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Dia Mundial contra as Hepatites Virais traz alerta para prevenção

Repro­dução: © Dênio Simões/Agência Brasil

SUS oferece algumas vacinas, diagnóstico e tratamento


Publicado em 28/07/2024 — 11:46 Por Luciano Nascimento — Repórter da Agência Brasil — São Luís

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Neste domin­go, 28 de jul­ho, é cel­e­bra­do o Dia Mundi­al de Luta con­tra as Hepatites Virais, data em que é impor­tante chamar atenção da pop­u­lação para ações de pre­venção para essas infla­mações que ata­cam o fíga­do, órgão com papel prin­ci­pal na desin­tox­i­cação do organ­is­mo. No Brasil, o Sis­tema Úni­co de Saúde (SUS) disponi­bi­liza gra­tuita­mente vaci­nas para as hepatites A e B, além de trata­men­to para as diver­sas for­mas da doença (A,B,C,D e E).

As hepatites virais mais comuns entre os brasileiros são cau­sadas pelos vírus A, B e C. Exis­tem ain­da, com menor fre­quên­cia, o vírus da hepatite D (mais comum na Região Norte do país) e o vírus da hepatite E, que é menos fre­quente no Brasil, sendo encon­tra­do com maior facil­i­dade na África e na Ásia.

Dados do Bole­tim Epi­demi­ológi­co de Hepatites Virais do Min­istério da Saúde mostram quer entre 2020 e 2023 foram noti­fi­ca­dos, 785.571 casos con­fir­ma­dos de hepatites virais no Brasil. Destes, 171.255 (21,8%) são ref­er­entes a hepatite A, 289.029 (36,8%) a hepatite B, 318.916 (40,6%) a casos de hepatite C, 4.525 (0,6%) aos de hepatite D e 1.846 (0,2%) aos de hepatite E.

A Região Nordeste con­cen­tra a maior pro­porção das infecções pelo vírus A (29,7%). Na Região Sud­este, ver­i­fi­cam-se as maiores pro­porções dos vírus B e C, com 34,1% e 58,1%, respec­ti­va­mente. Na sequên­cia vem a Região Sul, que con­cen­tra 31,2% dos casos de hepatite B e 27,1% da C. A Região Norte, por sua vez, acu­mu­la 72,5% do total de casos de hepatite D.

Sintomas

A médi­ca infec­tol­o­gista Sílvia Fon­se­ca expli­cou à Agên­cia Brasil que um dos maiores prob­le­mas das hepatites virais é que são doenças cujos sin­tomas muitas vezes pas­sam des­perce­bidos, só se man­i­fe­s­tando quan­do a doença já está em na for­ma crôni­ca ou até que haja algu­ma com­pli­cação rela­ciona­da. Quan­do pre­sentes, podem se man­i­fes­tar como: cansaço, febre, mal-estar, ton­tu­ra, enjoo, vômi­tos, dor abdom­i­nal, pele e olhos amare­la­dos, uri­na escu­ra e fezes claras.

Em algu­mas pes­soas a a doença se tor­na crôni­ca. O vírus fica insta­l­a­do na fíga­do até que e o órgão per­ca a função, o que pode oca­sion­ar cir­rose e , em alguns casos, câncer de fíga­do, expli­ca Sílvia. “O fíga­do é um órgão muito impor­tante, por onde pas­sa todo o nos­so sangue, e a gente não vive sem o fíga­do. Tem alguns órgãos que a gente até vive sem, por exem­p­lo, o baço, mas a gente não con­segue viv­er sem o fíga­do”, disse a médi­ca.

A médi­ca ressaltou a importân­cia do exame para a detecção da hepatite. Tan­to o diag­nós­ti­co, quan­to a vaci­nação (para os tipos A e B) e o trata­men­to estão disponíveis na rede públi­ca de saúde. No SUS, vaci­na para a hepatite A é apli­ca­da em cri­ança de até 4 anos, 11 meses e 29 dias, e tam­bém em quem vive com HIV ou hepatite B ou C. Já a da hepatite B está disponív­el no SUS para todos não vaci­na­dos, inde­pen­den­te­mente da idade.

“A gente tem uma vaci­na muito efi­caz que pode pro­te­ger prati­ca­mente todo mun­do con­tra esse vírus E essa vaci­nação é tão impor­tante no nos­so cal­endário do SUS, que a primeira dose é dada logo após o nasci­men­to dos bebês. Pois um prob­le­ma que pode acon­te­cer é a ges­tante estar com hepatite, não ter sido tes­ta­da para ela e ela pas­sar para o bebê durante o par­to. A gente começa a vaci­nação logo no começo da vida para o bebê não pegar”, expli­cou Sílvia à Agên­cia Brasil.

Hepatite A

A prin­ci­pal for­ma de trans­mis­são da hepatite A é a fecal-oral (con­ta­to de fezes com a boca). No Brasil, os casos estão rela­ciona­do prin­ci­pal­mente a fal­ta de sanea­men­to bási­co (esgo­to e água potáv­el), ali­men­tos inse­guros, baixos níveis de higiene pes­soal. Out­ras for­mas de trans­mis­são são o con­ta­to pes­soal próx­i­mo e con­ta­to sex­u­al.

Geral­mente, quan­do pre­sentes, os sin­tomas podem se man­i­fes­tar ini­cial­mente como: fadi­ga, mal-estar, febre, dores mus­cu­lares, que podem ser segui­dos de sin­tomas gas­troin­testi­nais como: enjoo, vômi­tos, dor abdom­i­nal, con­sti­pação ou diar­reia.  A pre­sença de uri­na escu­ra ocorre antes do iní­cio da fase onde a pes­soa pode ficar com a pele e os olhos amare­la­dos (icterí­cia). Os sin­tomas cos­tu­mam apare­cer de 15 a 50 dias após a infecção e duram menos de dois meses.

O diag­nós­ti­co, em ger­al, é feito por exame de sangue. Não há nen­hum trata­men­to especí­fi­co para hepatite A, caben­do ao médi­co pre­scr­ev­er o medica­men­to mais ade­qua­do para mel­ho­rar o con­for­to e garan­tir o bal­anço nutri­cional ade­qua­do, incluin­do a reposição de flu­i­dos per­di­dos pelos vômi­tos e diar­reia.

Para pre­venir a doença é indi­ca­do medi­das de higiene, como lavar as mãos (incluin­do após o uso do san­itário e antes do preparo de ali­men­tos); lavar com água trata­da ou fer­vi­da os ali­men­tos que são con­sum­i­dos crus; coz­in­har bem os ali­men­tos antes de con­su­mi-los, prin­ci­pal­mente mariscos, fru­tos do mar e peix­es; lavar ade­quada­mente pratos, copos, tal­heres e mamadeiras; não tomar ban­ho ou brin­car per­to de valões, ria­chos, cha­farizes, enchentes ou próx­i­mo de onde haja esgo­to; evi­tar a con­strução de fos­sas próx­i­mas a poços e nascentes de rios; usar preser­v­a­tivos e higi­en­iza­ção das mãos, gen­itália, perí­neo e região anal antes e após as relações sex­u­ais.

“O prob­le­ma da hepatite A é que ela não fica crôni­ca, mas ela pode ser ful­mi­nante e até matar a pes­soa. É raro, mas pode acon­te­cer. Mas essa é uma hepatite que é pre­veni­da com um bom sanea­men­to bási­co, mas ela tam­bém tem uma vaci­na efi­ciente, dada no cal­endário das cri­anças”, disse a infec­tol­o­gista.

Hepatite B e C

No caso das hepatites B e C, as prin­ci­pais for­mas de con­tá­gios estão rela­cionadas ao con­tá­gio sex­u­al, em relações sem preser­v­a­ti­vo e tam­bém ao uso de obje­tos con­t­a­m­i­na­dos como agul­has e seringas. As prin­ci­pais for­mas de pre­venção
são a vaci­nação, no caso da hepatite B e a uti­liza­ção de preser­v­a­tivos (camis­in­has), para as hepatites B e C. Tan­to a vaci­na quan­to os preser­v­a­tivos estão disponíveis no SUS.

Na maio­r­ia dos casos, essas hepatites não apre­sen­tam sin­tomas, sendo muitas vezes diag­nos­ti­ca­da décadas após a infecção, com sinais rela­ciona­dos a out­ras doenças do fíga­do.

A ausên­cia de sin­tomas na fase ini­cial difi­cul­ta o diag­nós­ti­co pre­coce da infecção, exigin­do preparação dos profis­sion­ais da saúde para ofer­tar a testagem ráp­i­da para a pop­u­lação. O teste rápi­do está disponív­el nas unidades bási­cas de saúde.

No caso da hepatite B, ela pode se desen­volver da for­ma agu­da e da crôni­ca. A agu­da é quan­do a infecção tem cur­ta duração. Já a crôni­ca é quan­do a doença dura mais de seis meses. A Hepatite B não tem cura, mas o SUS disponi­bi­liza trata­men­to para reduzir o risco de pro­gressão da doença, especi­fi­ca­mente cir­rose e câncer hep­áti­co e morte.

A hepatite C, tam­bém pode se man­i­fes­tar na for­ma agu­da ou crôni­ca, sendo esta segun­da a for­ma mais comum. Além do com­par­til­hamen­to de agul­has e seringas, out­ras for­mas de con­tá­gio da doença incluem a reuti­liza­ção ou fal­ha de ester­il­iza­ção de equipa­men­tos médi­cos ou odon­tológi­cos; fal­ha de ester­il­iza­ção de equipa­men­tos de man­i­cure; reuti­liza­ção de mate­r­i­al para real­iza­ção de tat­u­agem; pro­ced­i­men­tos inva­sivos (ex: hemod­iálise, cirur­gias, trans­fusão) em os dev­i­dos cuida­dos de biosse­gu­rança; e uso de sangue e seus deriva­dos con­t­a­m­i­na­dos.

“Infe­liz­mente a gente não tem ain­da uma vaci­na con­tra a hepatite C, mas a gente tem um trata­men­to muito efi­caz e é um trata­men­to tam­bém ofer­e­ci­do pelo SUS que cor­ta essa pos­si­bil­i­dade da pes­soa ter cir­rose, a hepatite crôni­ca ou até o câncer de fíga­do. Ela tem trata­men­to e está disponív­el para todo o povo brasileiro”, lem­brou Sílvia.

Hepatite D

A for­ma crôni­ca da hepatite D, tam­bém chama­da de Delta, é con­sid­er­a­da a mais grave, com pro­gressão mais ráp­i­da para cir­rose.  A for­ma crôni­ca respon­deu por 75,9% dos casos reg­istra­dos, enquan­to a agu­da rep­re­sen­tou 18,9% dos casos no Brasil.

As for­mas mais comuns de con­tá­gio são a práti­ca de relações sex­u­ais sem preser­v­a­ti­vo com uma pes­soa infec­ta­da; com­par­til­hamen­to de de seringas, agul­has e cachim­bos; na con­fecção de tat­u­agem e colo­cação de pierc­ings, pro­ced­i­men­tos odon­tológi­cos ou cirúr­gi­cos que não aten­dam as nor­mas de biosse­gu­rança.

Essa for­ma da doença tam­bém pode não apre­sen­tar sin­tomas e seu diag­nós­ti­co é basea­do na detecção de anti­cor­pos anti-HDV. Após o diag­nós­ti­co o médi­co indi­cará o trata­men­to de acor­do com o Pro­to­co­lo Clíni­co e Dire­trizes Ter­apêu­ti­cas para Hepatite B e Coin­fecções. O obje­ti­vo prin­ci­pal do trata­men­to ofer­e­ci­do no SUS é o con­t­role do dano hep­áti­co. Além do trata­men­to medica­men­toso ori­en­ta-se que não se con­suma bebidas alcoóli­cas. A vaci­nação é a prin­ci­pal for­ma de pre­venção da doença, além do uso de preser­v­a­ti­vo nas relações sex­u­ais.

“A rede públi­ca está capac­i­ta­da para faz­er o diag­nós­ti­co, quan­to para faz­er o trata­men­to e a pre­venção de muitas dessas hepatites virais, com a vaci­nação. Como tam­bém tem como diag­nos­ticar. A gente tem a vaci­na, tem a maneira de diag­nos­ticar e tam­bém para tratar aque­las pes­soas que infe­liz­mente se con­t­a­m­i­naram”, resum­iu Sílvia.

Já em relação a hepatite E, o corre baixa incidên­cia da doença no Brasil. O vírus causa hepatite agu­da de cur­ta duração e auto-lim­i­ta­da. Na maio­r­ia dos casos é uma doença de caráter benig­no, poden­do ser grave para ges­tantes. Sua prin­ci­pal for­ma de trans­mis­são é pela via fecal-oral, dev­i­do a questões rela­cionadas ao sanea­men­to e ali­men­tos con­t­a­m­i­na­dos.

Da mes­ma for­ma que a hepatite A, a hepatite E não tem um trata­men­to especí­fi­co. É desacon­sel­ha­do o con­sumo de bebidas alcoóli­cas.

Edição: Aline Leal

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