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Dia do Rádio: veículo é fundamental no combate às mudanças climáticas

Instrumento é estratégico em áreas com limitações tecnológicas

Luiz Clau­dio Fer­reira — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 13/02/2025 — 07:48
Brasília
Brasília (DF) 06-04-2023 - Por dentro da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), estúdio da rádio nacional da Amazônia durante apresentaçāo de sua programaçāo ao vivo. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Repro­dução: © Joéd­son Alves/Agência Brasil

O avanço das queimadas e do des­mata­men­to per­corre, por vezes, as flo­restas mais rap­i­da­mente do que as infor­mações de con­sci­en­ti­za­ção sobre o cenário de destru­ição. Não à toa, enti­dades como a Orga­ni­za­ção das Nações Unidas para a Edu­cação, a Ciên­cia e a Cul­tura (Unesco) defini­ram que o Dia do Rádio deste ano, cel­e­bra­do nes­ta quin­ta-feira (13), deve chamar atenção para o papel fun­da­men­tal do veícu­lo no com­bate às mudanças climáti­cas em todo o mun­do.

No Brasil, pesquisadores con­sid­er­am o rádio veícu­lo estratégi­co para que as infor­mações vençam even­tu­ais lim­i­tações tec­nológ­i­cas, como regiões sem sinal para inter­net ou para tele­fone celu­lar. Ouvi­dos pela Agên­cia Brasil, ess­es espe­cial­is­tas afir­mam que um exem­p­lo impor­tante dessa atu­ação é na região amazôni­ca, afe­ta­da, his­tori­ca­mente, tan­to pela destru­ição da área nati­va quan­to pela difi­cul­dade de comu­ni­cações.

Con­forme expli­ca o pro­fes­sor Mar­cos Sor­renti­no, de ciên­cias flo­restais da Uni­ver­si­dade de São Paulo (USP), as mudanças climáti­cas, assim como a con­ser­vação da bio­di­ver­si­dade, exigem mudanças com­por­ta­men­tais e de val­ores, que pre­cisam ser divul­gadas pelo rádio, o veícu­lo que atrav­es­sa o país. “Pre­cisamos dialog­ar com as pes­soas para que elas repensem o seu modo de pro­dução e de con­sumo. O rádio tem uma lon­ga história que pos­si­bili­ta o estar mais próx­i­mo das pes­soas”, argu­men­tou.

Por isso, segun­do Sor­renti­no, é necessário cumprir esse papel diari­a­mente. Ele cita os pro­gra­mas da Rádio Nacional da Amazô­nia que, na sua opinião, prestam serviço práti­co. “Eu lem­bro que, cer­ta vez, eu esta­va no inte­ri­or de um municí­pio do esta­do do Pará e um agricul­tor esta­va ouvin­do a Rádio Nacional, sin­toniza­do nas men­sagens e nos desafios (diante da erosão ambi­en­tal)”, afir­ma.

Mudanças de comportamentos

O pro­fes­sor diz que o rádio vem se rein­ven­tan­do para efe­ti­va divul­gação de con­teú­do educa­ti­vo, como tem ocor­ri­do nos apro­fun­da­men­tos cri­a­dos por reporta­gens, entre­vis­tas e pod­casts. Para Sor­renti­no, o veícu­lo pro­por­ciona opor­tu­nidades para que a sociedade mude com­por­ta­men­tos a fim de realizar o enfrenta­men­to das mudanças do cli­ma e da erosão da bio­di­ver­si­dade.

“É necessário o enfrenta­men­to da alien­ação dos sujeitos, do dis­tan­ci­a­men­to e da incom­preen­são”. Ele con­ta que pres­en­ciou, na cidade de Bel­ter­ra (PA), a elab­o­ração de pro­gra­mas de rádio por parte de pro­fes­sores e alunos. Inclu­sive, para o pesquisador, as cam­pan­has de rádio têm dois públi­cos pri­or­itários. “Inequiv­o­ca­mente, os jovens são os que mais sen­tirão os impactos das mudanças do cli­ma. E o out­ro públi­co é o de idosos, que podem traz­er a história de vida para reper­cu­tir nas rádios do país”, argu­men­ta.

Campanhas

Cien­tista sênior do Insti­tu­to de Pesquisa Ambi­en­tal da Amazô­nia (Ipam), o ecól­o­go Paulo Moutin­ho afir­ma que o rádio sem­pre foi fun­da­men­tal para as pesquisas que a enti­dade real­iza na região.

“O rádio per­mi­tiu, por exem­p­lo, que fizésse­mos cam­pan­has de pre­venção de incên­dios na região e que pre­veni­ram per­da econômi­ca de pequenos a grandes agricul­tores. Tam­bém foi fun­da­men­tal em ações de edu­cação diante da mudança do cli­ma”.

Ele recor­da que, des­de a déca­da de 1980, uti­liza o veícu­lo para edu­cação ambi­en­tal na Amazô­nia, incluin­do a pre­venção de incên­dios e o uso ade­qua­do de plan­tas med­i­c­i­nais. Depois, na atu­ação como pesquisador, ele se envolvia em pesquisas sobre pre­venção de incên­dio e de des­mata­men­to ile­gal. Ele tro­ca­va ideias, pelo rádio, com os ouvintes porque havia um fluxo de car­tas para as emis­so­ras com inter­ações. “Tudo isso não é algo do pas­sa­do. O rádio ain­da é um instru­men­to de alta tec­nolo­gia de comu­ni­cação na Amazô­nia, pois é fácil de ser adquiri­do”.

“No coração das pessoas”

Para Moutin­ho, o rádio será ain­da durante muito tem­po um instru­men­to fun­da­men­tal para a comu­ni­cação na Amazô­nia. “Há pro­gra­mas icôni­cos tam­bém em relação a isso. O Natureza Viva, da Rádio Nacional, por exem­p­lo, tem alcance enorme”.

A profis­sion­al da Rádio Nacional da Amazô­nia Mara Régia di Per­na, que apre­sen­ta o pro­gra­ma e é refer­ên­cia nacional em comu­ni­cação ambi­en­tal, con­cor­da, em entre­vista à Agên­cia Brasil, con­cor­da que o pro­gra­ma Natureza Viva tem sido um ali­a­do da sociedade para prestar serviço de util­i­dade públi­ca.

Brasília (DF), 11/03/2024, - Cerimônia de celebração pelos 50 anos do Parque do Rodeador, um do maiores complexos de transmissão radiofônica do país, incluindo os transmissores em ondas curtas (OC) da Rádio Nacional da Amazônia. Na foto a radialista, Mara Régia. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Repro­dução: Brasília — A jor­nal­ista Mara Régia, da Rádio Nacional da Amazô­nia. Foto Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

“O que faz do rádio uma poderosa fer­ra­men­ta de mobi­liza­ção social é a capaci­dade de ele chegar ao coração das pes­soas com intim­i­dade”, afir­mou Mara Régia. Ela cita que as car­ac­terís­ti­cas do veícu­lo fazem a difer­ença, com agili­dade, aces­si­bil­i­dade, mobil­i­dade, instan­ta­nei­dade e lin­guagem sim­ples.

Utilidade pública

Out­ro profis­sion­al que atua pela comu­ni­cação, o geó­grafo e comu­ni­cador Mar­co Lopes, do Insti­tu­to de Desen­volvi­men­to Sus­ten­táv­el Mami­rauá, que tem sede em Tefé (AM), é respon­sáv­el por um pro­gra­ma de rádio chama­do “Lig­a­do no Mami­rauá”, que já tem mais de 30 anos de história. “Até hoje, difunde infor­mações sobre mane­jo dos recur­sos nat­u­rais”.

O pro­gra­ma vai ao ar pela Rádio Rur­al de Tefé (93,9 FM). “A importân­cia do veícu­lo para con­sci­en­ti­zar sobre as mudanças climáti­cas ocorre de diver­sas for­mas”. Ele exem­pli­fi­ca que, no ano pas­sa­do, hou­ve uma das piores secas da história do Ama­zonas e foi necessário apro­fun­dar infor­mações sobre o assun­to. “His­tori­ca­mente, o pro­gra­ma tem tam­bém um serviço de util­i­dade públi­ca, de divul­gar as infor­mações do nív­el do rio. E essas infor­mações são fun­da­men­tais”.

Contra a desinformação

Segun­do Lopes, as infor­mações são mais assim­i­ladas por pop­u­lações mes­mo em situ­ação de vul­ner­a­bil­i­dade. O mote prin­ci­pal é lutar con­tra fake news e não uti­lizar alarmis­mo para tratar dos temas ambi­en­tais.

O com­bate à desin­for­mação tam­bém é uma pre­ocu­pação cen­tral, segun­do a socioam­bi­en­tal­ista Muriel Saragos­si. Para ela, rádio é o veícu­lo de comu­ni­cação mais impor­tante no inte­ri­or da Amazô­nia. ao pro­por­cionar infor­mação de qual­i­dade para pop­u­lações dis­tantes dos sinais de celu­lar. “Na Amazô­nia, temos muitos jovens comu­ni­cadores, sejam indí­ge­nas, ribeir­in­hos ou quilom­bo­las, que repro­duzem con­teú­dos infor­ma­tivos den­tro de suas comu­nidades e esco­las rurais, o que per­mite for­mar uma nova ger­ação de amazônidas com infor­mações ver­dadeiras”.

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