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DF: maior favela do Brasil deve receber instituto federal em um ano

Repro­dução: © Val­ter Campanato/Agência Brasil

Pedra fundamental da unidade foi lançada hoje no Sol Nascente


Publicado em 11/04/2024 — 20:26 Por Luiz Claudio Ferreira — Repórter da Agência Brasil — Brasília

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“No ano que vem, eu quero estar aqui no Sol Nascente (DF) para faz­er a aula inau­gur­al do novo Insti­tu­to Fed­er­al de Brasília”. Enquan­to o  pres­i­dente Luiz Iná­cio Lula da Sil­va dis­cur­sa­va, nes­ta quin­ta-feira (11), ao lançar a pedra fun­da­men­tal da nova unidade edu­ca­cional, Leti­cia Souza, de 14 anos, tin­ha no colo a fil­ha, de seis meses. A ado­les­cente esta­va na pon­ta dos pés para enx­er­gar o que as autori­dades falavam e avali­a­va se pode­ria son­har.

Os pés, aliás, que estão, segun­do ela, já cansa­dos e cale­ja­dos de andar de sandálias diari­a­mente por quase uma hora para ir à esco­la. “Nun­ca mor­ei per­to de onde estu­do. Só ten­ho von­tade mes­mo de ir além da séti­ma série. Mas, já pen­sei em desi­s­tir”.

Letí­cia  disse que con­cor­dou com o pres­i­dente quan­do ele disse que ter uma profis­são pode ser a difer­ença para o futuro. “Se você chega em qual­quer lugar para pedir emprego, nos per­gun­tam se temos profis­são. Quan­do a gente tem uma profis­são, o empre­gador pega o cur­rícu­lo da gente e volta­mos para casa com esper­ança”, disse o pres­i­dente.

Letí­cia, que nasceu no lugar que é con­sid­er­a­do a maior favela do Brasil, dis­tante 30 quilômet­ros da Praça dos Três Poderes, em Brasília, e com mais de 32 mil domicílios,  afir­ma que o ônibus a R$ 3,50 para ir à esco­la pesa no orça­men­to. “Já pen­sei em ser poli­cial ou estu­dar para ser alguém. Fiquei com esper­ança que esse insti­tu­to me ajude e um dia ajude a min­ha fil­hin­ha”.

“Eu tenho sonhos”

Quem ouvia aten­ta­mente as palavras do pres­i­dente era Joyce dos San­tos, de 18 anos. A jovem son­ha em faz­er um cur­so téc­ni­co em audio­vi­su­al. Para chegar à esco­la, a con­cluinte do ensi­no médio acor­da às 5h30 da man­hã e sai de casa às 6h10. Pre­cisa tomar dois ônibus diari­a­mente.

“É cansati­vo, mas eu ten­ho son­hos. Tem gente que fala que eu estou son­han­do muito alto. Mas, na esco­la, fiz um filme para a feira de ciên­cias e desco­bri que estu­dar pode ser muito bom. Estou na expec­ta­ti­va de um dia estar aqui”.

O “aqui”, onde se deu o even­to de inau­gu­ração, por enquan­to, é ape­nas um ter­reno de 16,6 mil met­ros quadra­dos. O pres­i­dente Lula, durante o even­to, cobrou que a lic­i­tação para a con­strução do novo insti­tu­to seja feito o mais rápi­do pos­sív­el, a fim de garan­tir o dire­ito de aces­so a edu­cação.

Vagas

Segun­do o gov­er­no fed­er­al, a futu­ra nova unidade inte­gra o plano de expan­são dos insti­tu­tos fed­erais pelo Novo Pro­gra­ma de Acel­er­ação do Cresci­men­to (Novo PAC). O inves­ti­men­to pre­vis­to é de R$ 2,5 bil­hões para con­strução de 100 novos campi pelo Brasil, com a meta de ger­ar 140 mil novas vagas de edu­cação profis­sion­al. No Sol Nascente, a esti­ma­ti­va é aber­tu­ra ini­cial­mente de 1,4 mil vagas para ensi­no téc­ni­co integradas ao Ensi­no Médio.

O Sol Nascente foi trans­for­ma­do em região admin­is­tra­ti­va no ano de 2019. Antes, per­ten­cia a Ceilân­dia, a maior região admin­is­tra­ti­va do DF. Cada nova esco­la, segun­do o gov­er­no, tem cus­to esti­ma­do de R$ 25 mil­hões, sendo R$ 15 mil­hões para infraestru­tu­ra e R$ 10 mil­hões para aquisição de equipa­men­tos e mobil­iário.

Mil institutos

Com os novos 100 campi, a rede fed­er­al pas­sará a con­tar com 782 unidades, sendo 702 campi de insti­tu­to fed­erais. Lula disse que, emb­o­ra não ten­ha chega­do a uma fac­ul­dade, o ensi­no téc­ni­co mudou a vida dele. “Quero chegar a mil insti­tu­tos”, disse hoje.  Tam­bém no even­to, o min­istro da Edu­cação, Cami­lo San­tana, ressaltou que uma pre­ocu­pação do gov­er­no é a de reduzir a evasão esco­lar.

A reito­ra do Insti­tu­to Fed­er­al de Brasília, Verus­ka Ribeiro Macha­do, defend­eu a neces­si­dade de inte­ri­or­iza­ção dos insti­tu­tos. “Eu sou pro­fes­so­ra há 32 anos e todos os dias eu acom­pan­ho trans­for­mação de vidas. As pes­soas trans­for­madas mudam suas vidas”.

Essa pre­ocu­pação com evasão é com­par­til­ha­da pela pro­fes­so­ra Joana Cruz, de 56 anos, e 27 de car­reira em sala de aula, que foi con­ferir o even­to na plateia. Ela, que é docente na Ceilân­dia, teste­munha que os alunos do Sol Nascente “ralam” muito para ir para esco­la.

“Eles vão a pé, de bici­cle­ta, com dois ônibus. Tem mui­ta gente que desiste. Fora que, quem estu­da à noite, pede para sair mais cedo porque eles têm medo de assalto”. Curiosa, na plateia, a aposen­ta­da Maria Creuza de Souza, de 62 anos, anal­fa­be­ta, foi ao even­to para saber se con­seguiria um dia matric­u­lar os netos.

“Nun­ca apren­di a escr­ev­er meu nome. Para mim, não foi pos­sív­el mudar a vida. Quem sabe para eles…”

Edição: Aline Leal

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