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Córrego transborda e volta a invadir casas em Porto Alegre

Repro­dução: © Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Chuva intensa e prolongada faz cidade suspender aulas e reviver o caos


Publicado em 23/05/2024 — 22:40 Por Pedro Rafael Vilela — Enviado especial — Porto Alegre

Após vários dias sem chu­va, a cidade de Por­to Ale­gre teve um dia de pre­cip­i­tação pro­lon­ga­da e inten­sa ao lon­go de toda esta quin­ta-feira (23). Por causa dis­so, ruas e avenidas ficaram ala­gadas e, em alguns bair­ros, espe­cial­mente no cen­tro-sul e sul da cap­i­tal, que já tin­ham seca­do após as enchentes do iní­cio do mês, voltaram a ficar inun­da­dos e pes­soas tiver­am de ser reti­radas de suas casas.

O cirurgião den­tista Brígi­do Ribas, morador do bair­ro Cav­al­ha­da, na zona sul da cap­i­tal, viu sua casa ser inva­di­da pelo arroio (cór­rego) que dá nome ao bair­ro. A últi­ma vez foi jus­ta­mente no dia 1º de maio, logo no iní­cio do ciclo dev­as­ta­dor de inun­dações na cidade. Ele teve que subir os móveis e abrir as por­tas para a água pas­sar.

Porto Alegre (RS), 23/05/2024 – CHUVAS/ RS - ENCHENTES -A casa do Dentista Brígido Ribas ficou alagada no bairro de Cavalhadas em Porto Alegre. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Repro­dução: A casa do den­tista Brígi­do Ribas ficou ala­ga­da em Por­to Ale­gre. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

“Ago­ra choveu de novo, o parece um pouco pior do que da out­ra vez, porque tem ondas lá atrás da casa, eu vi pelo vidro da por­ta que tem ondas do arroio pra den­tro da min­ha, para cima da min­ha casa. Daí, eu deix­ei toda aber­ta, o portão e a por­ta da casa, porque a água tá pas­san­do por den­tro. O que eu pude subir das min­has coisas, eu subi. Vamos ver se dessa vez vão aguen­tar. Da últi­ma, eu con­segui sal­var a maio­r­ia dos móveis e eletrodomés­ti­cos”, afir­mou à Agên­cia Brasil.

Ribas e a esposa foram obri­ga­dos a sair de casa e vão dormir no viz­in­ho. Segun­do ele, é a quar­ta vez, em qua­tro anos, que as águas do arroio, que pas­sa atrás de sua casa, trans­bor­dam para den­tro do imóv­el. Ele vive no local des­de 2011, mas o transtorno só começou em 2020.

“Acabou a paciên­cia de ficar nes­sa casa. A gente tem que ir para um aparta­men­to, não dá. A casa é boa, tem árvores frutíferas no quin­tal, mas não dá para ficar repetindo esse tipo de situ­ação, porque começa a chover e a gente já não con­segue dormir”, con­tou.

A pou­cas ruas dali, Guiomar Meire­les viu a água do arroio Cav­al­ha­da subir mais de meio metro. Não era a primeira vez, mas ago­ra ela pôde levar os seus sete cachor­ros.

“Eu [já] fiquei com 75 cen­tímet­ros de água den­tro de casa, mas nun­ca saí porque eu lig­a­va, a Defe­sa Civ­il e os bombeiros que­ri­am me res­gatar só eu, e meus cachor­ros, não. E eu disse: ‘Aqui ninguém larga a pata de ninguém’. Dessa vez, eu pedi socor­ro e fui ouvi­da. Estou eu aqui na rua com os meus cachor­ros, à espera de um abri­go”, rela­tou, enquan­to cui­da­va dos ani­mais, acom­pan­ha­da por home­ns da Guar­da Civ­il Met­ro­pol­i­tana.

No mes­mo bair­ro, era pos­sív­el ver blinda­dos do Exérci­to, incluin­do um veícu­lo anfíbio, cir­cu­lan­do por vias já cober­tas por água e ofer­e­cen­do auxílio para a saí­da dos moradores.

Porto Alegre (RS), 23/05/2024 – CHUVAS/ RS - ENCHENTES - Exército faz o resgate de pessoas, após forte chuva em Porto Alegre. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Repro­dução: Mil­itares do Exérci­to res­gatam moradores de Por­to Ale­gre. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Lixo nas ruas e casas de bomba

Segun­do o Depar­ta­men­to Munic­i­pal de Água e Esgo­to (Dmae) da cap­i­tal, nas áreas onde não há estação de drenagem, a chu­va deságua por gravi­dade no cór­re­gos. “Como o nív­el destes arroios está ele­va­do, as águas da chu­va não têm para onde escoar. Por isso, acabam retor­nan­do pelas bocas-de-lobo”, infor­mou o órgão, em posta­gens nas redes soci­ais.

O entul­ho acu­mu­la­do nas ruas e em bueiros e o fun­ciona­men­to par­cial das casas de bombea­men­to, como no bair­ro Meni­no Deus, tam­bém con­tribuíram para o as inun­dações. O nív­el da água subiu rap­i­da­mente e afe­tou até mes­mo bair­ros que não havi­am sido atingi­dos até então. No cen­tro históri­co da cidade, o Mer­ca­do Públi­co, que pas­sa­va por limpeza, dis­pen­sou os fun­cionários por pre­caução. A água alagou o entorno, mas não voltou a invadir real­mente o local.

Porto Alegre (RS), 23/05/2024 – CHUVAS/ RS - ENCHENTES - Volta a chover forte em Porto Alegre e polícias fazem o resgatede uma idosa no bairro Menino Deus. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Repro­dução Moradores tiver­am que deixar casas após arroio trans­bor­dar e água invadir bair­ro. Idosa é res­gata­da. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Em cole­ti­va de impren­sa, o prefeito da cap­i­tal gaúcha, Sebastião Melo, disse que a gestão munic­i­pal sabia que havia a pos­si­bil­i­dade de mais chu­va forte e não foi pega de supres­sa.

» Veja a cober­tu­ra com­ple­ta da tragé­dia no RS

“Essa chu­va se con­cen­trou muito durante a man­hã, espe­cial­mente no Belém Novo. A notí­cia que me traz o Inmet [Insti­tu­to Nacional de Mete­o­rolo­gia] é que só na região sul [de Por­to Ale­gre] choveu 100 milímet­ros. Então, o que era um prob­le­ma das áreas ala­gadas esten­deu-se prati­ca­mente para toda a cidade com essa chu­vara­da e aí, nós temos sérios prob­le­mas, além das áreas ala­gadas”, afir­mou.

Melo tam­bém anun­ciou a sus­pen­são das aulas em Por­to Ale­gre e o fechamen­to das com­por­tas do Guaí­ba, porque a água parou de escoar e voltou a entrar na cidade. Algu­mas esco­las podem fun­cionar como abri­go tem­porário enquan­to estiverem fechadas para os estu­dantes.

Edição: Car­oli­na Pimentel

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