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Cursinhos populares preparam para o Enem e mobilizam lutas sociais

Repro­dução: © Arqui­vo Agên­cia Brasil

Em SP, Educafro Brasil combate desigualdade educacional


Pub­li­ca­do em 14/10/2023 — 12:55 Por Cami­la Boehm – Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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Os cursin­hos pop­u­lares volta­dos para públi­cos especí­fi­cos bus­cam preparar para o Exame Nacional do Ensi­no Médio (Enem), além de mobi­lizar lutas soci­ais. É o caso do cursin­ho da Edu­cafro Brasil, em São Paulo, volta­do para a pop­u­lação negra e per­iféri­ca, que tem como meta o aces­so à uni­ver­si­dade e com­bat­er a desigual­dade edu­ca­cional.

“Nós temos a mis­são de entre­gar à fac­ul­dade não só um aluno que passe na pro­va tradi­cional da fac­ul­dade, nós temos a mis­são de entre­gar um aluno ques­tion­ador e luta­dor para aju­dar a faz­er acon­te­cer as grandes trans­for­mações que son­hamos”, disse o dire­tor-exec­u­ti­vo da Edu­cafro, frei Davi.

Ele expli­cou que os estu­dantes têm aula de cul­tura e cidada­nia, com mes­ma car­ga horária das demais aulas como por­tuguês e matemáti­ca, em que se tra­bal­ha forte­mente o com­bate ao racis­mo.

“Nos­so son­ho é que ess­es alunos que vão ingres­sar nas uni­ver­si­dades públi­cas ten­ham a capaci­dade de ques­tionar o cur­rícu­lo dessas uni­ver­si­dades que são exager­ada­mente eurocên­tri­c­as e mar­gin­al­izam todo o saber afro e indí­ge­na”, rev­el­ou.

“Nós quer­e­mos a uni­ver­si­dade plur­al tam­bém na sua ped­a­gogia, na sua metodolo­gia. Por exem­p­lo, é um absur­do que grande parte das uni­ver­si­dades públi­cas, dos vestibu­lares, não cobra livros de autores africanos, isso é um aten­ta­do con­tra nós afro-brasileiros, só cobram livros de autores de origem europeia, isso não está cer­to”, acres­cen­tou.

Responsabilidade

Out­ro prob­le­ma apon­ta­do pelo dire­tor é a fal­ta de respon­s­abil­i­dade de suces­sivos gov­er­nantes que ocu­param o Min­istério da Edu­cação ao não garan­tir a per­manên­cia de estu­dantes negros nas uni­ver­si­dades por fal­ta de políti­cas públi­cas. Segun­do ele, a situ­ação ger­ou grande estra­go aos jovens negros que entraram na uni­ver­si­dade e depois pre­cis­aram aban­doná-la por difi­cul­dades finan­ceiras.

“O gov­er­no fed­er­al, quan­do ado­tou cotas, prom­e­teu que todos os alunos que tivessem como ren­da até um salário-mín­i­mo e meio, todos eles rece­be­ri­am ime­di­ata­mente bol­sa mora­dia e bol­sa de ali­men­tação. E o gov­er­no até hoje não bota isso em práti­ca”, reivin­di­cou.

Luiz Hen­rique, de 24 anos, está se preparan­do para o Exame Nacional do Ensi­no Médio (Enem) deste ano por meio do cur­so preparatório para vestibu­lares que a Edu­cafro ofer­ece. “A Edu­cafro foi o que nos per­mi­tiu ir além do ensi­no, que geral­mente é defi­ciente, nas esco­las públi­cas, que é ofer­e­ci­do para nós, porém, não só isso, como tam­bém a Edu­cafro é um meio de reunir várias pes­soas sob a mes­ma égide, da luta con­tra o racis­mo através de pau­tas sociopolíti­cas e econômi­cas”, ressaltou.

Ele pre­tende faz­er a grad­u­ação em Engen­haria Meca­trôni­ca, Dire­ito ou Engen­haria da Com­putação, mas esse não é um obje­ti­vo iso­la­do para o estu­dante. “Para nós, a importân­cia que damos para o ensi­no supe­ri­or se baseia não só na qual­i­dade de ensi­no e na pos­si­bil­i­dade de uma car­reira digna a um nív­el indi­vid­ual, como tam­bém na opor­tu­nidade de ala­van­car o cole­ti­vo do povo negro a pos­suir as mes­mas pos­si­bil­i­dades ofer­e­ci­das a out­ras etnias, através de uma rede de apoio e de con­tatos, tor­nan­do o ensi­no supe­ri­or de qual­i­dade”, disse.

O estu­dante apon­ta ain­da que a escol­ha das profis­sões pas­sa por um dese­jo de con­strução cole­ti­va da sociedade. Sobre a Engen­haria Meca­trôni­ca, ele acred­i­ta ser uma área impor­tante para a sobera­nia nacional, e rela­cio­nou os out­ros dois cur­sos dire­ta­mente ao com­bate ao racis­mo.

“Dire­ito, pois acred­i­to que é o mel­hor cur­so para pro­te­ger a pop­u­lação negra das injúrias cometi­das seja no mer­ca­do de tra­bal­ho ou pelas insti­tu­ições que dev­e­ri­am nos pro­te­ger, porém, abusam do poder que é con­fi­a­do a eles, e Engen­haria da Com­putação, porque é uma área que está em alta, e quero faz­er parte dos esforços da pop­u­lação negra para o aces­so a essa”, final­i­zou.

Pontuação

A estu­dante Pamel­la San­tos, de 38 anos, tam­bém está se preparan­do para a pro­va do Enem por meio da Edu­cafro. “Eu estou muito deter­mi­na­da e foca­da nos estu­dos pois, des­de de que come­cei a faz­er o cursin­ho da Edu­cafro, mel­hor­ei muito min­ha pon­tu­ação no Enem, coisa que não con­seguia nas provas dos out­ros anos”, con­tou.

“Eu sou uma pes­soa total­mente jus­ta e sem­pre bus­co a justiça, a igual­dade, a defe­sa e con­hec­i­men­to fazen­do com que a nos­sa Con­sti­tu­ição seja real­mente vál­i­da e recon­heci­da”, disse a estu­dante, que pre­tende cur­sar Dire­ito.

Ela acres­cen­tou que a Edu­cafro teve papel rel­e­vante em sua bus­ca pelo ensi­no supe­ri­or, porque há a pos­si­bil­i­dade de a enti­dade fornecer com­puta­dor para quem pre­cisa, os pro­fes­sores têm boa bagagem de con­hec­i­men­to e há atendi­men­to psi­cológi­co à dis­posição.

Edição: Kle­ber Sam­paio

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