...
segunda-feira ,9 dezembro 2024
Home / Saúde / Covid-19: estudo mapeia contágio hospitalar nas primeiras mortes em BH

Covid-19: estudo mapeia contágio hospitalar nas primeiras mortes em BH

Repro­dução: © Roge­rio Santana/Governo do Rio de Janeiro

Quase um quarto delas pode estar associado a esse tipo de contágio


Pub­li­ca­do em 26/04/2023 — 07:48 Por Léo Rodrigues — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

ouvir:

Um estu­do desen­volvi­do pela Fac­ul­dade de Med­i­c­i­na da Uni­ver­si­dade Fed­er­al de Minas Gerais (UFMG) anal­isou as primeiras 100 mortes ocor­ri­das em decor­rên­cia da covid-19 na região met­ro­pol­i­tana de Belo Hor­i­zonte. Chamou a atenção dos pesquisadores que quase um quar­to delas pode estar asso­ci­a­do a uma trans­mis­são intra-hos­pi­ta­lar do coro­n­avírus cau­sador da doença.

Foram exam­i­na­dos os pron­tuários de 19 hos­pi­tais das redes públi­ca e par­tic­u­lar. É o primeiro estu­do region­al detal­ha­do no Brasil das mortes ini­ci­ais da pan­demia de covid-19.

A trans­mis­são intra-hos­pi­ta­lar ocorre quan­do o paciente entra no hos­pi­tal para tratar de out­ra condição de saúde e é infec­ta­do durante a inter­nação. A Agên­cia Nacional de Vig­ilân­cia San­itária (Anvisa) define alguns critérios para o enquadra­men­to desse tipo de con­tá­gio.

“É o caso da pes­soa que dá entra­da no hos­pi­tal sem uma infecção por covid-19 e, depois de sete dias, man­i­fes­ta sin­tomas, com um elo epi­demi­ológi­co de trans­mis­são. Ela pode ter fica­do ao lado de uma pes­soa que tin­ha covid-19. Se não hou­ver esse elo de trans­mis­são cer­to, deve-se con­sid­er­ar o inter­va­lo de 14 dias. Se ela começa com sin­tomas de covid-19 depois de 14 dias inter­na­da, então é con­sid­er­a­da infecção hos­pi­ta­lar”, expli­ca a infec­tol­o­gista Kari­na Napoles, que coor­de­nou a pesquisa e reuniu os resul­ta­dos em sua dis­ser­tação de mestra­do defen­di­da no ano pas­sa­do.

Além de 14 casos que se enquadraram nos critérios da Anvisa, a pesquisa lis­tou como pos­sív­el infecção hos­pi­ta­lar as demais ocor­rên­cias em que o paciente deu entra­da no hos­pi­tal com out­ro diag­nós­ti­co e apre­sen­tou sin­tomas de covid-19 pelo menos dois dias depois. “Como o perío­do de incubação do coro­n­avírus varia de 1 a 14 dias, a pes­soa pode pegar e man­i­fes­tar sin­tomas dali a dois dias”, jus­ti­fi­ca Kari­na.

As primeiras 100 mortes em Belo Hor­i­zonte ocor­reram entre 30 de março e 19 de jun­ho de 2020. Segun­do o mapea­men­to, hou­ve ao todo 24 casos em que o con­tá­gio pode ter ocor­ri­do em ambi­ente hos­pi­ta­lar.

Os resul­ta­dos do estu­do foram recen­te­mente encam­in­hados em arti­go para a Revista Médi­ca de Minas Gerais e os pesquisadores acred­i­tam que eles podem con­tribuir para mel­hores práti­cas na gestão da saúde. De acor­do com Kari­na, a trans­mis­são hos­pi­ta­lar foi pouco detec­ta­da no iní­cio da pan­demia.

“Acha­va-se que a covid-19 ia chegar com os sin­tomas bem man­i­fes­ta­dos. Eu observei que em um deter­mi­na­do hos­pi­tal que reg­istrou diver­sos casos de trans­mis­são, por exem­p­lo, hou­ve a tomo­grafia de um paciente idoso que demor­ou a ser checa­da. Os médi­cos tro­cam de turno, fazem plan­tões de rodízio. E nis­so demor­ou a análise e o diag­nós­ti­co de covid-19. Não é que hou­ve uma neg­ligên­cia, mas se pen­sa­va pouco na pos­si­bil­i­dade de ser covid-19 naque­le iní­cio de pan­demia. O idoso tin­ha poucos sin­tomas especí­fi­cos de covid-19 e nós ain­da não está­va­mos habit­u­a­dos a ess­es casos”.

Segun­do ela, com o alto risco de trans­mis­são hos­pi­ta­lar, a análise da tomo­grafia pre­cis­aria ter ocor­ri­do de for­ma mais célere. A pesquisado­ra tam­bém con­sid­era que pacientes que tin­ham diag­nós­ti­co con­fir­ma­do de covid-19 não dev­e­ri­am ter divi­di­do o mes­mo espaço com aque­les que tin­ham ape­nas sus­pei­ta. A sep­a­ração dos leitos seria uma medi­da san­itária fun­da­men­tal.

“Não pode mis­tu­rar nem os sus­peitos, porque um sus­peito pode ser pos­i­ti­vo e o out­ro ser neg­a­ti­vo. E aí aca­ba trans­mitin­do. Sabe­mos que, muitas vezes, o hos­pi­tal não tem estru­tu­ra, não tem condição. Mas o prin­ci­pal desafio, a meu ver, é esse: garan­tir a divisão de leitos”.

A pesquisa tam­bém traçou o per­fil das víti­mas. Foram 47 home­ns e 53 mul­heres. No recorte por idade, 71 tin­ham mais de 60 anos. Além dis­so, 57 eram par­dos ou pre­tos. Em média, as mortes ocor­reram 15 dias depois do iní­cio dos sin­tomas. A análise tam­bém mostrou que a hiperten­são esta­va pre­sente em 47 pacientes e dia­betes, em 32.

Edição: Graça Adju­to

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Mutirão atende população hoje, no dia de combate ao câncer de pele

Dermatologistas estarão de 10h às 15h em mais de 100 postos no país Agên­cia Brasil …