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Comunicação pública deve ser plural, pautar o racismo e focar no povo

Repro­dução: © Val­ter Campanato/Agência Brasil

“Na mídia pública, meu patrão é o povo”, diz jornalista


Publicado em 27/07/2024 — 10:29 Por Lucas Pordeus León — Repórter da Agência Brasil — Brasília

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A comu­ni­cação públi­ca tem a obri­gação de pau­tar temas como racis­mo e machis­mo e deve ser fei­ta por pes­soas de ori­gens e condições diver­sas, além de focar na pop­u­lação e rece­ber o finan­cia­men­to ade­qua­do.

A avali­ação é de três jor­nal­is­tas con­vi­dadas pelo Fes­ti­val Latinidades 2024 para debater, nes­ta sex­ta-feira (26), em Brasília, o tema Mul­heres Negras na Mídia: Ino­vação e Impacto na Comu­ni­cação Públi­ca.

A jor­nal­ista Luciana Bar­reto, ânco­ra do Repórter Brasil, jor­nal da TV Brasil, desta­cou que já tra­bal­hou na mídia pri­va­da e que, enquan­to nas emis­so­ras com­er­ci­ais existe o inter­esse do lucro e da audiên­cia, na mídia públi­ca o patrão deve ser o povo.

“A gente vê que os veícu­los [pri­va­dos] têm seus inter­ess­es out­ros, de lob­by, muitas vezes. São inter­ess­es econômi­cos porque pre­cisam gan­har din­heiro. São inter­ess­es de audiên­cia que têm a ver com o econômi­co. A relevân­cia [de uma notí­cia] não é sem­pre o fun­da­men­tal para uma comu­ni­cação pri­va­da, não se pau­ta ape­nas o que é rel­e­vante, mas se ela dá audiên­cia. Esse é um dos parâmet­ros”, expli­cou.

A mídia públi­ca, na visão da jor­nal­ista, tem que se pau­tar por out­ros parâmet­ros. “[Na mídia públi­ca] meu patrão é o povo. Ten­ho que falar com o povo e para o povo. E aí, meu olhar sobre relevân­cia tem a ver com o meu patrão. O que é rel­e­vante para o meu patrão? Pau­tas fun­da­men­tais para esse país são tratadas na comu­ni­cação públi­ca”, desta­cou.

A apre­sen­ta­do­ra da TV Brasil lem­brou ain­da que o finan­cia­men­to da comu­ni­cação públi­ca é fun­da­men­tal. “Fico muito feliz quan­do a comu­ni­cação públi­ca tem o finan­cia­men­to que ela merece. É muito sim­ples. A gente con­segue cobrir um even­to como esse aqui porque a gente tem gasoli­na no car­ro, porque a gente tem equipe tra­bal­han­do”, con­cluiu.

Brasília, (DF), 26.07.2024 - Entrega do Prêmio Jacira Silva, no Festival Latinidades 2024. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Repro­dução: Fes­ti­val Latinidades 2024. Foto — Val­ter Campanato/Agência Brasil

Para a jor­nal­ista Joyce Ribeiro, que apre­sen­ta o Jor­nal da Tarde, da TV Cul­tura, out­ro veícu­lo públi­co lig­a­do ao gov­er­no de São Paulo, o jor­nal­is­mo públi­co deve rep­re­sen­tar a plu­ral­i­dade da sociedade brasileira nas suas redações.

“Vejo o jor­nal­is­mo públi­co como um espaço que deve traz­er a diver­si­dade, a plu­ral­i­dade de uma for­ma ain­da mais obsti­na­da”, disse, acres­cen­tan­do que a diver­si­dade deve ser de raça, classe social, idade, entre out­ras.

“Olhar para a nos­sa vivên­cia negra, para a nos­sa pro­dução negra, com as nos­sas car­ac­terís­ti­cas, com o nos­so jeito de enten­der o mun­do, que pas­sou por todo o nos­so históri­co de for­mação desse país e que vai, num veícu­lo de comu­ni­cação, ser obser­va­do da nos­sa maneira”, afir­mou.

Para a jor­nal­ista colom­biana Mabel Lore­na Lara, espe­cial­ista em diver­si­dade, equidade e inclusão, a comu­ni­cação públi­ca tem a obri­gação de pau­tar temas como racis­mo, machis­mo e sex­is­mo.

“Em nos­sos país­es, em sociedades que neces­si­tam ger­ar dis­cussões sobre os ‘ismos’; o racis­mo, machis­mo, clas­sis­mo e sex­is­mo, é a obri­gação da comu­ni­cação públi­ca [para ess­es temas] e é a obri­gação da comu­ni­cação em país­es da Améri­ca Lati­na”, desta­cou.

Comunicação Pública

No Brasil, a Empre­sa Brasil de Comu­ni­cação (EBC), que con­tro­la a Agên­cia Brasil, é a respon­sáv­el por gerir os veícu­los públi­cos fed­erais do país. Cri­a­da em 2007, a EBC atende ao Arti­go 223 da Con­sti­tu­ição Fed­er­al que deter­mi­na que o serviço de radiod­i­fusão deve obser­var o princí­pio da com­ple­men­tari­dade entre os sis­temas pri­va­do, públi­co e estatal de comu­ni­cação.

Além da Agên­cia Brasil, a EBC admin­is­tra a TV Brasil e as rádios EBC, como a Rádio Nacional e a Rádio Nacional da Amazô­nia.

Negras na mídia

Brasília, (DF), 26.07.2024 - Entrega do Prêmio Jacira Silva, no Festival Latinidades 2024. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Repro­dução: A ger­ente da Agên­cia Brasil, Juliana Cézar Nunes, rece­beu o Prêmio Jaci­ra da Sil­va, no Fes­ti­val Latinidades 2024. Foto: Val­ter Campanato/Agência Brasil

Além do debate sobre a par­tic­i­pação de mul­heres negras na mídia, o Fes­ti­val Latinidades 2024 criou o Prêmio Jaci­ra da Sil­va, em hom­e­nagem a jor­nal­ista que foi a primeira negra a assumir a presidên­cia do Sindi­ca­to dos Jor­nal­is­tas do Dis­tri­to Fed­er­al, entre 1995 e 1998, e fun­dou a Comis­são de Jor­nal­is­tas pela Igual­dade Racial (Cojira/DF).

Na cat­e­go­ria Jor­nal­is­tas Negras, a ger­ente da Agên­cia Brasil, Juliana Cézar Nunes, rece­beu o prêmio ao lado de nomes como Maju Coutin­ho, da Rede Globo, e Basília Rodrigues, da CNN.

Na cat­e­go­ria Mídias Negras, foram pre­mi­adas a Revista Afir­ma­ti­va, a agên­cia de notí­cias Alma Pre­ta, o Insti­tu­to Cultne, o Mun­do Negro, e o African­ize, veícu­los de comu­ni­cação que pri­or­izam e dão vis­i­bil­i­dade às pau­tas lig­adas à pop­u­lação negra brasileira.

O debate e a pre­mi­ação foram real­iza­dos pelo Insti­tu­to Afro­l­ati­nas em parce­ria com o Insti­tu­to Commb­ne (Comu­ni­cação basea­da em ino­vação, raça e etnia) e com apoio da Empre­sa Brasil de Comu­ni­cação.

Edição: Maria Clau­dia

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