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Cultura do cacau em Ilhéus atrai turismo histórico dos tempos de auge

Repro­dução: © Reprodução/ TV Brasil

Fruto trouxe também desenvolvimento, fama e turismo


Pub­li­ca­do em 05/11/2022 — 10:24 Por Flavia Peixo­to e Cari­na Doura­do — Repórteres da TV Brasil — Brasília

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Do cacau vem o choco­late — mas para Ilhéus, o fru­to trouxe tam­bém desen­volvi­men­to, fama e tur­is­mo. De acha­dos históri­cos da cidade aos cenários de livros de Jorge Ama­do, das fazen­das cen­tenárias ao uso do choco­late fora da gas­trono­mia, a cidade ofer­ece ao vis­i­tante várias opções para mer­gul­har no uni­ver­so que essa plan­ta trouxe para a humanidade.

A par­tir do sécu­lo 18, o inter­esse da aris­toc­ra­cia européia pelo choco­late fez a deman­da aumen­tar e o pro­du­to se pop­u­larizar. Já em 1904, segun­do o his­to­ri­ador André Luiz Rosa Ribeiro, o cacau era o prin­ci­pal pro­du­to da Bahia, sub­sti­tuin­do o fumo do Recôn­ca­vo Baiano. Ilhéus, a prin­ci­pal cidade da região pro­du­to­ra, logo começou a se mod­ern­izar. “Com a con­strução de palacetes, ruas, calça­men­tos, praças, a prin­ci­pal refer­ên­cia era Paris”, con­ta o his­to­ri­ador.

Era o auge do cacau, com seus coro­néis,  fazen­das e uma cidade para des­fru­tar os resul­ta­dos da pro­dução. É dessa memória que parte da lit­er­atu­ra de um dos fil­hos mais ilus­tres de Ilhéus que o sul da Bahia ain­da vive. “Jorge Ama­do talvez seja, na lit­er­atu­ra, o tradu­tor, a pes­soa mais impor­tante e sig­ni­fica­ti­va que nós pro­duz­i­mos para falar sobre nós mes­mos, porque ele é fil­ho da região”, pen­sa André Luiz. Como o próprio Jorge Ama­do se referiu à cidade natal, no livro São Jorge dos Ilhéus, de 1944, “a ter­ra dá fru­tos de ouro”.

O palacete onde o escritor pas­sou parte da infân­cia e da ado­lescên­cia é hoje a Casa de Cul­tura Jorge Ama­do. Entrar no local é reviv­er um pouco desse pas­sa­do do apogeu de Ilhéus. O pai dele, um fazen­deiro de cacau, con­stru­iu o palacete nos anos 1920. Hoje, além de expor fotos, roupas, histórias da família e livros de Jorge Ama­do, o pré­dio tam­bém tem o poder de levar os vis­i­tantes para out­ra época. Das janelas é pos­sív­el ver um out­ro lugar impor­tante para a cidade, o bar Vesúvio, que foi imor­tal­iza­do no livro Gabriela, Cra­vo e Canela, de 1958.

Da vida real para os livros

No livro, um dos per­son­agens, Nacib, era o dono do bar e se casa com Gabriela, que era a coz­in­heira do esta­b­elec­i­men­to. Ambos são inspi­ra­dos em pes­soas reais que tin­ham out­ros nomes. Do out­ro lado do quar­teirão, fun­ciona­va o cabaré e cassi­no Bat­a­clan, aber­to em 1920. Segun­do o guia do local e ator Bruno Belém, o ado­les­cente Jorge Ama­do tam­bém se aven­tu­ra­va por ali e teria sido ele que rev­el­ou um seg­re­do guarda­do a sete chaves pelos coro­néis: uma pas­sagem ocul­ta entre o bar e o cabaré, para que os coro­néis não fos­sem fla­gra­dos ali.

O guia con­ta as histórias que cor­rem pela cidade: que na hora da mis­sa, os mari­dos aproveitavam as esposas ocu­padas com a fé para ir até o Bat­a­clan, na época coman­da­do pela cafeti­na Maria Machadão. Uma pas­sagem da coz­in­ha do Vesúvio saía nos quin­tais de algu­mas casas até chegar ao bor­del e era a rota de fuga dos coro­néis.

Bruno Belém diz que até o bis­po foi envolvi­do na história. “A mis­sa era cur­ta demais e os coro­néis, revolta­dos, foram até a igre­ja e falaram ‘pro­longue a mis­sa’… e o bis­po teve que falar ‘seja fei­ta a vos­sa von­tade’. A mis­sa que dura­va uma hora e meia pas­sou a ser de seis horas”, con­ta, sob os olhares arregal­a­dos dos tur­is­tas.

Hoje, essas histórias são nar­radas durante um tour feito pelo guia no Bat­a­clan, onde os tur­is­tas podem con­hecer os quar­tos de quem ali tra­bal­ha­va e vivia. Um dos prin­ci­pais atra­tivos é a pos­si­bil­i­dade de se vestir como se estivesse no cabaré daque­les tem­pos para tirar foto e se imag­i­nar na pele daque­les per­son­agens.

Tam­bém é pos­sív­el se deli­ciar com o pro­du­to mais pre­sente na cidade. À frente da coz­in­ha do Bat­a­clan, o chef Dill Guimarães sele­cio­nou pratos que reme­tem à fama da cidade: quei­jo coal­ho com melaço de cacau e petit gateau com sorvete de creme e nibs de cacau são alguns que ele desta­ca no cardá­pio. “A gente está em Ilhéus, sul da Bahia, onde o nome cacau é muito forte, por isso temos essa pre­ocu­pação de faz­er a com­bi­nação dos pratos para quan­do o cliente chegar aqui, ter o sabor da região”, expli­ca.

Janini Selva Ginani e família se hospedam em fazenda de cacau
Repro­dução: Jani­ni Sel­va Ginani e família se hospedam em fazen­da de cacau — Repro­dução / TV Brasil

Cacau para relaxar

Se Ilhéus tem mui­ta história e muitos pratos a serem degus­ta­dos, a ter­apeu­ta Mar­i­ana Reis pen­sou em uma out­ra pos­si­bil­i­dade para os vis­i­tantes: um spa de cacau e choco­late. No Meu Queri­do Spa é pos­sív­el relaxar sem com­er ou beber o pro­du­to que já foi con­sid­er­a­do dos deuses. “Quan­do a gente fala de cacau e choco­late para a saúde, a gente já asso­cia essa sen­sação de des­per­tar hor­mônios da ale­gria”, diz.

Ali, é pos­sív­el faz­er várias ter­apias com choco­late. Uma delas é a más­cara facial, que não ape­nas nutre a pele, mas traz out­ras sur­pre­sas. “A sen­sação do cheiro, as tex­turas que ele traz, tudo isso é ter­apêu­ti­co”, afir­ma Mar­i­ana. Os bene­fí­cios estéti­cos, segun­do ela, vão des­de estim­u­lar o reju­ve­nesci­men­to ao clarea­men­to da pele usan­do o cacau. “Com o choco­late, a gente con­segue um resul­ta­do de cuida­do, bem estar, ale­gria e é isso o que a gente quer traz­er para as pes­soas”, expli­ca.

Se a ideia for relaxar, ain­da é pos­sív­el se hospedar em fazen­das cen­tenárias da região. A Fazen­da Pro­visão pas­sou de ger­ação em ger­ação den­tro da mes­ma família. Ain­da pro­duz cacau, mas tam­bém hospe­da quem quis­er ter a exper­iên­cia de reviv­er os tem­pos áure­os de Ilhéus. Além de uma sede em esti­lo colo­nial, a fazen­da pos­sui obje­tos de arte sacra do sécu­lo XIX, que per­tence­r­am a um dos donos, e man­tém móveis e uten­sílios da época dos coro­néis.

O vis­i­tante tam­bém pode con­hecer todas as eta­pas da col­hei­ta do cacau, ben­e­fi­ci­a­men­to das amên­doas, como fer­men­tação e secagem. Foi o que atraiu a família de Jani­ni Sel­va Ginani, servi­do­ra públi­ca que mora em Brasília, que decid­iu se hospedar no local. “Essa opor­tu­nidade de viv­er um pouquin­ho o que é esse Brasil rur­al, o que é essa exper­iên­cia de tur­is­mo difer­ente, próx­i­mo a natureza, per­to das nos­sas raízes, foi super gos­toso”, garante.

Matéria atu­al­iza­da às 14h23.

Edição: Lílian Beral­do

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