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Diabéticos podem chegar a 784 milhões no mundo em 2045, estima IDF

Repro­dução: © Marce­lo Camargo/Agência Brasil

Dados são de Atlas da Federação Internacional do Diabetes


Pub­li­ca­do em 08/11/2021 — 07:00 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

Dados da déci­ma edição do Atlas do Dia­betes, divul­ga­do pela Fed­er­ação Inter­na­cional de Dia­betes (IDF, a sigla em inglês), mostram que 537 mil­hões de pes­soas entre 20 e 79 anos de idade têm dia­betes no mun­do, alta de 16% em dois anos. Os espe­cial­is­tas da IDF pro­je­tam que o número de adul­tos com a doença pode chegar a 643 mil­hões em 2030 e a 784 mil­hões em 2045. A prevalên­cia glob­al da doença atingiu 10,5%, com quase metade (44,7%) sem diag­nós­ti­co.

O lev­an­ta­men­to, feito a cada dois anos, rev­ela que o número de pes­soas com dia­betes aumen­tou de tal maneira que super­ou, pro­por­cional­mente, a expan­são da pop­u­lação glob­al. Segun­do afir­mou à Agên­cia Brasil a pres­i­dente da Sociedade Brasileira de Dia­betes — Region­al do Rio de Janeiro (SBD-RJ), endocri­nol­o­gista Rosane Kupfer, o dia­betes está em evolução cres­cente “e não foi con­ti­do, até ago­ra, por nen­hu­ma toma­da de ação, de decisão, em relação à doença”.

Para a médi­ca, isso sig­nifi­ca que con­tin­ua haven­do fal­ta de divul­gação, de infor­mação, de aces­so ao con­hec­i­men­to, ao diag­nós­ti­co e a um trata­men­to de qual­i­dade. Rosane ressaltou que além da covid-19, out­ras doenças têm mata­do muito em todo o mun­do. Uma delas é o dia­betes. O Atlas do IDF diz que, só neste ano, 6,7 mil­hões de pes­soas mor­reram em decor­rên­cia da doença.

A pres­i­dente da SBD-RJ infor­mou que a pro­porção de pes­soas com dia­betes, que era de uma a cada 11, caiu ago­ra para uma a cada dez pes­soas. “E grande parte delas está em país­es de baixa ren­da”. O Atlas do Dia­betes indi­ca que 81% dos adul­tos com a doença vivem em país­es em desen­volvi­men­to. Na Améri­ca Lati­na e Améri­ca Cen­tral, esti­ma-se que o número de dia­béti­cos alcance 32 mil­hões.

Causas

No próx­i­mo domingo(14), quan­do se comem­o­ra o Dia Mundi­al do Dia­betes, Rosane Kupfer aler­tou que as causas da doença são diver­sas. “A fal­ta de aces­so, as pés­si­mas escol­has ali­menta­res que o mun­do está fazen­do, prin­ci­pal­mente esse esti­lo de vida oci­den­tal, onde se vê que está crescen­do muito a obesi­dade, mui­ta gente com sobrepe­so, mui­ta gente com pré-dia­betes, que é uma cat­e­go­ria de altís­si­mo risco para ficar dia­béti­ca”.

Pes­soas que não têm nen­hum fator de risco devem faz­er uma glicemia anu­al após os 45 anos. “Tem que faz­er exame de sangue porque dia­betes é uma doença que não apre­sen­ta sin­tomas, pelo menos no iní­cio. Isso não quer diz­er que ela não este­ja fazen­do mal por den­tro (do organ­is­mo)”. As pes­soas que fazem exam­es de roti­na todo ano percebem quan­do ocorre aumen­to da gli­cose e se pre­ocu­pam, salien­tou. O prob­le­ma, disse Rosane, são as pes­soas que não se cuidam, não fazem exame para ver­i­ficar se são dia­béti­cas. Aler­tou que indi­ví­du­os com alto risco para dia­betes, que têm casos da doença na família, que são hiperten­sos, que têm sobrepe­so ou obesi­dade, e mul­heres que tiver­am dia­betes na ges­tação, devem faz­er exame anu­al aci­ma dos 35 anos de idade.

Por essas razões, Rosane Kupfer anal­isou que não se pode mais restringir a mobi­liza­ção de com­bate à doença ao mês de novem­bro e ao Dia Mundi­al do Dia­betes. Ela acred­i­ta que é pre­ciso ampli­ar as ações, mobi­lizar a sociedade e faz­er cam­pan­has fora de época, além de cobrar por mais políti­cas públi­cas que garan­tam o aces­so à saúde e a um trata­men­to de qual­i­dade. O tema da cam­pan­ha de con­sci­en­ti­za­ção deste ano sobre a doença é “Aces­so ao cuida­do para o Dia­betes”.

Segun­do a  pres­i­dente da SBD-RJ, o dia­betes não tem cura. “Por isso é tão impor­tante faz­er o diag­nós­ti­co pre­coce. Quan­to mais pre­coce o diag­nós­ti­co e o con­t­role, menos prob­le­mas a pes­soa vai ter”. As con­se­quên­cias de um dia­betes mal con­tro­la­do incluem prob­le­mas car­dio­vas­cu­lares, prin­ci­pal causa de mor­tal­i­dade na doença; prob­le­mas na reti­na, poden­do levar até mes­mo à cegueira; prob­le­mas renais, cuja maior causa de diálise entre adul­tos é o dia­betes; prob­le­mas arte­ri­ais nos mem­bros infe­ri­ores; amputações; neu­ropa­tias. “Então, tratan­do cedo, pre­co­ce­mente, difi­cil­mente a pes­soa vai ter essas com­pli­cações”, afir­mou.

Rio de Janeiro

No Brasil, o número de pes­soas com dia­betes atin­gia 16,8 mil­hões, até 2019. “Essa não é uma esti­ma­ti­va de gente que está se tratan­do, mas de gente que tem dia­betes”, desta­cou a endocri­nol­o­gista. “É mui­ta gente, quase 20 mil­hões”. No rank­ing mundi­al, o Brasil ocu­pa a quin­ta colo­cação em ter­mos de pes­soas com dia­betes, depois da Chi­na, Índia, dos Esta­dos Unidos e do Paquistão.

O Rio de Janeiro é a cap­i­tal brasileira com maior índice de diag­nós­ti­cos de dia­betes no país, de acor­do com a pesquisa Vig­ilân­cia de Fatores de Risco e Pro­teção para Doenças Crôni­cas por Inquéri­to Tele­fôni­co (Vig­i­tel), de 2020, do Min­istério da Saúde. A cap­i­tal flu­mi­nense teve o maior per­centu­al de indi­ví­du­os com a doença (11,2%), segui­da por Maceió (11%) e Por­to Ale­gre (10%). A doença é mais preva­lente nas mul­heres do que nos home­ns. O Rio de Janeiro tam­bém lid­era nes­sa questão, com 12,4% de diag­nós­ti­cos no sexo fem­i­ni­no, segui­do do Recife (12,2%) e de Maceió (11,4%). Entre os home­ns, o Rio de Janeiro apre­sen­ta taxa de 9,8%, a quar­ta maior do país.

“O Rio de Janeiro vai mal”, definiu a endocri­nol­o­gista. “Mas, espero que o Rio se reer­ga”, com­ple­tou. Ela sug­eriu que os pacientes que se desco­brem dia­béti­cos se cadas­trem em uma unidade de saúde da família. Quan­do necessário, essas unidades encam­in­ham para a atenção espe­cial­iza­da. “É muito impor­tante que haja inves­ti­men­to tam­bém na atenção espe­cial­iza­da”.

Rosane é tam­bém chefe do Serviço de Dia­betes do Insti­tu­to Estad­ual de Dia­betes e Endocrinolo­gia Luis Capriglione (Iede), que é refer­ên­cia para o esta­do do Rio de Janeiro na área de dia­betes e endocrinolo­gia. “A gente só recebe paciente que vem encam­in­hado com indi­cação pelo médi­co da Unidade Bási­ca de Saúde (UBS). Esse é o cam­in­ho”. Cer­ca de 40% dos pacientes do Iede são de fora do Rio.

Custos

De acor­do com a Fed­er­ação Inter­na­cional de Dia­betes (IDF), a doença provo­cou um gas­to mundi­al com saúde de US$ 966 bil­hões, alta de 316% nos últi­mos 15 anos. O últi­mo Atlas da enti­dade mostra que o Brasil gas­ta em torno de US$ 52,3 bil­hões por ano no trata­men­to de adul­tos de 20 a 79 anos, o que resul­ta em cer­ca de US$ 3 mil dólares por pes­soa.

Edição: Graça Adju­to

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