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Destino de escaladores, Pontões Capixabas aguardam investimentos

Repro­dução: © Art

Unidade de conservação é apontada como “Yosemite brasileiro”


Pub­li­ca­do em 27/09/2023 — 08:17 Por Alex Rodrigues — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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Local­iza­do no noroeste do Espíri­to San­to, nas cidades de Pan­cas e Águia Bran­ca, o Mon­u­men­to Nat­ur­al dos Pon­tões Capix­abas é apon­ta­do por alguns escal­adores e mon­tan­his­tas como o “Yosemite brasileiro”, uma alusão ao mundial­mente famoso par­que da Cal­ifór­nia (Esta­dos Unidos), um dos prin­ci­pais locais para a práti­ca da escal­a­da em todo o mun­do.

A com­para­ção decorre da beleza cenográ­fi­ca da Ser­ra da Man­tiqueira e das car­ac­terís­ti­cas da unidade de con­ser­vação fed­er­al situ­a­da no Espíri­to San­to, onde impo­nentes monól­i­tos de gran­i­to (for­mações rochosas semel­hantes ao Pão de Açú­car) se desta­cam em meio à pais­agem, atiçan­do a imag­i­nação de prat­i­cantes de voo livre, balonis­mo, rapel, mon­tan­his­mo, escal­a­da e de out­ras ativi­dades esporti­vas. As semel­hanças, con­tu­do, param por aí.

Enquan­to o Yosemite, em 132 anos de existên­cia, atingiu o sta­tus de exem­p­lo de mod­e­lo de gestão de unidades de con­ser­vação, atrain­do tur­is­tas do mun­do todo em bus­ca de con­ta­to com a natureza, belas pais­agens e aven­tu­ra, os Pon­tões Capix­abas aguardam por inves­ti­men­tos públi­co e pri­va­do e pelo dev­i­do recon­hec­i­men­to. Inclu­sive, dos brasileiros.

26/09/2023, Mona dos Pontões Capixabas. Monumento Natural dos Pontões Capixabas. Foto: ICMBio
Repro­dução: Mon­u­men­to Nat­ur­al dos Pon­tões Capix­abas — ICM­Bio

O Insti­tu­to Chico Mendes de Con­ser­vação da Bio­di­ver­si­dade (ICM­Bio), que admin­is­tra a atração, e a prefeitu­ra de Pan­cas, cidade onde ficam mais de 80% dos 17,4 mil hectares des­ti­na­dos à preser­vação do ecos­sis­tema local, não sabem quan­tos tur­is­tas visi­tam os Pon­tões Capix­abas.

“Não existe este con­t­role. É uma área grande, que não é fecha­da, e onde há moradores receben­do vis­i­tantes, presta­dores de serviços e out­ras pes­soas que, para chegar, têm que entrar no mon­u­men­to nat­ur­al”, diz o sub­se­cretário munic­i­pal de Tur­is­mo e Cul­tura, Lean­dro da Rocha Vieira. “Hoje, não con­seguimos diz­er quan­tas pes­soas visi­tam o municí­pio para subir a Pedra do Came­lo, a Pedra da Agul­ha ou para faz­er rapel na Pedra da Boca, emb­o­ra eu pos­sa garan­tir que não são pou­cas”, com­ple­ta, em entre­vista à Agên­cia Brasil.

Já os gestores do Yosemite pare­cem ter total con­t­role sobre o que se pas­sa no inte­ri­or dos mais de 307 mil hectares do par­que norte-amer­i­cano. Segun­do o Serviço de Par­ques Nacionais, em 2019 – antes da pan­demia – o Yosemite rece­beu 4,58 mil­hões de tur­is­tas, geran­do 741 empre­gos dire­tos.

Segun­do a últi­ma pesquisa abrangente, real­iza­da em 2009, 25% dos vis­i­tantes do par­que norte-amer­i­cano eram estrangeiros. Apli­ca­do a 2019, esse mes­mo per­centu­al equiv­a­le­ria a cer­ca de 1,14 mil­hão de tur­is­tas – não só escal­adores e mon­tan­his­tas, mas tam­bém camp­is­tas, ciclo­tur­is­tas, snow­board­ers, esquiadores, pescadores e mui­ta gente inter­es­sa­da ape­nas em con­tem­plar as belezas nat­u­rais.

26/09/2023, PVINICIUS VIEGAS - PRESIDENTE DA Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta). Foto: Arquivo pessoal
Repro­dução: Pres­i­dente da Abe­ta, Vini­cius Vie­gas diz que tornar o Brasil con­heci­do por suas unidades de con­ser­vação é desafio — Arqui­vo pes­soal

“Há muitas pes­soas vis­i­tan­do o Yosemite e out­ras tan­tas via­jan­do mun­do afo­ra em bus­ca de con­ta­to com a natureza e, em muitos casos, para praticar ativi­dades esporti­vas. Daí o desafio de torn­ar­mos o Brasil con­heci­do tam­bém por suas unidades de con­ser­vação. E pelas pos­si­bil­i­dades que o país ofer­ece a quem prat­i­ca ou quer exper­i­men­tar uma ativi­dade esporti­va com segu­rança”, comen­ta o pres­i­dente da Asso­ci­ação Brasileira das Empre­sas de Eco­tur­is­mo e Tur­is­mo de Aven­tu­ra (Abe­ta), Vini­cius Vie­gas.

Além de mon­tan­hista, des­de 2010, Vie­gas coman­da uma agên­cia de via­gens com foco no tur­is­mo de aven­tu­ra e no eco­tur­is­mo. Mes­mo ten­do acom­pan­hado de per­to o cres­cente inter­esse do públi­co pelas via­gens de aven­tu­ra, ele jul­ga que o poten­cial brasileiro segue mal explo­rado. Recen­te­mente, ele e out­ros dire­tores da Abe­ta se reuni­ram, em Brasília, com rep­re­sen­tantes de órgãos fed­erais, como a Agên­cia Brasileira de Pro­moção Inter­na­cional do Tur­is­mo (Embratur). Entre out­ras ações, os empresários rep­re­sen­ta­dos pela enti­dade pedem que a estraté­gia de divul­gação brasileira no exte­ri­or dê mais destaque às unidades de con­ser­vação nacionais, estad­u­ais e munic­i­pais.

“Acred­i­ta­mos que isso pode ter um grande alcance. No Brasil, para onde quer que se olhe, há opor­tu­nidades para a práti­ca de ativi­dades esporti­vas jun­to à natureza. Ativi­dades que podem ser feitas o ano inteiro e que ain­da não con­seguimos pro­mover da for­ma como dev­eríamos”, desta­ca o pres­i­dente da Abe­ta.

“Cer­ta­mente, o país está per­den­do divisas”, arrema­ta o pres­i­dente da Con­fed­er­ação Brasileira de Mon­tan­his­mo e Escal­a­da, Már­cio Hoepers, ao falar sobre as pos­si­bil­i­dades de lugares brasileiros icôni­cos para as chamadas ativi­dades ver­ti­cais (que vão além da escal­a­da e do mon­tan­his­mo, incluin­do o rapel, o arvoris­mo, entre out­ras práti­cas), como a Ser­ra dos Órgãos, no Rio de Janeiro; a Ser­ra do Cipó, em Minas Gerais; e o Monte Roraima, nas fron­teiras com Venezuela e Guiana.

“O número de brasileiros indo escalar na Europa, Esta­dos Unidos, Peru e Bolívia tem cresci­do ano após ano, acom­pan­han­do o cresci­men­to do inter­esse pelo esporte em todo o mun­do. Já o número de estrangeiros que vêm ao Brasil com este obje­ti­vo con­tin­ua muito pequeno”, comen­ta Hoepers.

26/09/2023, Presidente da Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada, Márcio Hoepers. Foto: Arquivo pessoal
Repro­dução: Pres­i­dente da Con­fed­er­ação Brasileira de Mon­tan­his­mo e Escal­a­da, Már­cio Hoepers defende mais inves­ti­men­tos para estru­tu­rar locais para a práti­ca do tur­is­mo de aven­tu­ra — Arqui­vo pes­soal

“Tam­bém  acred­i­to que, com mais divul­gação no exte­ri­or e mais inves­ti­men­tos públi­cos e pri­va­dos para estru­tu­rar nos­sos par­ques e pon­tos inter­es­santes para a práti­ca do tur­is­mo esporti­vo, mais escal­adores estrangeiros viri­am ao Brasil”, defende Hoepers, argu­men­tan­do que, não à toa, o esta­do brasileiro mais con­heci­do no exte­ri­or, o Rio de Janeiro, é o local onde mais facil­mente se encon­tram estrangeiros esca­lan­do.

“Muitos vêm con­hecer a cidade e aproveitam para escalar, seja na cap­i­tal, seja no inte­ri­or do esta­do. Mas, mes­mo no Rio de Janeiro, a pre­sença de escal­adores estrangeiros ain­da é peque­na se levar­mos em con­ta o poten­cial do esta­do”, pon­tua o pres­i­dente da con­fed­er­ação.

De acor­do com o coor­de­nador de Natureza e Seg­men­tos Espe­ci­ais da Embratur, Leonar­do Per­si, além de dar con­tinuidade a uma série de ações que já vin­ham sendo imple­men­tadas para estim­u­lar a vin­da de mais tur­is­tas de aven­tu­ra e prat­i­cantes de esportes ao Brasil, a agên­cia respon­sáv­el por divul­gar as atrações turís­ti­cas brasileiras no exte­ri­or “tem planos para aumen­tar a cap­tação de clientes, o que inclui a pre­sença em feiras e even­tos esportivos inter­na­cionais e parce­rias com atle­tas e for­madores de opinião.

“Vamos divul­gar os roteiros que já estão con­sol­i­da­dos, prepara­dos para serem pro­movi­dos inter­na­cional­mente. Quer­e­mos diver­si­ficar a divul­gação, não fican­do ape­nas no litoral brasileiro, pois sabe­mos que o via­jante não bus­ca uma exper­iên­cia estanque. Um sur­fista não virá con­hecer [a pra­ia de] Mare­sias [em São Sebastião, São Paulo] ape­nas porque o Med­i­na está lá. Ele quer con­hecer a gas­trono­mia, a cul­tura e out­ras coisas. E nos­sa intenção é aper­feiçoar a divul­gação de tudo isso, incluin­do seg­men­tos como afro­tur­is­mo, diver­si­dade e povos indí­ge­nas”, expli­ca Per­si.

Edição: Juliana Andrade

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