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“Crime de mando”, diz filho de Mãe Bernadete, quilombola executada

Repro­dução: © Arte sobre foto de Walis­son Braga/Conaq

Mãe Bernadete recebia ameaças desde 2016 e foi morta a tiros em casa


Pub­li­ca­do em 18/08/2023 — 17:21 Por Lucas Pordeus León — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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O fil­ho de Maria Bernadete Pací­fi­co, lid­er­ança quilom­bo­la assas­si­na­da nes­sa quin­ta-feira (18), acred­i­ta que a morte da mãe foi um crime encomen­da­do por quem tem inter­esse no ter­ritório ocu­pa­do pelo Quilom­bo Pitan­ga dos Pal­mares, no municí­pio de Simões Fil­ho (BA). Maria Bernadete Pací­fi­co, de 72 anos, foi mor­ta a tiros na casa onde vivia.

Em entre­vista à TV Brasil, o fil­ho dela, Jurandir Welling­ton Pací­fi­co, infor­mou que a mãe era ameaça­da de morte des­de 2016 e avaliou que o assas­si­na­to dela é uma con­se­quên­cia da impunidade do assas­si­na­to do irmão dele e fil­ho de Bernadete, Flávio Gabriel Pací­fi­co dos San­tos, mais con­heci­do como Bin­ho do Quilom­bo, mor­to tam­bém a tiros em 2017.

“É crime de man­do, crime de exe­cução, não tem para onde cor­rer, igual ao de Bin­ho do Quilom­bo”, afir­mou o fil­ho da víti­ma. “Eu já per­di meu irmão, já per­di min­ha mãe, só res­ta eu, eu sou o próx­i­mo”, con­cluiu.

Jurandir fez um ape­lo ao gov­er­nador da Bahia, Jerôn­i­mo Rodrigues, e ao Min­istério da Justiça e Segu­rança Públi­ca para que eles deem uma respos­ta à sociedade.

 

Bahia (BA) - Jurandir Pacífico, filho da Maria Bernadete, líder quilombola assassinada na Bahia.Foto: Arquivo pessoal/Divulgação
Repro­dução: Simões Fil­ho (BA) — Jurandir Pací­fi­co, fil­ho de Maria Bernadete, líder quilom­bo­la assas­si­na­da na Bahia. Foto: Janaí­na Neri

Ques­tion­a­do sobre quem estaria por trás do assas­si­na­to, Jurandir respon­deu: “Espec­u­lação imo­bil­iária, gri­lagem de ter­ra, políti­ca, grandes empreendi­men­tos, tudo isso aí”.

Crime

Segun­do o fil­ho de Bernadete, o crime ocor­reu enquan­to ela via tele­visão.

“Ela esta­va sen­ta­da no sofá assistin­do com dois netos e mais duas cri­anças. Os dois meliantes aden­traram na casa, botaram as cri­anças no quar­to e exe­cu­taram min­ha mãe com mais de 20 tiros”, rela­tou.

O fil­ho de Bernadete desta­cou que a família sem­pre lid­er­ou a comu­nidade e que Bernadete há mais de 40 anos rep­re­sen­ta­va o quilom­bo, além de par­tic­i­par de movi­men­tos soci­ais lig­a­dos à cul­tura e ao movi­men­to negro.

“Ontem, Simões Fil­ho perdeu uma das maiores rep­re­sen­tantes da cul­tura do municí­pio. Chama­va-se Mãe Bernadete. Uma das maiores rep­re­sen­tantes do movi­men­to negro da Bahia, do Brasil e do mun­do”, lamen­tou.

Proteção à testemunha

Jurandir con­fir­mou que a mãe esta­va no pro­gra­ma de pro­teção à teste­munha e, por isso, havia câmeras em vol­ta da casa, mas que os poli­ci­ais só vis­i­tavam o local por 20 ou 30 min­u­tos por dia, não fican­do de pron­tidão na comu­nidade.

“Os meliantes sabi­am os horários que eles [os poli­ci­ais] iam e atacaram. Tan­to que na hora que executou min­ha mãe, cadê a pro­teção? A úni­ca coisa que ficou foram as câmeras que gravou”, afir­mou.

Edição: Car­oli­na Pimentel

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