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Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil é lembrado neste sábado

Brasil deve ter quase 8 mil casos anuais da doença até 2025

Cristi­na Indio do Brasil — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 23/11/2024 — 09:01
Rio de Janeiro
Brasília (DF) 22/11/2024 - Câncer infantojuvenil: diagnóstico precoce possibilita cura em 80% dos casos Foto: Inca/MS/Divulgação
Repro­dução: © Inca/MS/Divulgação

O Brasil poderá com­ple­tar o triênio de 2023 a 2025 com o reg­istro de 7.930 casos por ano de câncer em cri­anças e ado­les­centes de até 19 anos de idade. A esti­ma­ti­va é do Insti­tu­to Nacional do Câncer (Inca). Con­forme o Min­istério da Saúde, o val­or cor­re­sponde a um risco esti­ma­do de 134,81 por mil­hão de cri­anças e ado­les­centes. 

Segun­do a esti­ma­ti­va, 4.230 casos novos devem ser no sexo mas­culi­no e de 3,7 mil no sexo fem­i­ni­no. Os dados do Inca indicam ain­da que o câncer pediátri­co rep­re­sen­ta cer­ca de 3% do total de casos de câncer, con­sideran­do adul­tos e cri­anças.

O Dia Nacional de Com­bate ao Câncer Infan­til é lem­bra­do neste sába­do (23). A data foi cri­a­da em 4 de abril de 2008 para estim­u­lar ações educa­ti­vas e pre­ven­ti­vas rela­cionadas à doença e pro­mover debates sobre as políti­cas públi­cas de atenção inte­gral às cri­anças com câncer e apoiar os pacientes e seus famil­iares.

De acor­do com o Min­istério da Saúde, o número de pro­ced­i­men­tos real­iza­dos no Sis­tema Úni­co de Saúde (SUS) ref­er­entes ao câncer infan­til vem crescen­do ao lon­go dos anos. Em 2021, foram 10.108 cirur­gias, em 2022, 10.115 e em 2023, 10.526. Já os trata­men­tos por quimioter­apia vari­aram. Em 2021 foram 16.059, em 2022 atin­gi­ram 15.798 e em 2023 alcançaram 17.025.

Para a médi­ca Aris­sa Ike­da Suzu­ki, do setor de Oncolo­gia Pediátri­ca do Inca, o cresci­men­to na incidên­cia do câncer infan­to­ju­ve­nil pode ser decor­rente de maior número de diag­nós­ti­cos ali­a­do à mel­ho­ria da tec­nolo­gia, que devem estar influ­en­cian­do na capaci­dade dos profis­sion­ais de sus­peitarem e darem este tipo de diag­nós­ti­co. Isso vem pos­si­bil­i­tan­do tam­bém um avanço nas curas.

“A gente vem obser­van­do que tem aumen­ta­do [o número de casos], mas graças a Deus tam­bém tem uma evolução da mel­ho­ria da cur­abil­i­dade delas. Ape­sar de a gente não con­seguir curar total­mente 100% dos casos, temos tido uma evolução da questão da sobre­v­i­da ao lon­go dess­es anos, uma mel­ho­ria, com maior suporte e diag­nós­ti­co mais exa­to, com estu­dos mol­e­c­u­lares que per­mitem out­ros tipos de trata­men­to, além da químio, da radioter­apia e da cirur­gia. Todos ess­es avanços estão sendo obser­va­dos ao lon­go dessas décadas”, anal­isou a médi­ca, em entre­vista à Agên­cia Brasil.

Segun­do ela, por ano, o Inca faz o trata­men­to de 250 a 300 pacientes des­ta faixa de idade, entre eles, cer­ca de 16 a 20 cri­anças ou ado­les­centes ficam inter­na­dos na unidade da Praça da Cruz Ver­mel­ha, no cen­tro do Rio.

“A gente inter­na os pacientes que estão mais graves, muitas das vezes aque­les que neces­si­tam de diag­nós­ti­co mais rápi­do pos­sív­el. Não são todos que a gente abre matrícu­la por mês que ficam inter­nadas. Elas são acom­pan­hadas ambu­la­to­rial­mente e a gente segue a inves­ti­gação e segue o trata­men­to, na maior parte das vezes, ambu­la­to­r­i­al”, con­tou.

O tem­po de inter­nação varia con­forme o tipo de neces­si­dade de trata­men­to ou de avali­ação médi­ca sobre a pre­sença dos tumores. “Nem todos inter­na­dos são para avali­ação diag­nós­ti­ca, alguns são por inter­cor­rên­cia ao trata­men­to, out­ros para rece­berem quimioter­apia e infusão con­tínua são vários níveis, tem paciente pós-oper­atório. São várias cri­anças inter­nadas na lin­ha de trata­men­to do câncer”, expli­cou.

No perío­do de inter­nação, o Inca desen­volve uma rede de apoio à família dos pacientes com a pre­sença de assis­tente social. “Sem­pre um respon­sáv­el fica inter­na­do com o paciente e a assistên­cia social daqui dá todo o apoio para poder cri­ar uma rede que se man­ten­ha durante o trata­men­to e essa cri­ança rece­ba mel­hor trata­men­to pos­sív­el não só pelo hos­pi­tal, mas ten­do essa rede de apoio porque é um trata­men­to a lon­go pra­zo e neces­si­ta desse suporte famil­iar tam­bém”, infor­mou.

Incidência

De acor­do com o Inca, os tumores mais fre­quentes em cri­anças são as leucemias e de sis­tema ner­voso cen­tral, além dos lin­fo­mas. Ocor­rem ain­da os sar­co­mas (tumores de partes moles), Nefrob­las­toma (tumores renais), neu­rob­las­toma (tumores de gânglios sim­páti­cos), retinoblas­toma (tumor da reti­na do olho), entre out­ros.

Já entre os ado­les­centes, os tumores mais comuns são neo­plasias hema­tológ­i­cas (prin­ci­pal­mente lin­fo­ma de Hodgkin e lin­fo­ma não-Hodgkin), car­ci­no­mas (prin­ci­pal­mente mama, tireoide, melanoma e ginecológi­co) e tumores de célu­las ger­mi­na­ti­vas.

O câncer infan­to­ju­ve­nil tem par­tic­u­lar­i­dades que o difer­en­ci­am do câncer do adul­to. Em ger­al, apre­sen­tam menor perío­do de latên­cia. Segun­do o Inca, cos­tu­ma crescer rap­i­da­mente e tor­na-se bas­tante inva­si­vo, porém responde mel­hor à quimioter­apia. Muitos tumores pediátri­cos são con­sid­er­a­dos tumores embri­onários, pois man­têm car­ac­terís­ti­cas de célu­las pre­sentes nos teci­dos fetais.

Sintomas

Os sin­tomas ini­ci­ais do câncer na faixa etária de cri­anças e ado­les­centes são inespecí­fi­cos, o que tor­na mais difí­cil o diag­nós­ti­co pre­coce. No entan­to, a médi­ca do Inca avalia que sem­pre existe a capaci­dade de sus­pei­ta por parte dos profis­sion­ais de saúde como no caso das leucemias, quan­do pode apre­sen­tar algum quadro de ane­mia, pros­tração da cri­ança que fica mais pál­i­da e com alguns sinais de san­gra­men­to e hematomas pelo cor­po. Já nos lin­fo­mas, às vezes são diag­nos­ti­ca­dos com o surg­i­men­to de nódu­los, prin­ci­pal­mente, na região cer­vi­cal, ou de gânglios na região inguinal e super clav­ic­u­lar.

“Quan­do os gânglios começam a crescer de uma for­ma mais ráp­i­da ou mais lenta, mas com aumen­to em torno ou aci­ma de 3 cm, é indi­ca­do, os pais procu­rarem o atendi­men­to para uma avali­ação mais min­u­ciosa”, recomen­dou, acres­cen­tan­do que no caso de tumores no sis­tema ner­voso cen­tral, que tam­bém é um dos tipos mais fre­quentes, muitas das vezes estão rela­ciona­dos a cri­anças que recla­mam de cefaleia asso­ci­a­da a vômi­tos, alter­ações motoras e neu­rológ­i­cas.

Ain­da, con­forme o Inca, o câncer pediátri­co rep­re­sen­ta a primeira causa de morte por doença em cri­anças e ado­les­centes entre 1 e 19 anos. No entan­to, com o avanço no trata­men­to, este tipo de câncer é con­sid­er­a­do, atual­mente, uma doença poten­cial­mente curáv­el. Nos país­es desen­volvi­dos, a chance de cura está em torno de 85%. No Brasil o per­centu­al é de 80%. De acor­do com a médi­ca, a tec­nolo­gia tem sido uma das armas para mel­ho­rar a sobre­v­i­da dos pacientes. “Em país­es em desen­volvi­men­to e pobres, têm uma difer­ença na taxa de sobre­v­i­da, por con­ta do diag­nós­ti­co pre­coce e do suporte das tec­nolo­gias”, rela­tou.

Emb­o­ra muitas cri­anças cheguem com a doença em está­gio muito avança­do aos cen­tros de trata­men­to brasileiros, tem evoluí­do o con­hec­i­men­to dos profis­sion­ais de saúde com relação à doença, o que favorece o diag­nós­ti­co pre­coce.

“Na rede públi­ca, cada vez mais a gente tem obser­va­do que os profis­sion­ais que fazem atendi­men­to nas emergên­cias e clíni­cas da família têm se aten­ta­do com maior fre­quên­cia na sus­pei­ta desse diag­nós­ti­co. Isso sig­nifi­ca que, com as medi­das de cam­pan­has e de sis­tema edu­ca­cional para ess­es profis­sion­ais que fazem atendi­men­to dire­to à clíni­cas de famílias e comu­nidades, eles estão sendo treina­dos e con­seguem faz­er uma sus­pei­ta diag­nós­ti­ca favore­cen­do o encam­in­hamen­to dess­es pacientes para os cen­tros de trata­men­to”, pon­tu­ou a médi­ca.

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