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Dia Mundial do Rádio reforça veículo como pilar para a paz

Repro­dução: © Mar­cel­lo Casal Jr / Agên­cia Brasil

Data foi criada pela Unesco


Pub­li­ca­do em 13/02/2023 — 06:33 Por Nathália Mendes — Repórter da Radioagên­cia Nacional* — Brasília

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“Estas são as Nações Unidas chaman­do as pes­soas de todo o plan­e­ta”. Em tradução livre, estas foram as primeiras palavras trans­mi­ti­das pela rádio das Nações Unidas (em inglês, Unit­ed Nations Radio), no dia 13 de fevereiro de 1946.

Ape­sar da intenção de falar para as pes­soas de todo o plan­e­ta, ape­nas seis país­es, de fato, foram alcança­dos pela trans­mis­são históri­ca. Décadas depois, o dia 13 de fevereiro tornou-se o Dia Mundi­al do Rádio —  o meio de comu­ni­cação mais con­sum­i­do do plan­e­ta, segun­do relatórios inter­na­cionais.

A data foi procla­ma­da pela Orga­ni­za­ção das Nações Unidas para Edu­cação, Ciên­cia e Cul­tura (Unesco) para falar da importân­cia do rádio, seu alcance e como ele pode colab­o­rar para a con­strução da democ­ra­cia.

Des­de que foi insti­tuí­da, em 2011, questões como igual­dade de gênero, juven­tude, esporte, diver­si­dade e con­fi­ança já foram temas das edições da data, que envolvem cen­te­nas de estações de rádio de todo o mun­do. Há, inclu­sive, uma lista com 13 ideias para que as emis­so­ras cele­brem o Dia Mundi­al do Rádio em suas pro­gra­mações.

Este ano, a pro­pos­ta é dis­cu­tir o rádio e a paz: “Em calami­dades, pan­demias, con­fli­tos arma­dos e guer­ras, o rádio traz infor­mações priv­i­le­giadas, de segu­rança, e aca­ba, por vezes, sendo o úni­co meio de comu­ni­cação. Esta­mos falan­do de cenários sem luz elétri­ca, e o rádio con­segue chegar por fun­cionar à pil­ha, por exem­p­lo. O rádio sal­va vidas”, expli­ca Adau­to Cân­di­do Soares, coor­de­nador de Comu­ni­cação e Infor­mação do Escritório da Unesco no Brasil.

Em local­i­dades de con­fli­to defla­gra­do, ou mes­mo em país­es que atrav­es­sam situ­ações de calami­dade, as próprias Nações Unidas, por meio de suas Mis­sões de Paz, mon­tam estações de rádio para traz­er infor­mação segu­ra e con­fiáv­el para a pop­u­lação local e tam­bém como instru­men­to para con­sol­i­dação da paz e da esta­bil­i­dade. Foi assim no Haiti (rádio Minus­tah FM), Tim­or-Leste (Rádio Unmit), Cos­ta do Marfim (rádio Onu­ci FM), Sudão do Sul (rádio Miraya) e na Libéria (Rádio Unmil). Neste país, por exem­p­lo, a rádio da mis­são alcança­va aprox­i­mada­mente 75% do ter­ritório da Libéria e fala­va para cer­ca de 4,5 mil­hões de pes­soas — o que dá 80% da pop­u­lação.

A rádio Okapi, da Repúbli­ca Democráti­ca do Con­go, nasceu de uma mis­são de paz — a Monus­co, da sigla em inglês para Mis­são da ONU para a Esta­bi­liza­ção na Repúbli­ca Democráti­ca do Con­go — e está no ar des­de 2002. Ela começa como um instru­men­to para acom­pan­har a paci­fi­cação no país, e aca­ba tor­nan­do-se fun­da­men­tal para a con­strução da iden­ti­dade do país e sua unifi­cação. Na pro­gra­mação, notí­cias, prestação de serviço, edu­cação, entreten­i­men­to, esportes em francês e nos diale­tos locais (Swahili, Lin­gala, Kikon­go e Tshilu­ba), que são acom­pan­hados por uma audiên­cia esti­ma­da em 24 mil­hões de pes­soas.

Rádio como único meio de conhecimento

E não são só locais dev­as­ta­dos pela guer­ra ou pela natureza que o rádio alcança: “Na África sub­saar­i­ana, um quar­to da pop­u­lação não tem aces­so à inter­net. Tudo é feito pelo rádio”, desta­ca Cân­di­do Soares, da Unesco.

No Afe­gan­istão, com a retoma­da do poder do Tal­ibã, meni­nas e mul­heres só con­seguem con­tin­uar estu­dan­do por meio do rádio, que leva con­teú­do trans­mi­ti­do de out­ros país­es para den­tro de suas casas por meio das ondas cur­tas. É o que tam­bém acon­te­ceu aqui no Brasil, quan­do, no perío­do mais críti­co da pan­demia, cri­anças de regiões mais remo­tas do país valer­am-se de radioaulas para con­tin­uar apren­den­do:

A prox­im­i­dade com a audiên­cia faz com que o rádio sur­ja como “um pilar para a pre­venção de con­fli­tos e para a con­strução da paz (…) e atenue divergên­cias e/ou ten­sões, evi­tan­do sua escal­a­da ou pro­moven­do nego­ci­ações com vis­tas à rec­on­cil­i­ação e à recon­strução”, como reforça a Unesco.

“O rádio expres­sa sen­ti­men­tos, infor­mações e opiniões como um canal e como uma for­ma humana do pen­sa­men­to e das nos­sas neces­si­dades. Ele sem­pre se apre­sen­tou com uma pos­si­bil­i­dade de par­tic­i­pação do públi­co, de inter­ação, de con­ta­to e de cri­ação de vín­cu­los”, pon­tua Fer­nan­do Oliveira Pauli­no, pro­fes­sor da Uni­ver­si­dade de Brasília (UnB) e pres­i­dente da Asso­ci­ação Lati­no-Amer­i­cana de Inves­ti­gadores da Comu­ni­cação (ALAIC).

Pauli­no falou à Radioagên­cia Nacional, ain­da, sobre a vocação do rádio para a mobi­liza­ção social, em reportagem sobre o Dia Mundi­al do Rádio:

“De maneira ger­al, o rádio é um meio de comu­ni­cação que con­segue medi­ar con­fli­tos. Ele con­segue tratar temas que ger­am desavenças, que são sen­síveis, de modo a diminuir con­fli­tos e acir­rar posições”, diz Adau­to Cân­di­do Soares. “O dis­cur­so de ódio gan­hou mui­ta vis­i­bil­i­dade e se expandiu nas mídias dig­i­tais. O rádio pode ser usa­do para dirim­ir dúvi­das, amenizar posições, pro­mover o debate, traz­er o con­trapon­to. Porque o rádio tem a con­fi­ança de um públi­co cati­vo, que é imen­so”.

Viva Maria

“O rádio tem condição de pro­mover o desar­ma­men­to do espíri­to, acal­mar o pen­sa­men­to. E é como foi dito na Declar­ação dos Esta­dos-mem­bros da Unesco: ‘uma vez que as guer­ras começam na mente dos home­ns, é na mente dos home­ns que as defe­sas da paz devem ser con­struí­das’”. É o que ates­ta Mara Régia, jor­nal­ista e apre­sen­ta­do­ra do pro­gra­ma Viva Maria, da Rádio Nacional da Amazô­nia, que decid­iu usar o rádio à serviço das mul­heres.

Em 2011, em um episó­dio sobre os 75 anos da Rádio Nacional, o pro­gra­ma Cam­in­hos da Reportagem, da TV Brasil, con­tou a história e o sig­nifi­ca­do do Viva Maria para as ouvintes — muitas delas ribeir­in­has, que têm na Nacional da Amazô­nia e nas ondas cur­tas seu úni­co meio de infor­mação.

Há 42 anos no ar, o pro­gra­ma leva questões fem­i­ni­nas e fem­i­nistas para as ondas do rádio e cole­ciona, como diz a própria apre­sen­ta­do­ra, histórias de “resistên­cia, resil­iên­cia, soror­i­dade e sol­i­dariedade, con­tribuin­do para o avanço da cidada­nia das mul­heres”. E tam­bém para a pro­moção da autoes­ti­ma de suas ouvintes: “Já ouvi mul­heres que me falaram que tin­ham ver­gonha do nome. Ver­gonha de ser Maria. E hoje elas falam que se orgul­ham de ser mul­her, e recon­hecem na voz de uma mul­her as lutas que elas pre­cisam empreen­der”.

*Colaborou Beat­riz Albu­querque, repórter da Radioagên­cia Nacional

Edição: Suma­ia Vil­lela

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