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Democratização do livro será foco do presidente da Biblioteca Nacional

Repro­dução: © Tomaz Silva/Agência Brasil

Marco Lucchesi quer levar leitura a toda a população


Pub­li­ca­do em 13/01/2023 — 08:24 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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A democ­ra­ti­za­ção do livro e da leitu­ra, a exem­p­lo do que real­i­zou em sua gestão na Acad­e­mia Brasileira de Letras (ABL), será um dos focos prin­ci­pais de atu­ação do novo pres­i­dente da Bib­liote­ca Nacional (BN), pro­fes­sor Mar­co Luc­ch­esi. A posse de Luc­ch­esi está pre­vista para o próx­i­mo dia 24, na sede da insti­tu­ição, no Rio.

Em entre­vista à Agên­cia Brasil, Luc­ch­esi disse que ficou emo­ciona­do quan­do rece­beu o con­vite da min­is­tra da Cul­tura, Mar­gareth Menezes, no dia 30 de dezem­bro pas­sa­do, para assumir a BN, quan­do esta­va há um ano na Itália. “O tele­fone me ale­grou a tal pon­to que eu inter­rompi o meu ano sabáti­co e voltei cor­ren­do ao Brasil, porque esse amor pela Bib­liote­ca Nacional é ilim­i­ta­do e habi­ta abso­lu­ta gra­tu­idade, a von­tade de servir à bib­liote­ca e à retoma­da dos des­ti­nos do país de for­ma mais ampla e inclu­si­va”.

O pres­i­dente da BN quer con­tin­uar a mis­são de levar a leitu­ra não só aos pre­sos, quilom­bo­las, comu­nidades car­entes, aldeias indí­ge­nas, mas a toda a pop­u­lação brasileira. Uma de suas últi­mas exper­iên­cias à frente da ABL foi vis­i­tar comu­nidades ribeir­in­has da Amazô­nia, depois do Arquipéla­go das Anav­il­hanas, uti­lizan­do os navios da Esper­ança da Mar­in­ha, que lev­avam remé­dios, médi­cos e instru­men­tos de exame. “E eu pedi que lev­assem tam­bém livros, porque livro é sem­pre um grande remé­dio, mas sobre­tu­do em momen­to de pan­demia, que é pre­ciso tra­bal­har com son­ho, com per­spec­ti­va”.

Apoio de funcionários

Luc­ch­esi afir­mou ain­da que pre­tende ouvir todos os fun­cionários da insti­tu­ição, que fre­quen­ta des­de os 15 anos de idade. Ele cos­tu­ma diz­er que “des­de que um pres­i­dente não atra­pal­he a Bib­liote­ca Nacional, a BN cam­in­hará sem­pre muito bem, porque é for­ma­da por quadros maduros, respon­sáveis, repub­li­canos, que se dedicaram a vida inteira à insti­tu­ição, resul­ta­do da inter­ação de muitas ger­ações”. Para o pro­fes­sor, tra­ta-se de um tra­bal­ho téc­ni­co boni­to, que merece todo o aplau­so, inclu­sive pela resistên­cia em diver­sos momen­tos. A pre­sença dos grandes téc­ni­cos e fun­cionários aju­dou a preser­var e ampli­ar o grande acer­vo.

Fachada da Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro é restaurada
Repro­dução: Facha­da da Bib­liote­ca Nacional no Rio de Janeiro é restau­ra­da — Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Luc­ch­esi quer con­ver­sar ain­da com os fun­cionários que se aposen­taram, cuja par­tic­i­pação con­sid­era muito impor­tante porque se tra­ta de um tra­bal­ho plurig­era­cional, com visões dis­tin­tas, mas que sem­pre se acu­mu­la­ram. Man­i­festou pre­ocu­pação com a preser­vação do acer­vo “que per­tence ao Brasil, ao povo brasileiro e tam­bém ao plan­e­ta Ter­ra”. É obje­ti­vo ouvir todas as pro­postas e enfrentar os desafios.

Um dess­es desafios con­siste em tra­bal­har as deman­das atu­ais do livro. A BN tem a per­spec­ti­va de depósi­to, cat­a­lo­gação, armazena­men­to, pro­dução de metada­dos, con­ser­vação. No que se ref­ere à preser­vação, em espe­cial, serão abrangi­dos des­de os livros físi­cos, em seus vários suportes, até os livros nasci­dos dig­i­tal­mente. “Tan­to livros físi­cos qun­to dig­i­tais são igual­mente desafi­adores”, comen­tou.

A inter­na­cional­iza­ção da Bib­liote­ca Nacional é out­ra meta de Luc­ch­esi. Ele pre­tende ampli­ar as múlti­plas relações da insti­tu­ição, a oita­va do gênero no mun­do, não só no mun­do oci­den­tal, como no ori­en­tal. Desta­cou o fato de o Min­istério da Cul­tura renascer, com o acol­hi­men­to e a democ­ra­ti­za­ção pelo novo gov­er­no. “Toda essa ideia de recon­strução trans­mite uma imagem que me parece muito gra­ta. Esta­mos todos nós, brasileiros, em meio a muitas ruí­nas, e é pre­ciso reor­ga­nizá-las, recon­struí-las.

Educação

A bib­liote­ca dig­i­tal con­tará com o apoio tam­bém da nova admin­is­tração da BN. “Na defe­sa do infini­to, a ideia é democ­ra­ti­zar cada vez mais o aces­so, com o com­pro­mis­so de incluir a cidada­nia ao esforço democráti­co, o com­pro­mis­so de ler o Brasil, ler o mun­do, recon­stru­ir o mun­do e o Brasil”. O novo tit­u­lar da Bib­liote­ca Nacional disse que con­cor­da com o min­istro da Edu­cação, Cami­lo San­tana, que afir­mou que a esco­la em tem­po inte­gral con­sti­tui grande políti­ca não só edu­ca­cional, mas de pre­venção à vio­lên­cia. Para Mar­co Luc­ch­esi, a edu­cação e o livro são instru­men­tos para deter a vio­lên­cia, prin­ci­pal­mente entre os jovens.

Na sua opinião, o Brasil nos últi­mos anos care­ceu de um pro­je­to edu­ca­cional pro­fun­do, sem invasão da fé com fins de instru­men­tal­iza­ção, como foi vis­to recen­te­mente. Hou­ve fal­ha na pro­dução de inter­faces necessárias a um pro­je­to de justiça social, comen­tou. “Defend­er a Repúbli­ca, a cul­tura, a ciên­cia, a vaci­na, defend­er tudo aqui­lo que foi nega­do ness­es últi­mos anos de tre­va e obscu­ran­tismo”.

Visitas

Faz parte tam­bém dos pro­je­tos do novo pres­i­dente da BN pro­mover encon­tros com cri­anças e jovens para con­hecerem a insti­tu­ição, cri­a­da há mais de 200 anos e que reúne acer­vo de cer­ca de 9 mil­hões de itens. Quan­do pre­sidia a ABL, Luc­ch­esi rece­beu, falan­do em guarani, cri­anças da aldeia de Mar­icá. “Orga­ni­zamos tam­bém um sem­i­nário, para que elas falassem sobre a própria cul­tura, em sua lín­gua”. A ABL rece­beu ain­da a visi­ta de rep­re­sen­tantes do Insti­tu­to Ben­jamim Con­stant, de edu­cação de cegos.

Na últi­ma sem­ana, em época de férias, foram reg­istradas mais de 3 mil pes­soas em um úni­co dia, cele­brou Luc­ch­esi. Reforçou que a ideia é tra­bal­har com a visi­ta guia­da, tor­nan­do a BN, mais anti­ga insti­tu­ição cul­tur­al brasileira, um local acol­he­dor de novos vis­i­tantes, sobre­tu­do estu­dantes que vivem em per­ife­rias e que, muitas vezes, se sen­tem intim­i­da­dos pela beleza, pela opulên­cia do pré­dio. Quer­e­mos que todos com­preen­dam que essas casas são nos­sas, da sociedade brasileira, não per­tencem a ninguém. Por isso ela se chama Bib­liote­ca Nacional, bib­liote­ca cidadã”.

“Essa bib­liote­ca pre­cisa ser fra­ter­na, mater­na, cidadã”. Ao con­trário do que ocor­reu em jul­ho do ano pas­sa­do, quan­do recu­sou a medal­ha da Ordem do Méri­to do Livro, con­ce­di­da pela Bib­liote­ca Nacional para per­son­al­i­dades que con­tribuem com a lit­er­atu­ra — porque a hon­raria seria entregue tam­bém ao dep­uta­do fed­er­al Daniel Sil­veira (PTB-RJ), apoiador do ex-pres­i­dente da Repúbli­ca — Luc­ch­esi disse que a dis­tribuição de hom­e­na­gens pela BN seguirá maior critério a par­tir de ago­ra.

Ain­sti­tu­ição tem uma Comis­são de Éti­ca, que dev­erá atu­ar com transparên­cia, sem con­fli­to de inter­ess­es, pri­or­izan­do o méri­to que se recon­heça, “não impor­ta onde este­ja, de quem seja, de onde ven­ha, se é de dire­i­ta ou de esquer­da. Não impor­ta. A Bib­liote­ca não é uma fábri­ca de pro­dução de propa­gação ide­ológ­i­ca. Ela é nacional, é repub­li­cana, de Esta­do e não de gov­er­no”.

Edição: Graça Adju­to

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