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COP28: em vez de unir forças, o mundo trava guerras, diz Lula

Repro­dução: © Ricar­do Stuckert/PR

Presidente defendeu o desmatamento da Amazônia até 2030


Pub­li­ca­do em 01/12/2023 — 09:50 Por Paula Labois­sière – Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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Ao dis­cur­sar para chefes de Esta­do e de gov­er­no na Con­fer­ên­cia das Nações Unidas sobre Mudanças Climáti­cas (COP28), em Dubai, o pres­i­dente Luiz Iná­cio Lula da Sil­va disse nes­ta sex­ta-feira (1º) que o mun­do pode estar diante do maior desafio já enfrenta­do pela humanidade e criti­cou con­fli­tos como os reg­istra­dos no Ori­ente Médio. “Em vez de unir forças, o mun­do tra­va guer­ras, ali­men­ta divisões e apro­fun­da a pobreza e as desigual­dades”.

Lula lem­brou que o últi­mo relatório do Painel Inter­gov­er­na­men­tal sobre Mudanças Climáti­cas (IPCC) é categóri­co sobre o peri­go do aumen­to na tem­per­atu­ra glob­al super­ar 1,5 grau Cel­sius (°C) e desta­cou que a meta fix­a­da pelo Acor­do de Paris é man­ter esse aumen­to entre 1,5°C e 2 °C. “Já é insu­fi­ciente para con­ter o aque­c­i­men­to glob­al em nív­el seguro.”

“Temos um prob­le­ma cole­ti­vo de inação e out­ro de fal­ta de ambição. As NDCs [Con­tribuições Nacional­mente Deter­mi­nadas, metas anun­ci­adas por cada país para redução dos efeitos das mudanças climáti­cas] atu­ais não estão sendo imple­men­tadas no rit­mo esper­a­do. E mes­mo que estivessem, não con­seguiri­am man­ter a tem­per­atu­ra abaixo do lim­ite de 1,5°C. O Brasil ajus­tou sua NDC e se com­pro­m­e­teu a reduzir 48% das emis­sões até 2025.”

Segun­do Lula, a NDC brasileira é mais ambi­ciosa que a de vários país­es “que poluem a atmos­fera des­de a Rev­olução Indus­tri­al”, no sécu­lo 19. “Man­te­mos o firme com­pro­mis­so de zer­ar o des­mata­men­to na Amazô­nia até 2030. Já con­seguimos reduzi-lo em quase 50% nos dez primeiros meses deste ano, o que evi­tou a emis­são de 250 mil­hões de toneladas de car­bono na atmos­fera”.

“Mas muitos país­es do sul glob­al não terão condições de imple­men­tar suas NDCs nem de assumir metas mais ambi­ciosas. Os mais vul­neráveis não podem ter que escol­her entre com­bat­er as mudanças do cli­ma e com­bat­er a pobreza. Terão que faz­er ambos. O princí­pio das respon­s­abil­i­dades comuns, porém difer­en­ci­adas, é inego­ciáv­el. Ameaça­do, vai na con­tramão de qual­quer noção bási­ca de justiça climáti­ca.”

O pres­i­dente clas­si­fi­cou como ina­ceitáv­el que a promes­sa de US$ 100 bil­hões ao ano para con­ter os efeitos das mudanças climáti­cas, assum­i­da por país­es desen­volvi­dos, não ten­ha saí­do do papel, enquan­to, ape­nas em 2021, os gas­tos mil­itares chegaram a US$ 2,2 tril­hões. Lula desta­cou ain­da que, no Brasil, a emergên­cia climáti­ca já é uma real­i­dade, citan­do a seca inédi­ta reg­istra­da na Amazô­nia.

“O nív­el dos rios é o mais baixo em mais de 120 anos. Nun­ca imag­inei que veria isso no lugar onde estão os maiores reser­vatórios de água do mun­do. O futuro da Amazô­nia não depende só dos amazônidas. O des­mata­men­to em todo o mun­do só responde por 10% das emis­sões globais. Mes­mo que não der­rube­mos mais nen­hu­ma árvore, a Amazô­nia poderá atin­gir seu pon­to de não retorno se out­ros país­es não fiz­erem sua parte. Um aumen­to da tem­per­atu­ra glob­al poderá des­en­cadear um proces­so irre­ver­sív­el de sava­niza­ção da Amazô­nia”.

“Os setores de ener­gia indús­tria e trans­porte emitem muito gás de efeito est­u­fa. Temos que lidar com todas essas fontes. É por isso que o Brasil está pro­pon­do a mis­são 1.5. Uma mis­são cole­ti­va, que vai nos man­ter na tril­ha de 1,5°C. Nos dois anos até a COP30, será necessário redo­brar os esforços para imple­men­tar as NDCs que assum­i­mos. E, em Belém, pre­cisamos anun­ciar NDCs mais ousadas e garan­tir os meios de imple­men­tação necessários para con­cretizá-las”, disse. “Se não deixar­mos nos­sas difer­enças de lado, em nome de um bem maior, a vida no plan­e­ta estará em peri­go e será tarde demais para chorar,” expli­cou.

Edição: Valéria Aguiar

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