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Despedida festiva de Zé Celso refletiu energia do dramaturgo em vida

Repro­dução: © Paulo Pinto/Agência Brasil

Velório encerrou por volta de 12h


Pub­li­ca­do em 07/07/2023 — 12:33 Por Cami­la Boehm — Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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Sob lon­gos aplau­sos e músi­ca, fãs, famil­iares e ami­gos des­pedi­ram-se do dra­matur­go José Cel­so Mar­tinez Cor­rêa, 86 anos, mor­to nes­sa quin­ta-feira (6). “Evoé!”, a palavra ecoou pelo Teatro Ofic­i­na. Era o que tam­bém gri­tavam os par­tic­i­pantes dos bacanais como for­ma de invo­car Baco, deus do vin­ho e das fes­tas. Bacantes foi um dos espetácu­los dirigi­dos por Zé Cel­so.

O velório no Teatro Ofic­i­na seguiu por toda a madru­ga­da e, pela man­hã, uma fila de admi­radores ain­da aguar­da­va para o últi­mo adeus ao dra­matur­go. Por vol­ta das 9h, assim como foi feito durante a madru­ga­da, uma ciran­da foi for­ma­da para que todos da fila pudessem se aprox­i­mar do cor­po e se des­pedir. O velório se encer­rou por vol­ta de 12h. Em segui­da, o cor­po foi lev­a­do ao Cemitério e Cre­matório Hor­to da Paz, em Itapecer­i­ca da Ser­ra, na Grande São Paulo.

O ator Luciano Cos­ta, de 51 anos, veio de Osas­co para se des­pedir do ído­lo. “O Zé Cel­so Mar­tinez é a história do Brasil, do teatro, das artes, não só para São Paulo, no Teatro Ofic­i­na, mas ele é como se fos­se um cordão umbil­i­cal de todos os brasileiros”, disse à Agên­cia Brasil.

Para ele, é fun­da­men­tal se sol­i­darizar com out­ras pes­soas que com­par­til­ham da mes­ma dor. “É uma sol­i­dariedade ao teatro, é fes­ta, ele não que­ria tris­teza. Teatro é tam­bém meu sangue. Como dizia João Cabral de Melo Neto, nos­so sangue tem uma cor só, é ver­mel­ho, da luta”, afir­ma.

A tam­bém atriz Carmeli­ta Soares, de 73 anos, faz teatro há mais de 30 anos. Ape­sar de morar per­to do Teatro Ofic­i­na, nun­ca viu um espetácu­lo. “Mas eu quero vê-lo com amor e coração. Tudo tem seu dia e sua hora. Se eu pudesse, teria feito teatro com ele”, con­ta.

Inspiração

Dor­ber­to Car­val­ho, do Sindi­ca­to dos Artis­tas e Téc­ni­cos em Espetácu­los de Diver­sões do Esta­do de São Paulo (Sat­ed-SP), desta­cou o lega­do de Zé Cel­so. “Ele é uma poéti­ca, um homem poéti­ca que deixa um monte de dis­cípu­los. Tem ger­ações de artis­tas que se inspi­raram e se inspi­ram no Zé Cel­so. A poéti­ca dele não morre, morre o cor­po. Tudo que ele con­stru­iu nesse espaço, na Rua Jaceguai, vai per­manecer e isso vai retroal­i­men­tar novas ger­ações que vão vir e vão dis­cu­tir”, apon­tou.

Macum­ba Antropofág­i­ca foi a primeira peça de Zé Cel­so que o advo­ga­do Artur Pra­do assis­tiu na cidade dele, Araraquara, a mes­ma onde nasceu o dra­matur­go. “Ele mar­cou muito min­ha exper­iên­cia com a cidade de São Paulo, inclu­sive porque nós dois saí­mos de lá e viemos pra cá. Estu­damos na mes­ma fac­ul­dade, então ele sim­boliza pra mim essa ideia de vir pra cidade grande faz­er arte, acho que esse é um sím­bo­lo impor­tante pra mim”, rela­ta.

Bacantes, uma adap­tação da peça de Eurípi­des que retra­ta embat­es entre um rei repres­sor e um deus lib­ertário, é o espetácu­lo preferi­do de Pra­do. “É bas­tante coisa para absorv­er, mas ele vai te con­qui­s­tan­do e essa coisa de se deixar levar pelo que se está sen­ti­do e o teatro dele é um pouco do que se está sentin­do, para a plateia e para quem atua tam­bém”, apon­ta.

Incêndio

Zé Cel­so esta­va inter­na­do na Unidade de Ter­apia Inten­si­va (UTI) do Hos­pi­tal das Clíni­cas, na cap­i­tal paulista, des­de terça-feira (4) após um incên­dio ter atingi­do o aparta­men­to em que mora­va em São Paulo. O fun­dador do Teatro Ofic­i­na teve 53% de seu cor­po queima­do.

O mais longe­vo dra­matur­go em ativi­dade, Zé Cel­so Mar­tinez deixa o lega­do de uma arte que rev­olu­cio­nou a políti­ca e os cos­tumes. Zé Cel­so deixa lega­do de arte que rev­olu­cio­nou políti­ca e cos­tumes.

Uma das car­ac­terís­ti­cas dos espetácu­los do dra­matur­go é a ence­nação para o grande públi­co, de graça, ao ar livre ou em grandes espaços. Exem­p­lo desse for­ma­to é As Dion­isía­cas.

Edição: Valéria Aguiar

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