...
sábado ,25 janeiro 2025
Home / Noticias / Cronistas comemoram instituição do Ano Nacional Fernando Sabino

Cronistas comemoram instituição do Ano Nacional Fernando Sabino

Repro­dução: © Bernar­do Sabino/Acervo Pes­soal

Escritor é considerado um dos grandes contadores de histórias do país


Pub­li­ca­do em 14/01/2024 — 10:28 Por Gilber­to Cos­ta – Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

ouvir:

É lei. O Con­gres­so Nacional decre­tou, o pres­i­dente Luiz Iná­cio Lula san­cio­nou e 2024 foi insti­tuí­do “o Ano Nacional Fer­nan­do Sabi­no, em comem­o­ração ao cen­tenário do nasci­men­to do escritor”, descreve a Lei nº 14.794, de 5 de janeiro de 2024.

O mineiro Fer­nan­do Sabi­no teria feito 100 anos em 12 de out­ubro do ano pas­sa­do. O pro­je­to da lei, apre­sen­ta­do em maio de 2023 pela dep­uta­da Bia Kicis (PL-DF), só ter­mi­nou sua trami­tação, ini­ci­a­da na Câmara dos Dep­uta­dos, em 20 de dezem­bro no plenário do Sena­do, que aprovou a pro­pos­ta relata­da pelo próprio pres­i­dente da Casa, Rodri­go Pacheco (PSD-MG).

Mas 2024 tam­bém tem uma efeméride com o escritor, que nasceu em Belo Hor­i­zonte. O ano mar­ca os 20 anos da morte de Fer­nan­do Sabi­no. Ele fale­ceu no dia 11 de out­ubro de 2004, um dia antes de com­ple­tar 81 anos, víti­ma de câncer no fíga­do.

Sabi­no é autor de 47 livros de crôni­cas, con­tos, romances, e pub­li­cações de cor­re­spondên­cias, como as 134 mis­si­vas envi­adas durante 50 anos a seus dile­tos ami­gos Paulo Mendes Cam­pos, Otto Lara Resende e Hélio Pel­le­gri­no e reg­istradas no livro Car­tas na mesa: os três par­ceiros, meus ami­gos para sem­pre pub­li­cadas (2002).

Romance de geração

A prin­ci­pal obra de Sabi­no é O Encon­tro Mar­ca­do, aut­oficção escri­ta em 1956 que já teve 100 edições. “Encon­tro Mar­ca­do é uma real­iza­ção mar­avil­hosa. É um romance de ger­ação que con­tin­ua falan­do para as ger­ações todas, uma atrás da out­ra”, comen­ta à Agên­cia Brasil o cro­nista e bió­grafo Hum­ber­to Wer­neck, autor de O desati­no da rapazi­a­da (2012), livro sobre a tra­jetória de jor­nal­is­tas e escritores mineiros – entre eles, Fer­nan­do Sabi­no.

Antes do suces­so, o escritor foi campeão sul-amer­i­cano em nado de costas (1939) e, na déca­da seguinte, ini­ciou o cur­so de dire­ito e ingres­sou no jor­nal­is­mo como reda­tor no anti­go jor­nal Fol­ha de Minas. “Ele fez mui­ta coisa na vida, mas a coisa que ele fez com mais empen­ho foi o cul­ti­vo do tal­en­to dele de escritor”, ressalta Wer­neck.

“Sabi­no intro­duz­iu uma maneira muito pes­soal e bem-suce­di­da de con­tar história. Um dos maiores con­ta­dores de história que a lit­er­atu­ra brasileira teve no sécu­lo 20. Com o mín­i­mo de meios, ele te con­ta mui­ta coisa”, diz Wer­neck, citan­do como exem­p­lo a crôni­ca Manobras de esquadrão – disponív­el no Por­tal da Crôni­ca Brasileira.

O tam­bém cro­nista e bió­grafo Joaquim Fer­reira dos San­tos cita de Fer­nan­do Sabi­no A últi­ma crôni­ca. “É uma peça comovente, a respeito da desigual­dade entre as famílias brasileiras. A cena é essa: num can­to do bar, pai, mãe e fil­ha – todos pre­tos – can­tam parabéns para a meni­na que sopra a velin­ha que não está no alto de um bolo, mas num úni­co raquíti­co pedaço. Era o que a família tin­ha para comem­o­rar no aniver­sário da meni­na. Era uma coisa tão lin­da, tão sen­ti­men­tal, tão bem escri­ta e muito brasileira.”

À Agên­cia Brasil, Joaquim Fer­reira dos San­tos sug­ere que que é pre­ciso comem­o­rar o Ano Nacional Fer­nan­do Sabi­no e pede que saiam novas edições de seus livros “para que esse grande autor brasileiro volte à novas ger­ações.”

Cancelamento

Há três meses, per­to da data de aniver­sário de Sabi­no, San­tos defend­eu, em sua crôni­ca sem­anal no jor­nal O Globo, “o des­cance­la­men­to” de Fer­nan­do Sabi­no”. Esta sem­ana voltou à car­ga comem­o­ran­do em novo tex­to a hom­e­nagem do ano: “Que bom! Des­cance­laram Sabi­no”.

O can­ce­la­men­to foi em razão da biografia Zélia, uma paixão (1991). “Ele caiu em des­graça quan­do resolveu faz­er o livro sobre a Zélia Car­doso de Mel­lo, a min­is­tra da Econo­mia do então pres­i­dente Fer­nan­do Col­lor. Essa asso­ci­ação de Sabi­no com o gov­er­no Col­lor foi muito ruim”, remem­o­ra San­tos.

Em nota envi­a­da por e‑mail à redação, Ruy Cas­tro diz que gos­tou “da ideia de dedicar um ano ao cen­tenário de escritores e artis­tas”, mas per­gun­ta “por que só a um? Meu ami­go Fer­nan­do Sabi­no foi um dos grandes nomes da cul­tura brasileira nasci­dos há um sécu­lo. Não o úni­co.”

De acor­do com Cas­tro, “out­ros foram o com­pos­i­tor e letrista Bil­ly Blan­co, autor da Sin­fo­nia do Rio de Janeiro, com Tom Jobim; o dra­matur­go e romancista João Bethen­court, autor de O dia em que rap­taram o papa, a peça brasileira mais ence­na­da no exte­ri­or, e intro­du­tor no Brasil de dezenas de grandes peças europeias, traduzi­das por ele; e o sam­bista, poeta e pin­tor Nel­son Sar­gen­to, autor do imor­tal sam­ba Agon­i­za, mas não morre, que meio que define o gênero. Acho que o Fer­nan­do, com sua mod­és­tia, con­cor­daria comi­go.”

Fer­nan­do Sabi­no gan­hou o Prêmio Fer­nan­do Chi­naglia (1962), da União Brasileira dos Escritores; o Prêmio Macha­do de Assis (1999), da Acad­e­mia Brasileira de Letras; e duas vezes o Prêmio Jabu­ti (1980 e 2002), da Câmara Brasileira do Livro.

O cor­po do escritor foi sepul­ta­do no no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, cidade em que morou a maior parte de sua vida. Na lápi­de de seu túmu­lo, o epitá­fio: “Aqui jaz Fer­nan­do Sabi­no, que nasceu homem e mor­reu meni­no.”

Edição: Nádia Fran­co

LOGO AG BRASIL

 

Você pode Gostar de:

Cinema brasileiro celebra indicações de Ainda Estou aqui ao Oscar

Fernanda Montenegro diz que coração está em estado de graça Elaine Patri­cia Cruz* – Repórter …