artis­tas sur­dos e ouvintes.

“A más­cara tem uma lin­guagem imagéti­ca, é físi­ca, cor­po­ral, fácil de ser enten­di­da. O mes­mo ocorre com a lín­gua de sinais uti­liza­da pelos sur­dos, que tem uma relação de expressão com o cor­po”, expli­cou à Agên­cia Brasil Vení­cio Fon­se­ca, fun­dador do grupo Moitará e dire­tor do espetácu­lo.

A peça faz parte de uma trilo­gia sobre a temáti­ca do fem­i­ni­no. “Este é o segun­do espetácu­lo que a gente está tra­bal­han­do. O próx­i­mo será sobre a ances­tral­i­dade do fem­i­ni­no, ou o nasce­douro fem­i­ni­no de raízes brasileiras.” O primeiro espetácu­lo da trilo­gia teve como tema Ima­gens da Quimera. “A gente fala­va sobre a importân­cia da pre­sença do fem­i­ni­no, de uma for­ma ger­al”, expli­cou o dire­tor.

Acessibilidade

O espetácu­lo foi mon­ta­do antes da pan­demia da covid-19. Fun­cio­nan­do como Pon­to de Cul­tura Palavras Visíveis, que tra­bal­ha na preparação de atores sur­dos há 15 anos, o Grupo Moitará resolveu, durante a pan­demia, faz­er a mon­tagem desse espetácu­lo incluin­do o que ele chama de “aces­si­bil­i­dade de qual­i­dade”. Vení­cio Fon­se­ca não que­ria incluir somente a libras na cena, mas tam­bém um ator intér­prete de lín­gua brasileira de sinais. A ideia era, além da libras, usar uma lin­guagem artís­ti­ca, teatral, da comu­nidade sur­da, chama­do visu­al ver­nac­u­lar, onde se tra­bal­ha com as sen­sações.

Fon­se­ca desta­cou que a más­cara teatral já tin­ha essa relação de se tra­bal­har com as sen­sações. O espetácu­lo A Bus­ca, em par­tic­u­lar, faz parte de um recorte de pesquisa com a lin­guagem da más­cara teatral denom­i­na­da Cena Poe­ma, que serve de base para a trilo­gia sobre o fem­i­ni­no. “Os três espetácu­los fazem parte dessa pro­pos­ta dra­matúr­gi­ca que chamamos Cena Poe­ma, que tra­bal­ha mais com as sen­sações. Ou seja, ela não é uma pro­pos­ta de con­tar uma história, com começo, meio e fim. A pro­pos­ta da Cena Poe­ma é tra­bal­har com as sen­sações.”

Segun­do Fon­se­ca, isso per­mite ao espec­ta­dor con­stru­ir sua própria história pelo que viu e que sen­tiu. “O espetácu­lo é sug­es­ti­vo. Então, ele se tor­na coau­tor da história, sentin­do aqui­lo que está sendo rep­re­sen­ta­do”.

Elenco

Três atores atu­am na peça: Eri­ka Ret­tl, fun­dado­ra do Grupo Moitará; Jhonatas Nar­ciso, ator e intér­prete de libras que faz parte do pon­to de cul­tura há 15 anos e é tam­bém apre­sen­ta­dor, intér­prete de libras e pro­du­tor do Repórter Visu­al na TV Brasil; e o próprio Vení­cio Fon­se­ca, dire­tor do espetácu­lo e tam­bém fun­dador do grupo teatral.

A peça foi con­tem­pla­da pelo Edi­tal de Chama­da Emer­gen­cial de Apoio ao Teatro Evoé RJ — Cat­e­go­ria Cir­cu­lação, e con­ta com apoio do Min­istério da Cul­tura, do gov­er­no do esta­do do Rio de Janeiro, da Sec­re­taria de Esta­do de Cul­tura e Econo­mia Cria­ti­va do Rio de Janeiro, por meio da Lei Paulo Gus­ta­vo. Os ingres­sos pop­u­lares são tro­ca­dos por um qui­lo de ali­men­tos não perecíveis que serão doa­d­os a insti­tu­ições benef­i­centes de cada cidade e, tam­bém, para moradores do Rio Grande do Sul, víti­mas das recentes enchentes no esta­do.

A dimen­são da aces­si­bil­i­dade cul­tur­al adquire destaque, segun­do Vení­cio Fon­se­ca, tam­bém para a inclusão social dos sur­dos, que são quase 5% da pop­u­lação brasileira, o que total­iza mais de 10 mil­hões de cidadãos, dos quais 2,7 mil­hões têm sur­dez pro­fun­da, de acor­do com o Insti­tu­to Brasileiro de Geografia e Estatís­ti­ca (IBGE) e depen­dem da libras para se rela­cionar com o mun­do. No esta­do do Rio de Janeiro, os sur­dos somam em torno de 165 mil pes­soas.

O espetácu­lo está em car­taz no espaço cul­tur­al Moitará, situ­a­do na Rua Joaquim Sil­va, 56, na Lapa.

Edição: Juliana Andrade

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