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Cultura hip-hop ganha espaço como importante setor cultural do Brasil

Repro­dução: © José Cruz/Agência Brasil

Ritmo busca oportunidades em evento de mercado criativo


Pub­li­ca­do em 11/11/2023 — 18:03 Por Gésio Pas­sos — Repórter Rádio Nacional* — Belém

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Da tran­sição da arte mar­gin­al para um con­cor­ri­do espaço no mer­ca­do cria­ti­vo. A cul­tura hip-hop cresce e se con­sol­i­da como um impor­tante setor cul­tur­al no país. No ano que se comem­o­ra 40 anos do movi­men­to no Brasil, unin­do os ele­men­tos do breake (a dança), DJ (a músi­ca), MC (rima e poe­sia) e o grafite (a arte visu­al), o hip-hop bus­ca espaço no mer­ca­do e nas políti­cas públi­cas.

Durante o 3º Mer­ca­do das Indús­trias Cria­ti­vas do Brasil (MICBR), even­to que ocorre até este domin­go em Belém, no Pará, o hip-hop con­quis­tou um espaço rel­e­vante, sendo incluí­do como setor cria­ti­vo especí­fi­co, jun­to com out­ros 15 seg­men­tos, como teatro, dança, músi­ca, audio­vi­su­al e o cir­co, por exem­p­lo.

O DJ Raf­fa San­toro, pio­neiro do hip-hop no Dis­tri­to Fed­er­al, pro­duz artis­tas em diver­sos esta­dos do país. No MICBR ele bus­ca vender seus serviços de pro­dução musi­cal e tam­bém pro­mover artis­tas do seu selo musi­cal. Para ele, o movi­men­to ain­da está engat­in­han­do no mer­ca­do.

“Infe­liz­mente (o hip-hop) ain­da é mar­gin­al­iza­do, ain­da tem mui­ta mar­gin­al­iza­ção em cima do tipo de arte que a gente faz. Mas todas essas coisas que estão acon­te­cen­do aqui (MICBR), por exem­p­lo, de você estar nes­sas reuniões de negó­cios, só mostra que o hip-hop está começan­do a estar em out­ro pata­mar, sendo val­oriza­do de uma out­ra maneira, com as empre­sas apo­s­tan­do, vários fes­ti­vais. Esta­mos começan­do a engat­in­har e mel­ho­rar essa situ­ação de deixar de ser mar­gin­al­iza­dos, mas o cam­in­ho ain­da é uma lon­ga estra­da”, rela­ta DJ Raf­fa.

A con­sul­to­ra de negó­cios do MICBR, Udi San­tos, de Sal­vador, afir­ma que a cul­tura hip-hop tem uma iden­ti­dade própria, uma mul­ti­lin­guagem, que per­mite uma val­oriza­ção do seg­men­to.

“Esta­mos começan­do a virar a chave, enten­den­do como se fun­ciona den­tro da indús­tria cria­ti­va. Porque a gente já faz isso muito bem de for­ma sep­a­ra­da. Você vê o grafite den­tro das artes visuais, nós temos, por exem­p­lo, hoje, o break nas olimpíadas, a gente vê os rap­pers fazen­do maiores suces­sos, os DJs tam­bém. Todos ess­es ele­men­tos, que o públi­co vê de for­ma sep­a­ra­da, eles fazem parte dessa cul­tura. Então a gente con­segue estar den­tro dessa econo­mia cria­ti­va e vender mes­mo a nos­sa arte quan­to pro­du­to”, propõe Udi.

O pro­du­tor cul­tur­al e MC Sub­ver­si­vo esteve no even­to bus­can­do parce­rias para o pro­je­to Cri­anças do Gue­to, volta­do a for­mação na cul­tura hip-hop na per­ife­ria de Man­aus (AM). Para ele, o mer­ca­do é bas­tante foca­do na região sud­este, o que aca­ba dan­do pou­ca divul­gação para artis­tas do Norte do país.

“Mas tam­bém fal­ta o incen­ti­vo à cul­tura, do próprio gov­er­no do meu esta­do, temos algu­mas movi­men­tações cul­tur­ais para pleit­ear edi­tais e fomen­to para que a gente pos­sa ter cap­tação de recur­sos para o movi­men­tan­do. Tan­to de quem está começan­do ago­ra quan­to os mais expe­ri­entes têm uma cer­ta difi­cul­dade. Temos uma cer­ta difi­cul­dade de ser Mc Norte e ten­tar expandir o tra­bal­ho, mas seguimos aí nes­sa cam­in­ha­da”, afir­ma Sub­ver­si­vo.

Intercâmbio

Pre­sente no MICBR, esteve tam­bém o pro­du­tor John Rodrigues, que orga­ni­za o maior fes­ti­val lati­no-amer­i­cano dessa cul­tura, o Hip-Hop al Park da Colôm­bia. Ele desta­ca importân­cia do movi­men­to, que além de ser uma fer­ra­men­ta de trans­for­mação social pela paz no país, hoje tem uma grande aceitação no país. Rodrigues defende um inter­câm­bio entre artis­tas brasileiros para o cresci­men­to do mer­ca­do.

“Esta­mos esta­b­ele­cen­do relações para poder ger­ar inter­câm­bios entre o hip-hop do Brasil e o hip-hop da Colôm­bia. Nos­so fes­ti­val é o mais impor­tante da Améri­ca Lati­na. É um fes­ti­val para 150 mil pes­soas, onde temos con­vi­da­dos dos Esta­dos Unidos Méx­i­co, Chile, Venezuela, mas temos tido muito pou­ca par­tic­i­pação de Brasil. Então quer­e­mos mostrar a importân­cia deste públi­co, mostrar que o hip-hop é glob­al”, afir­ma.

O argenti­no Pablo Ver­gara, pro­du­tor musi­cal da Milo Records, diz que o hip-hop tam­bém pas­sa por um momen­to de cresci­men­to no seu país, com grande fomen­to tam­bém por políti­cas públi­cas. Ape­sar da bar­reira da lin­guagem, ele tam­bém bus­ca realizar encon­tro entre artis­tas para super­ar essas bar­reiras.

“Vim bus­car faz­er a conexão com artis­tas daqui para poder mis­tu­rar a cul­tura da Argenti­na com a cul­tura do Brasil. Estou ouvin­do a músi­ca (hip-hop) fei­ta aqui, com raízes do Brasil, para poder então faz­er essa relação, traz­er artis­tas da Argenti­na para cá e brasileiros para lá”, diz Pablo.

Edital

O Min­istério da Cul­tura lançou, em out­ubro, um edi­tal especí­fi­co para pre­mi­ar 325 ini­cia­ti­vas da cul­tura hip-hop. O Prêmio Cul­tura Viva — Con­strução Nacional do Hip-Hop vai apoiar pes­soas físi­cas, gru­pos ou cole­tivos e insti­tu­ições sem fins lucra­tivos em um total de 6 mil­hões de reais. As inscrições são até 11 de dezem­bro.

*O repórter via­jou a con­vite do MinC

Edição: Aline Leal

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