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Comunidades relatam “ouvidos atentos” para A Voz do Brasil

Repro­dução: © Mar­cel­lo Casal Jr / Agên­cia Brasil

Programa histórico completa 89 anos nesta segunda-feira


Publicado em 22/07/2024 — 08:44 Por Luiz Claudio Ferreira – Repórter da Agência Brasil — Brasília

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Duas músi­cas dom­i­nam a noite da Rádio Comu­nitária Mum­baça FM: uma rádio do povo (104,9). Primeiro, às 19h, O Guarani, de Car­los Gomes, anun­cia o iní­cio de A Voz do Brasil, pro­gra­ma que com­ple­ta nes­ta segun­da-feira (22), 89 anos de trans­mis­são.

A out­ra músi­ca que mexe com a comu­nidade quilom­bo­la Mum­baça, na cidade de Traipú (AL), é o Hino à Negri­tude, que toca às 20h, assim que o históri­co pro­gra­ma aca­ba. Fora as músi­cas, a emis­so­ra leva infor­mação às 400 famílias que moram no lugar.

Brasília (DF) 22.07.2024 - José Alex Borges Mendes. Matéria sobre A Voz do Brasil. Foto: Manoel Oliveira/Arquivo Pessoal
Repro­dução: O agricul­tor Manoel Oliveira acom­pan­ha infor­mações sobre políti­ca e econo­mia no pro­gra­ma A Voz do Brasil – Manoel Oliveira/Arquivo Pes­soal

“A Voz do Brasil tem uma importân­cia para a gente por con­ta da notí­cia”, diz o agricul­tor Manoel Oliveira, de 53 anos. Como ele é admin­istrador da asso­ci­ação de moradores da comu­nidade, tam­bém tra­bal­ha na rádio.

“É assim que sabe­mos o que acon­tece nos min­istérios, no Con­gres­so e na Justiça. O agricul­tor faz questão de acom­pan­har”. No local, prati­cam agri­cul­tura de sub­sistên­cia prin­ci­pal­mente com man­dio­ca, mil­ho, fei­jão, inhame e amen­doim. “Eu acom­pan­ho A Voz do Brasil sem­pre aqui na rádio”.

Alternativa unificada

O pro­gra­ma ain­da tem trans­mis­são obri­gatória no país, mas teve o horário flex­i­bi­liza­do. Segun­do avalia a pro­fes­so­ra e pesquisado­ra em comu­ni­cação Nelia Del Bian­co, da Uni­ver­si­dade de Brasília (UnB), A Voz do Brasil cumpre o papel da comu­ni­cação de gov­er­no de dar ciên­cia à pop­u­lação de real­iza­ções de inter­esse públi­co.

“Não se pres­ta, por­tan­to, a pro­pa­gan­da, mas à qual­i­fi­cação da infor­mação para pes­soas que pre­cisam saber como é a apli­cação dos impos­tos que paga dire­ta ou indi­re­ta­mente.”

Para o pro­fes­sor Luiz Artur Fer­raret­to, respon­sáv­el pelo Núcleo de Estu­dos de Rádio da Uni­ver­si­dade Fed­er­al do Rio Grande do Sul (UFRGS), o pro­gra­ma de rádio aca­ba ofer­e­cen­do uma alter­na­ti­va mais unifi­ca­da de comu­ni­cação públi­ca, em vista, inclu­sive, de respeitar espaços para os poderes e par­tidos políti­cos com dis­tribuição dos con­teú­dos de maneira mais equi­li­bra­da:

“Eu acho que é muito rel­e­vante porque chega a todos os brasileiros e a todas as brasileiras que queiram rece­ber essa infor­mação. Bas­ta sin­tonizar em deter­mi­na­dos horários a emis­so­ra de rádio mais próx­i­ma de si mes­mo”.

A notícia

Brasília (DF) 22.07.2024 - José Alex Borges Mendes. Matéria sobre A Voz do Brasil. Foto: José Alex Borges/Arquivo Pessoal
Repro­dução: José Alex Borges é uma lid­er­ança na comu­nidade quilom­bo­la Arma­da – José Alex Borges/Arquivo Pes­soa

Tam­bém lid­er­ança, da comu­nidade quilom­bo­la Arma­da, José Alex Borges Mendes, de 47 anos, no municí­pio de Can­guçu (RS), diz que o rádio é um veícu­lo que chega a todos já que há menos o hábito de ler notí­cias. Ele entende que A Voz do Brasil aju­da a com­preen­der os pro­gra­mas soci­ais e as leis.

“Acho que é muito impor­tante ter esse mecan­is­mo para poder dar con­ta de infor­mar essa pop­u­lação que tem uma carên­cia da infor­mação”. Ele acom­pan­ha o pro­gra­ma no rad­in­ho de pil­ha de casa. A comu­nidade Arma­da tem 60 famílias.

“A gente espera, ansioso, que con­si­ga ter nos­sas tit­u­lações no nos­so ter­ritório. Mas, pelo out­ro lado, a gente sabe que tem um con­fli­to entre sociedade civ­il e os grandes empresários para devolver o nos­so ter­ritório”.

Estratégia

Segun­do avaliam os pesquisadores, o rádio con­tin­ua sendo um veícu­lo estratégi­co para o país, inclu­sive por ser uma meio de inte­gração e instru­men­to de infor­mação em dias de desas­tres, como ocor­reu no Rio Grande do Sul neste ano. A pro­fes­so­ra Nélia Del Bian­co afir­ma que a audiên­cia de rádio no país ain­da é sig­ni­fica­ti­va.

“O inter­esse por notí­cias alcança 45% da audiên­cia de rádio”, diz a pro­fes­so­ra da UnB. Ela cita que, em média, uma pes­soa escu­ta de três a qua­tro horas de rádio, tem­po médio que pode ser supe­ri­or no inte­ri­or do país. “Em emergên­cias resiste diante da fal­ta de ener­gia, porque pode ser ouvi­do em rádio a pil­has. É o últi­mo a ficar mudo diante da adver­si­dade”.

O pro­fes­sor da UFRGS, Luiz Fer­raret­to, expli­ca que regiões do seu Esta­do ficaram sem veícu­los locais. “Nesse tipo de região, evi­den­cia-se a neces­si­dade de uma atu­ação dos poderes públi­cos. Nesse sen­ti­do, A Voz do Brasil se tor­na muito rel­e­vante para essas regiões”.

Pertencimento

Brasília (DF), 16.05.2024 - Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, é entrevistada no programa A Voz do Brasil, na EBC. Foto: Juca Varella/Agência Brasil
Repro­dução: Mari­na Sil­va lem­bra que seu pai, bor­racheiro, era ouvinte assí­duo do pro­gra­ma. Em maio, ela foi entre­vis­ta­da por A Voz do Brasil — Juca Varella/Agência Brasil

As histórias de comu­nidades fazem lem­brar as funções que his­tori­ca­mente A Voz do Brasil cumpriu no inte­ri­or do País. Uma delas é lem­bra­da pela min­is­tra do Meio Ambi­ente, Mari­na Sil­va.

Ela recor­da da imagem do pai seringueiro aguardan­do o pro­gra­ma começar… Segun­do rela­ta, tudo pode­ria mudar a depen­der das notí­cias que seri­am trazi­das. Ela diz que pelo rádio, as pes­soas pode­ri­am enten­der mais sobre sua comu­nidade, que está lig­a­do a uma cidade, um esta­do e um país.

“Tive exper­iên­cias muito fortes. Eu me lem­bro que meu pai, quan­do assum­iu o [pres­i­dente Emílio] Gar­ras­tazu Médi­ci (1969), na época da ditadu­ra, com o ouvi­do cola­do n’A Voz do Brasil (…). Olhou para a min­ha mãe e disse: não falou nada que vai aumen­tar o preço da bor­racha”, recor­dou a min­is­tra em entre­vista à Rádio Nacional, da EBC, em setem­bro do ano pas­sa­do.

“Ele ouvia A Voz do Brasil, a BBC, de Lon­dres, e A Rádio Tirana, da Albâ­nia. Tudo porque ele fica­va mudan­do de notí­cia em notí­cia”.

Edição: Denise Griesinger

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