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Confira o que se sabe até agora sobre a vacina contra a dengue no SUS

Repro­dução: © Rogério Vidmantas/Prefeitura de Doura­dos

Imunizante Qdenga foi aprovado em comissão técnica


Pub­li­ca­do em 23/01/2024 — 10:43 Por Paula Labois­sière — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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Há pouco mais de um mês, o Min­istério da Saúde anun­ciou a incor­po­ração da vaci­na con­tra a dengue no Sis­tema Úni­co de Saúde (SUS). Antes dis­so, o imu­nizante Qden­ga, pro­duzi­do pelo lab­o­ratório japonês Take­da, pas­sou pelo cri­vo da Comis­são Nacional de Incor­po­rações de Tec­nolo­gias (Conitec) no SUS, que recomen­dou a incor­po­ração pri­or­izan­do regiões do país com maior incidên­cia e trans­mis­são do vírus, além de faixas etárias de maior risco de agrava­men­to da doença. 

A par­tir do pare­cer favoráv­el da Conitec, o min­istério reforçou que a vaci­na não seria uti­liza­da em larga escala em um primeiro momen­to, já que o lab­o­ratório infor­mou ter capaci­dade restri­ta de fornec­i­men­to de dos­es. A vaci­nação con­tra a dengue na rede públi­ca, por­tan­to, será foca­da em públi­cos especí­fi­cos e em regiões con­sid­er­adas pri­or­itárias. “Até o iní­cio do ano, fare­mos a definição dos públi­cos-alvo levan­do em con­sid­er­ação a lim­i­tação da empre­sa Take­da do número de vaci­nas disponíveis. Fare­mos pri­or­iza­ções”, disse a min­is­tra Nísia Trindade à época.

O próx­i­mo pas­so seria um tra­bal­ho con­jun­to entre o Pro­gra­ma Nacional de Imu­niza­ções (PNI) e a Câmara Téc­ni­ca de Asses­so­ra­men­to em Imu­niza­ção (CTAI), pro­gra­ma­do para as primeiras sem­anas de janeiro, com o intu­ito de definir a mel­hor estraté­gia de uti­liza­ção do quan­ti­ta­ti­vo disponív­el da vaci­na. Segun­do o lab­o­ratório Take­da, a pre­visão é que sejam entregues 5.082 mil­hões de dos­es entre fevereiro e novem­bro de 2024, sendo que o esque­ma vaci­nal da Qden­ga é com­pos­to por duas dos­es, com inter­va­lo de 90 dias entre elas.

A avali­ação de espe­cial­is­tas da CTAI é que o min­istério deve seguir a recomen­dação da Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde (OMS) e pri­orizar a vaci­nação con­tra a dengue na faixa etária entre 6 e 16 anos, con­forme pre­coni­zou o Grupo Con­sul­ti­vo Estratégi­co de Per­i­tos (SAGE, na sigla em inglês). A pas­ta, entre­tan­to, infor­mou que definiria, em con­jun­to com esta­dos e municí­pios, qual a idade a ser pri­or­iza­da den­tro dessa janela, diante do quan­ti­ta­ti­vo reduzi­do de dos­es.

A vacina

De acor­do com a Sociedade Brasileira de Imu­niza­ções (SBim), a Qden­ga é uma vaci­na tetrava­lente que pro­tege, por­tan­to, con­tra os qua­tro soroti­pos do vírus da dengue – DENV‑1, DENV‑2, DENV‑3 e DENV‑4. Fei­ta com vírus vivo aten­u­a­do, ela inter­age com o sis­tema imunológi­co no intu­ito de ger­ar respos­ta semel­hante àquela pro­duzi­da pela infecção nat­ur­al. O imu­nizante deve ser admin­istra­do em esque­ma de duas dos­es, com inter­va­lo de três meses entre elas, inde­pen­den­te­mente de o paciente ter tido ou não dengue pre­vi­a­mente.

Infecções prévias

Quem já teve dengue, por­tan­to, deve tomar a dose. Segun­do a SBim, a recomen­dação, ness­es casos, é espe­cial­mente indi­ca­da por con­ta da mel­hor respos­ta imune à vaci­na e tam­bém por ser uma pop­u­lação clas­si­fi­ca­da como de maior risco para dengue grave. Para quem apre­sen­tou a infecção recen­te­mente, a ori­en­tação é aguardar seis meses para rece­ber o imu­nizante. Já quem for diag­nos­ti­ca­do com a doença no inter­va­lo entre as dos­es deve man­ter o esque­ma vaci­nal, des­de que o pra­zo não seja infe­ri­or a 30 dias em relação ao iní­cio dos sin­tomas.

Contraindicações

Con­forme especi­fi­ca­do na bula, o imu­nizante é indi­ca­do para pes­soas de 4 a 60 anos. Como toda vaci­na de vírus vivo, a Qden­ga é con­traindi­ca­da para ges­tantes e mul­heres que estão ama­men­tan­do, além de pes­soas com imun­od­efi­ciên­cias primárias ou adquiri­das e indi­ví­du­os que tiver­am reação de hipersen­si­bil­i­dade à dose ante­ri­or. Mul­heres em idade fér­til e que pre­ten­dem engravi­dar devem ser ori­en­tadas a usar méto­dos con­tra­cep­tivos por um perío­do de 30 dias após a vaci­nação.

Eficácia

Ain­da de acor­do com a SBim, a vaci­na demon­strou ser efi­caz con­tra o DENV‑1 em 69,8% dos casos; con­tra o DENV‑2 em 95,1%; e con­tra o DENV‑3 em 48,9%. Já a eficá­cia con­tra o DENV‑4 não pôde ser avali­a­da à época dev­i­do ao número insu­fi­ciente de casos de dengue cau­sa­dos por esse sorotipo durante o estu­do. Tam­bém hou­ve eficá­cia con­tra hos­pi­tal­iza­ções por dengue con­fir­ma­da lab­o­ra­to­rial­mente, com pro­teção ger­al de 84,1%, com esti­ma­ti­vas semel­hantes entre soropos­i­tivos (85,9%) e soroneg­a­tivos (79,3%).

Demais arboviroses

A SBim desta­ca que a Qden­ga é exclu­si­va para a pro­teção con­tra a dengue e não pro­tege con­tra out­ros tipos de arbovi­ros­es, como zika, chikun­gun­ya e febre amarela. Vale lem­brar que, para a febre amarela, no Brasil, estão disponíveis duas vaci­nas: uma pro­duzi­da pela Fun­dação Oswal­do Cruz (Fiocruz), uti­liza­da pela rede públi­ca, e out­ra pro­duzi­da pela Sanofi Pas­teur, uti­liza­da pelos serviços pri­va­dos de imu­niza­ção e, even­tual­mente, pela rede públi­ca. As duas têm per­fis de segu­rança e eficá­cia semel­hantes, esti­ma­dos em mais de 95% para maiores de 2 anos.

Registro

A Agên­cia Nacional de Vig­ilân­cia San­itária (Anvisa) aprovou o reg­istro da Qden­ga em março de 2023. A con­cessão per­mite a com­er­cial­iza­ção do pro­du­to no país, des­de que man­ti­das as condições aprovadas. O imu­nizante, con­tu­do, segue sujeito ao mon­i­tora­men­to de even­tos adver­sos, por meio de ações de far­ma­covig­ilân­cia sob respon­s­abil­i­dade da própria empre­sa fab­ri­cante.

Outros imunizantes

A Qden­ga é a primeira vaci­na con­tra a dengue aprova­da no Brasil para um públi­co mais amp­lo, já que o imu­nizante aprova­do ante­ri­or­mente, Deng­vax­ia, do lab­o­ratório francês Sanofi- Pas­teur, só pode ser uti­liza­do por quem já teve dengue. A Deng­vax­ia não foi incor­po­ra­da ao SUS e é con­traindi­ca­da para indi­ví­du­os que nun­ca tiver­am con­ta­to com o vírus da dengue em razão de maior risco de desen­volver quadros graves da doença.

arte dengue

Edição: Graça Adju­to

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