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Cuidado cardiovascular deve fazer parte do acompanhamento do diabetes

Alerta é de especialista que organizou material sobre o tema

Ana Cristi­na Cam­pos — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 26/04/2025 — 14:16
Rio de Janeiro
Brasília - Endocrinologista aconselha teste de glicemia para quem tem histórico da doença na família, pelo menos uma vez por ano, em jejum (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Repro­dução: © Marce­lo Camargo/Agência Brasil

O cuida­do no acom­pan­hamen­to de pacientes com dia­betes não pode se resumir ao con­t­role da gli­cose. Mem­bro da Sociedade de Car­di­olo­gia do Esta­do do Rio de Janeiro (Socerj), Bruno Ban­deira desta­ca que as com­pli­cações da doença podem estar forte­mente lig­adas a prob­le­mas car­dio­vas­cu­lares, crian­do quadros desafi­adores para a qual­i­dade de vida dos pacientes.

“O que mais pre­ocu­pa não é só a gli­cose alta. O dia­betes anda de mãos dadas com pressão ele­va­da e com coles­terol alto, o que aumen­ta o risco de infar­to, de aci­dente vas­cu­lar cere­bral (AVC) e insu­fi­ciên­cia renal. Dia­betes é uma das prin­ci­pais causas de hemod­iálise. Mui­ta gente só desco­bre a doença quan­do já existe a com­pli­cação grave. A doença gera sofri­men­to, inca­paci­ta e sobre­car­rega o sis­tema de saúde. Por isso, a pre­venção é tão urgente”, afir­ma Ban­deira.

O car­di­ol­o­gista é um dos edi­tores do man­u­al “Dia­betes e Doença Car­dio­vas­cu­lar”, que será lança­do no 42º Con­gres­so de Car­di­olo­gia, que ocorre entre os dias 8 e 9 de maio, no Expo Mag, no cen­tro do Rio de Janeiro. O man­u­al tra­ta, em oito capí­tu­los, de uma visão ampla sobre diag­nós­ti­co, estrat­i­fi­cação de risco, indi­vid­u­al­iza­ção ter­apêu­ti­ca, impacto das comor­bidades e estraté­gias práti­cas de acom­pan­hamen­to dos pacientes. O mate­r­i­al será disponi­bi­liza­do no site da Socerj após o lança­men­to.

“O novo man­u­al surge como uma fer­ra­men­ta fun­da­men­tal para o médi­co que está na lin­ha de frente e para o médi­co da atenção primária, que é aque­le que é o primeiro con­ta­to do paciente com o sis­tema de saúde”, expli­ca o edi­tor, que descreve de que for­ma essa aju­da se dá: “ofer­e­cen­do ori­en­tações claras sobre como realizar a avali­ação clíni­ca, ras­trear com­pli­cações car­dio­vas­cu­lares — que são algu­mas das mais graves con­se­quên­cias do dia­betes — e escol­her o trata­men­to mais ade­qua­do, seja ele far­ma­cológi­co ou cirúr­gi­co”.

Novos medicamentos

Na visão do car­di­ol­o­gista da Socerj, o adven­to de novas dro­gas para o trata­men­to do dia­betes, com impacto com­pro­va­do na redução do risco car­dio­vas­cu­lar, trouxe per­spec­ti­vas trans­for­mado­ras para a abor­dagem ter­apêu­ti­ca integra­da. Segun­do Ban­deira, ess­es novos medica­men­tos mudam a lóg­i­ca do trata­men­to. O foco deixa de ser ape­nas o con­t­role da gli­cose e pas­sa a ser o paciente como um todo, ao tratar o dia­betes ten­tan­do evi­tar um pos­sív­el prob­le­ma cardía­co.

“As novas dro­gas para o trata­men­to do dia­betes são uma rev­olução silen­ciosa na med­i­c­i­na. Esta­mos falan­do de potentes medica­men­tos chama­dos de inibidores da SGLT2 (cotrans­porta­dor de gli­cose sódi­ca 2), os ago­nistas do GLP1 (pep­tídeo semel­hante ao glucagon‑1) muito impor­tantes hoje na práti­ca médi­ca. Ess­es remé­dios aju­dam con­tro­lar a gli­cose e, ao mes­mo tem­po, pro­tegem o coração e os rins. Ou seja, os mecan­is­mos de ação são múlti­p­los. Hoje, até se fala de redução do risco de Alzheimer”, diz Ban­deira.

O médi­co espe­cial­ista tam­bém cita medica­men­tos com as sub­stân­cias empaglifloz­i­na e dapaglifloz­i­na que são orais. “A dapaglifloz­i­na, hoje, está sendo lib­er­a­da gra­tuita­mente para pacientes dia­béti­cos aci­ma de 65 anos no SUS. Tam­bém temos a semaglu­ti­da, que é um medica­men­to sub­cutâ­neo, uma das cane­tas para ema­grec­i­men­to, mas que na ver­dade serve para o con­t­role do dia­betes. Em pacientes obe­sos, reduz tam­bém o peso”.

Brasília (DF), 08/03/2025 - Anvisa aprova a Awiqli, primeira insulina semanal para tratar diabetes 1 e 2. Foto: Awiqli/Divulgação
Repro­dução: Anvisa apro­va a Awiqli, primeira insuli­na sem­anal para tratar dia­betes 1 e 2. Foto: Awiqli/Divulgação

Desafio de saúde pública

O sub­co­or­de­nador do Depar­ta­men­to de Dia­betes da Sociedade Brasileira de Endocrinolo­gia e Metabolo­gia (SBEM) e vice-pres­i­dente da Sociedade Brasileira de Dia­betes (SBD), Saulo Cav­al­can­ti, tam­bém acred­i­ta que o dia­betes é um dos maiores desafios da saúde, não só no Brasil, como no mun­do.

“Emb­o­ra a doença seja con­heci­da des­de 1.500 antes de Cristo, ain­da hoje uma pes­soa morre a cada sete segun­dos no mun­do por com­pli­cações cau­sadas pelo dia­betes, segun­do a Fed­er­ação Inter­na­cional de Dia­betes”, disse Cav­al­can­ti.

O endocri­nol­o­gista acres­cen­ta que a fal­ta de esclarec­i­men­to sobre a doença, o cus­to ele­va­do do trata­men­to e a baixa aderên­cia dos pacientes difi­cul­tam a super­ação desse desafio.

A prevalên­cia de dia­betes no país é de 10,2% da pop­u­lação, rep­re­sen­tan­do cer­ca de 20 mil­hões de pes­soas, de acor­do com a pesquisa Vig­i­tel Brasil 2023 ─ Vig­ilân­cia de Fatores de Risco e Pro­teção para Doenças Crôni­cas por Inquéri­to Tele­fôni­co. Esse número rep­re­sen­ta aumen­to em com­para­ção a 2021, quan­do a taxa era de 9,1%. O lev­an­ta­men­to mais recente tam­bém rev­ela que o diag­nós­ti­co da doença é mais comum entre as mul­heres (11,1%) do que entre os home­ns (9,1%)

De acor­do com o sub­co­or­de­nador do Depar­ta­men­to de Dia­betes da SBEM, o dia­betes tipo 1 responde por 8% dos casos, e o tipo 2, por 90%. “Por estarem ass­in­tomáti­cos, ape­nas cer­ca de 45% deles [pacientes do tipo 2] sabem que são dia­béti­cos, e não fazem trata­men­to. O dia­betes causa lesões em vários órgãos como coração, rins, cére­bro e olhos. A maio­r­ia dos dia­béti­cos chega para o médi­co em fas­es avançadas da doença com prognós­ti­co pior. Dia­betes não tem cura, tem con­t­role”.

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