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Cultura anuncia recursos para filmes dirigidos por mulheres estreantes

Repro­dução: © Fabio Rodrigues-Pozze­bom/ Agên­cia Brasil

Edital Ruth de Souza selecionará dez propostas de longas-metragens


Pub­li­ca­do em 28/04/2023 — 20:29 Por Elaine Patri­cia Cruz – Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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A min­is­tra da Cul­tura, Mar­gareth Menezes, lançou, nes­ta sex­ta-feira (28), na Cin­e­mate­ca Brasileira, em São Paulo, edi­tal para seleção de dez pro­postas de lon­gas-metra­gens dirigi­dos por mul­heres estre­antes no audio­vi­su­al. Chama­do de Ruth de Souza, o edi­tal terá R$ 20 mil­hões em recur­sos, sendo R$ 2 mil­hões para cada filme sele­ciona­do.

De acor­do com a min­is­tra, além de ser uma hom­e­nagem à atriz Ruth de Souza, primeira artista negra a con­quis­tar pro­jeção na dra­matur­gia brasileira e primeira brasileira indi­ca­da a um prêmio inter­na­cional de cin­e­ma, o edi­tal pre­tende pro­mover, ampli­ar e estim­u­lar a par­tic­i­pação de mul­heres na direção de filmes brasileiros. A atriz Ruth de Souza mor­reu em jul­ho de 2019, aos 98 anos.

Segun­do Déb­o­ra Ivanov, que foi dire­to­ra da Agên­cia Nacional de Cin­e­ma (Ancine) e ago­ra está à frente do pro­je­to +Mul­heres Lid­er­anças no Audio­vi­su­al Brasileiro, um estu­do feito pela insti­tu­ição demon­strou que a par­tic­i­pação de mul­heres em pro­je­tos de direção e de roteiro no cin­e­ma nacional é muito baixa.

Entre mais de 2 mil obras anal­isadas no estu­do, mul­heres foram respon­sáveis por ape­nas 20% do total pro­duzi­do. “É pre­ciso usar o poder do audio­vi­su­al para a mudança. E, para mudar a real­i­dade nas telas, é pre­ciso começar mudan­do a real­i­dade por trás das telas. Em uma sociedade cada vez mais per­pas­sa­da por ima­gens e sons, pre­cisamos, com urgên­cia, de uma pro­dução mais diver­sa, que ven­ha espel­har a real­i­dade do mun­do em que vive­mos e que­brar esse ciclo vicioso que per­pet­ua estereóti­pos e pre­con­ceitos. E o lança­men­to do Edi­tal Ruth de Souza mar­ca a retoma­da dessa pau­ta tão cara para nós”, disse Déb­o­ra durante o even­to.

Além de val­orizar as cineas­tas, o pro­je­to bus­ca ampli­ar a par­tic­i­pação de mul­heres negras e indí­ge­nas no audio­vi­su­al. É por isso que o edi­tal pre­vê que pelo menos três pro­je­tos escol­hi­dos sejam de filmes dirigi­dos por negras e pelo menos dois, por mul­heres indí­ge­nas.

“O Edi­tal Ruth de Souza vai apoiar a pro­dução de dez filmes, com aporte de R$ 2 mil­hões para cada filme, dois de cada região do Brasil. Esta­mos fazen­do tam­bém um recorte de mul­heres negras e mul­heres indí­ge­nas porque há pou­ca opor­tu­nidade para que elas diri­jam um lon­ga-metragem. Esta é uma ação que visa poten­cializar a pro­dução das mul­heres cineas­tas do Brasil”, disse Mar­gareth Menezes.

As inscrições são gra­tu­itas e poderão ser feitas de 15 de maio a 14 de jul­ho no por­tal Mapa da Cul­tura.

Cinemateca

Fachada da Cinemateca Brasileira, instituição responsável pela preservação da produção audiovisual brasileira, na Vila Clementino.
Repro­dução: Cul­tura repas­sará R$ 74 mil­hões para recu­per­ar  Cin­e­mate­ca Brasileira, que ficou 16 meses fecha­da — Arquivo/Agência Brasil

Durante o even­to de hoje, a min­is­tra da Cul­tura anun­ciou tam­bém o repasse de R$ 24 mil­hões para a Cin­e­mate­ca Brasileira. De acor­do com a secretária de Audio­vi­su­al, Joel­ma Gon­za­ga, o aporte é 30% maior do que era garan­ti­do ante­ri­or­mente à insti­tu­ição.

A Cin­e­mate­ca Brasileira guar­da o maior acer­vo de filmes da Améri­ca do Sul e é um impor­tante instru­men­to para a preser­vação da memória do cin­e­ma e do audio­vi­su­al brasileiros.

Nos últi­mos anos, a Cin­e­mate­ca Brasileira sofreu com enchentes, incên­dios e um grande desmonte de sua estru­tu­ra. Isso agravou-se a par­tir de 2020, quan­do a insti­tu­ição ficou fecha­da por um perío­do de 16 meses, o que colo­cou em severo risco a preser­vação de seu acer­vo. “Um acer­vo pre­cioso ficou sem acom­pan­hamen­to téc­ni­co por 16 meses. Tudo foi tran­ca­do, sem que ninguém pudesse entrar. Um total de 45 mil títu­los ficou sem nen­hu­ma assistên­cia nesse perío­do”, reclam­ou a dire­to­ra-ger­al da Cin­e­mate­ca, Maria Dora Mourão, que par­ticipou do even­to de hoje com a min­is­tra da Cul­tura.

Segun­do Maria Dora, o tra­bal­ho de con­ser­vação está sendo retoma­do, mas a Cin­e­mate­ca ain­da não con­ta com a mes­ma estru­tu­ra que tin­ha antes da crise. “Hoje temos 80 colab­o­radores. Até o final deste ano, deve­mos chegar a 100. Antes da crise, tín­hamos 150 téc­ni­cos e colab­o­radores.”

“Pre­cisamos super­ar as dores da inun­dação e do incên­dio que atin­gi­ram nos­sa memória do audio­vi­su­al em tem­pos recentes, com muito tra­bal­ho, pro­gra­mas, pro­je­tos e par­tic­i­pação insti­tu­cional e social. Por isso, cel­e­bramos a assi­natu­ra do novo con­tra­to de gestão da Cin­e­mate­ca Brasileira com a Sociedade Ami­gos da Cin­e­mate­ca [que gere a insti­tu­ição], que foi adi­ti­va­do em val­ores 30% maiores do que seu val­or orig­i­nal”, disse Joel­ma.

A min­is­tra Mar­gareth Menezes enfa­ti­zou que seu grande obje­ti­vo à frente da pas­ta é retomar a importân­cia da cul­tura brasileira. “Quer­e­mos for­t­ale­cer a cul­tura do Brasil. Quer­e­mos que a cul­tura se torne uma políti­ca de Esta­do no país”, afir­mou.

Edição: Nádia Fran­co

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