...
quinta-feira ,18 abril 2024
Home / Saúde / Covid-19: medo de contágio e perda de convívio podem gerar ansiedade

Covid-19: medo de contágio e perda de convívio podem gerar ansiedade

Repro­du­ção: © Rove­na Rosa/Agência Bra­sil

Ansiedade social é desafio na volta às atividades


Publi­ca­do em 10/10/2021 — 09:33 Por Cami­la Maci­el – Repór­ter da Agên­cia Bra­sil — São Pau­lo

Após lon­gos perío­dos de iso­la­men­to por cau­sa da covid-19, o retor­no às ati­vi­da­des pre­sen­ci­ais já é uma rea­li­da­de para mui­tos tra­ba­lha­do­res que fica­ram em casa na épo­ca mais crí­ti­ca da pan­de­mia. Com a reto­ma­da, no entan­to, algu­mas pes­so­as têm mani­fes­ta­do o que se conhe­ce como ansi­e­da­de soci­al. O medo da con­ta­mi­na­ção e a per­da da habi­li­da­de de con­ví­vio são aspec­tos que podem expli­car, nes­te momen­to, essa ques­tão de saú­de men­tal. O Dia Mun­di­al da Saú­de Men­tal, que ocor­re nes­te domin­go (10), mar­ca a impor­tân­cia de ter um olhar aten­to e sem estig­mas para o assun­to.

“A apre­en­são, o des­con­for­to, aque­la sen­sa­ção de evi­ta­ção, é mui­to comum para quem está retor­nan­do. [É pre­o­cu­pan­te] quan­do essa ansi­e­da­de pas­sa a ser mui­to inten­sa, a pon­to de gerar rea­ções físi­cas mui­to desa­gra­dá­veis, mui­to inten­sas, que não pas­sam a par­tir do pri­mei­ro con­ta­to”, expli­ca Flá­via Dal­pi­co­lo, pro­fes­so­ra do Depar­ta­men­to de Neu­ro­ci­ên­ci­as e Ciên­ci­as do Com­por­ta­men­to da Facul­da­de de Medi­ci­na de Ribei­rão Pre­to da Uni­ver­si­da­de de São Pau­lo (USP).

Flá­via, que é tam­bém psi­có­lo­ga, expli­ca que os sin­to­mas são simi­la­res aos da ansi­e­da­de por razões diver­sas, como apre­en­são, alte­ra­ção no padrão de res­pi­ra­ção e ele­va­ção da frequên­cia car­día­ca. “Só que [está] dire­ci­o­na­da às situ­a­ções que envol­vem con­tex­tos soci­ais, ou situ­a­ções envol­ven­do con­tex­tos de ava­li­a­ção de expo­si­ção, ou ain­da as situ­a­ções que envol­vem um volu­me mai­or de pes­so­as, ou mes­mo qual­quer situ­a­ção, mes­mo que seja um con­ta­to mais ínti­mo, mas que exis­ta a pos­si­bi­li­da­de de uma ava­li­a­ção [exter­na].”

A pro­fes­so­ra acres­cen­ta que a ansi­e­da­de soci­al cos­tu­ma ser mais fre­quen­te em pes­so­as que já viven­ci­a­ram situ­a­ções na his­tó­ria de vida em que foi expos­ta ou ridi­cu­la­ri­za­da, como casos de bullying, ou que têm habi­li­da­des soci­ais defi­ci­tá­ri­as, como timi­dez ou intro­ver­são.

“Ago­ra, por con­ta da pan­de­mia, com o retor­no das ati­vi­da­des pre­sen­ci­ais, os con­tex­tos soci­ais fica­ram mui­to mar­ca­dos como peri­go­sos, aver­si­vos. Tem sido bas­tan­te fre­quen­te que pes­so­as que nun­ca viven­ci­a­ram sen­ti­men­tos de ansi­e­da­de dian­te de encon­tros soci­ais ou de um volu­me mai­or de pes­so­as se sen­ti­rem ame­a­ça­das. Sen­ti­rem que ali pode ser uma situ­a­ção de poten­ci­al ris­co, e aí, a par­tir dis­so, desen­ca­dei­am-se rea­ções de ansi­e­da­de”, afir­ma.

Retomada das aulas

A pro­fes­so­ra Síl­via Almei­da, de 56 anos, con­se­guiu cum­prir a mai­or par­te das ati­vi­da­des remo­tas com seus alu­nos na pan­de­mia. Em pou­cos momen­tos, pre­ci­sou estar pre­sen­ci­al­men­te na esco­la, des­de o iní­cio das res­tri­ções por cau­sa do novo coro­na­ví­rus. Nes­se perío­do, ela con­ci­li­ou as aulas de edu­ca­ção físi­ca  na tela do com­pu­ta­dor com os cui­da­dos com a mãe e o tio, já ido­sos.

Com o retor­no das aulas, no entan­to, sem enten­der ao cer­to o que se pas­sa­va, Síl­via enca­rou um pro­ces­so rápi­do de ado­e­ci­men­to: ton­tu­ra, taqui­car­dia, fra­que­za, dores mus­cu­la­res e cri­ses agu­das de fibro­mi­al­gia. A filha per­ce­beu a neces­si­da­de de uma aju­da psi­quiá­tri­ca e, após 20 dias de medi­ca­ção anti­de­pres­si­va e de psi­co­te­ra­pia, a pro­fes­so­ra come­çou a melho­rar.

“Em alguns casos em que os sin­to­mas estão mui­to inten­sos, a gen­te pre­ci­sa da ava­li­a­ção psi­quiá­tri­ca soma­da à psi­co­te­ra­pia jus­ta­men­te para dimi­nuir a pre­sen­ça des­ses sin­to­mas”, expli­ca Flá­via Dal­pi­co­lo. A psi­có­lo­ga acres­cen­ta que, em casos não pato­ló­gi­cos, a ori­en­ta­ção é a expo­si­ção gra­du­al. “A gen­te não pre­ci­sa enfren­tar tudo de uma vez, pode ser gra­du­al­men­te, mas a expo­si­ção, o enfren­ta­men­to des­ses con­tex­tos, é o que nos per­mi­te desen­vol­ver reper­tó­rio, habi­li­da­de, para lidar com esse novo nor­mal.”

Edi­ção: Nádia Fran­co

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Entenda o que é o transtorno do espectro autista

Repro­du­ção: © Michal Parzuchowski/Pixabay Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo é celebrado neste dia …