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Ditadura invadiu terreiros e destruiu peças sagradas do candomblé

Repro­dução: © Tomaz Silva/Agência Brasil

Mãe Meninazinha d’Oxum lembra com tristeza os tempos de repressão


Publicado em 04/04/2024 — 07:32 Por Cristina Indio do Brasil — Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro

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Des­de cri­ança, a iyalorixá Mãe Meni­naz­in­ha d’Oxum ouvia a avó Iyá Davina, a iyalorixá Davina de Omolu, dizen­do “nos­sas coisas estão nas mãos da polí­cia”. Aque­las palavras eram ditas com mui­ta dor. As coisas às quais a avó se refe­ria eram obje­tos reli­giosos, que foram apreen­di­dos pela polí­cia flu­mi­nense, entre 1890 e 1946, em bati­das real­izadas em ter­reiros de can­domblé e tam­bém de umban­da.

“Um dia a gente procu­ra ver quais são essas coisas que estão nas mãos da polí­cia, que não só ela fala­va com tan­ta dor. Acho que na época elas [mães de san­to] se sen­ti­am impo­tentes e não sabi­am o que faz­er. Mas, graças a Deus e aos deuses, de tan­to eu ouvir, nós tiramos esse Nos­so Sagra­do que esta­va nas mãos da polí­cia”, con­tou Mãe Meni­naz­in­ha d’Oxum à Agên­cia Brasil, em entre­vista no ter­reiro Ilê Omolu Oxum, em São João de Mer­i­ti, na Baix­a­da Flu­mi­nense.

Rio de Janeiro (RJ), 28/03/2024 – Mãe Meninazinha de Oxum em seu terreiro, Ilê Omolu Oxum, na Baixada Fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Repro­dução: Mãe Meni­naz­in­ha d’Ox­um em seu ter­reiro na Baix­a­da Flu­mi­nense — Tomaz Silva/Agência Brasil

“Entravam nos ter­reiros, que­bravam o Sagra­do. A polí­cia que­bra­va. Muitas peças estavam na polí­cia como pro­va de crime, como se a gente pro­fes­sar uma religião fos­se crime. Nós éramos crim­i­nosos por ser de can­domblé e por ser de umban­da e out­ros seg­men­tos da África”, afir­mou.

A dor de ter os obje­tos apreen­di­dos era ain­da mais inten­si­fi­ca­da por saberem que todo o acer­vo, que na ver­dade per­ten­cia às pes­soas de religiões de matriz africana, esta­va no pré­dio do Museu da Polí­cia, região cen­tral do Rio, onde fun­cio­nou o Depar­ta­men­to de Ordem Públi­ca e Social (Dops), que foi local de repressão no perío­do do regime mil­i­tar.

“A gente faz tudo com muito car­in­ho e ver tudo ser destruí­do de uma hora para out­ra. É a dor no cor­po da gente. As pan­cadas no Sagra­do refletem no nos­so cor­po. Com certeza é um desre­speito à ances­tral­i­dade. A gente não esta­va fazen­do mal a ninguém. Só que­ria pro­fes­sar a nos­sa religião e cul­tu­ar os nos­sos orixás. Coisa que não podia. Con­sid­er­avam que era magia negra”, apon­tou.

A trans­fer­ên­cia de local se trans­for­mou em uma deman­da forte, espe­cial­mente de lid­er­anças reli­giosas, o que resul­tou na cam­pan­ha Lib­erte o Nos­so Sagra­do. Mãe Meni­naz­in­ha d’Oxum foi uma das prin­ci­pais lid­er­anças para que “as nos­sas coisas” saíssem das mãos da polí­cia.

“Por con­ta dis­so, eu come­cei a me comu­nicar com as pes­soas. Quase toda pes­soa que vin­ha aqui [no ter­reiro] e eu tin­ha opor­tu­nidade, a pes­soa não tin­ha nem nada a ver com isso, podia ser até de São Paulo, mas eu fala­va: ‘gente, está acon­te­cen­do isso’.”

Volta da perseguição

Ain­da sem terem o Nos­so Sagra­do de vol­ta, no perío­do do regime mil­i­tar, as pes­soas de ter­reiros de can­domblé e de umban­da ain­da tiver­am, de novo, que enfrentar out­ras invasões e perder seus obje­tos.

“Nos anos 70, mui­ta coisa. Fui a uma reunião uma vez por con­ta de uma sen­ho­ra que pas­sou por isso. Que coisa triste. Entraram na casa dela. Entre­garam um pedaço de madeira na mão dela para ela mes­ma que­brar [os obje­tos sagra­dos]. Mui­ta humil­hação. Ela não tin­ha alter­na­ti­va e que­bran­do e choran­do todo o Sagra­do que era meu tam­bém”, rev­el­ou Mãe Meni­naz­in­ha.

Toda a tris­teza que pas­saram no perío­do ante­ri­or esta­va mais uma vez pre­sente. Para fugir da repressão, algu­mas lid­er­anças trans­feri­ram as sessões dos ter­reiros para locais de flo­restas onde podi­am pro­fes­sar a fé sem serem persegui­dos por agentes do regime.

“Alguns babalorixás e iyalorixás iam para o mato para bater o can­domblé porque den­tro de casa não podia. Eram persegui­dos e inva­di­am. Foi muito sac­ri­fí­cio para chegar­mos até aqui. Lev­avam os instru­men­tos e fazi­am o can­domblé lá”, rela­tou.

O primeiro ter­reiro Ilê Omolu Oxum aber­to por Mãe Meni­naz­in­ha para con­tin­uar o cam­in­ho da avó foi na local­i­dade de Maram­ba­ia, em Nova Iguaçu, na Baix­a­da Flu­mi­nense, em 1968. Mãe Meni­naz­in­ha con­tou que, ape­sar de ser em pleno perío­do do regime mil­i­tar, não teve difi­cul­dade em se insta­lar no lugar. “Era um lugar muito dis­tante e no mato. Não chegaram lá para perseguir.”

Ape­sar dis­so, um tem­po depois, a situ­ação mudou. “Tive­mos uns poli­ci­ais que foram lá e dis­ser­am que iam fechar a casa. Que eu tin­ha que ir à del­e­ga­cia. Botei a mão na cabeça e fui na del­e­ga­cia. Quan­do cheguei lá, con­ver­sei com o del­e­ga­do e ele disse que eu podia tocar lá [a casa]”, lem­brou, acres­cen­tan­do que o del­e­ga­do quis saber quais eram os poli­ci­ais que foram ao ter­reiro “per­tur­bar esta sen­ho­ra”.

“Essa mul­her vai con­tin­uar baten­do o can­domblé dela, a macum­ba dela. Não tem que exi­gir doc­u­men­to. Ela vai con­tin­uar”, rela­tou o que disse o del­e­ga­do naque­le momen­to, acred­i­tan­do que a reação dele foi resul­ta­do de uma aju­da dos orixás. “Orixá existe e, quan­do eles querem, querem mes­mo.”

Umbanda

O his­to­ri­ador, escritor Luiz Antônio Simas cresceu den­tro de um ter­reiro de umban­da, onde a avó era mãe de san­to e fazia parte de uma rede de casas de san­to em Nova Iguaçu, na Baix­a­da Flu­mi­nense. A pre­sença da religião no municí­pio era forte. Mes­mo sendo um perío­do vio­len­to, segun­do Simas, os momen­tos mais difí­ceis para a rede de ter­reiros da região não foram os do regime mil­i­tar.

“Do pon­to de vista do teste­munho da min­ha família e dessa lin­ha de ter­reiros, uma família inclu­sive com tendên­cia à esquer­da, os piores momen­tos não foram os da ditadu­ra mil­i­tar. A rig­or, min­ha avó, por exem­p­lo, não tin­ha nen­hu­ma refer­ên­cia de um aumen­to da perseguição em Nova Iguaçu, durante o perío­do da ditadu­ra mil­i­tar na Baix­a­da Flu­mi­nense que con­cen­tra­va grande número de ter­reiros de umban­da e can­domblé no Rio de Janeiro”, comen­tou em entre­vista à Agên­cia Brasil.

De acor­do com o his­to­ri­ador, o “perío­do brabo” para as religiões de matriz africana e indí­ge­na foi out­ro. “O negó­cio foi muito pesa­do na primeira Repúbli­ca, inclu­sive quan­do a polí­cia começa a apreen­der uma série de obje­tos que farão parte da infame coleção Magia Negra, que era o nome dado à coleção de obje­tos sacros apreen­di­dos pela polí­cia”, apon­tou.

A déca­da de 1930, na Era Var­gas, con­forme indi­cou Simas, foi muito pesa­da por causa da Del­e­ga­cia de Cos­tumes e da leg­is­lação de proibição do cul­to. Segun­do ele, já na déca­da de 1990, com o avanço de religiões pen­te­costais, surgiu “uma dis­pu­ta pelo mer­ca­do reli­gioso extrema­mente agres­si­va e o auge de ataques a ter­reiros com depredações”. “Bas­ta diz­er que a cidade em que cresci, Nova Iguaçu, que era muito mar­ca­da por uma rede de ter­reiros, sofreu um avanço muito impac­tante de religiões pen­te­costais com relatos abso­lu­ta­mente ter­ríveis e con­stantes de casos de invasões de ter­reiros, típi­cos desse perío­do do iní­cio do sécu­lo 20.”

Rio de Janeiro (RJ) - Peças do Acervo Nosso Sagrado. Foto: Oscar Liberal/Museu da República
Repro­dução: Peças do Acer­vo Nos­so Sagra­do — Oscar Liberal/Museu da Repúbli­ca

Transferência

Depois de mui­ta luta para recu­per­ar os obje­tos reli­giosos, enfim, em março de 2023, o acer­vo Nos­so Sagra­do, com­pos­to por 519 peças, deixou o anti­go pré­dio do Dops para ser guarda­do no Museu da Repúbli­ca, no Catete, zona sul do Rio.

“Tudo que está no Museu da Repúbli­ca foi, não digo tira­do não, digo rou­ba­do. A pes­soa entra na casa do out­ro, pega o que não é seu. Não é roubo? É rou­ba­do sim. Foi tudo para o Museu da Polí­cia porque era crime ser de can­domblé, crime ser da umban­da. Crime”, afir­mou a iyalorixá.

Para a Mãe Meni­naz­in­ha d’Oxum, ver a coleção no Museu da Repúbli­ca é uma con­quista para o seu povo. “É uma vitória das religiões afro-brasileiras. Uma vitória depois de tan­to que nós pas­samos. Mui­ta humil­hação, muto abu­so, mui­ta agressão físi­ca. Ago­ra está em lugar de respeito, onde nós somos respeita­dos”, disse lem­bran­do que Pai Procó­pio de Ogun­já, da Bahia, pai de san­to da avó Iyá Davina “sofreu muito, foi pre­so, agre­di­do, apan­hou da polí­cia”.

O dire­tor do Museu da Repúbli­ca e pro­fes­sor da Esco­la de Muse­olo­gia e Depar­ta­men­to de Estu­dos e Proces­sos Muse­ológi­cos da Uni­ver­si­dade Fed­er­al do Esta­do do Rio de Janeiro (UNIRIO), Mário Cha­gas, desta­cou que out­ra vitória foi a mudança do nome do acer­vo fei­ta pelo Insti­tu­to do Patrimônio Históri­co e Artís­ti­co Nacional (Iphan).

“O Iphan aceitou e alter­ou o nome da coleção que era uma deman­da das lid­er­anças que que­ri­am que a coleção deix­as­se de ser denom­i­na­da coleção Museu da Magia Negra e pas­sasse a ser denom­i­na­da acer­vo Nos­so Sagra­do. O Iphan aceitou essa reivin­di­cação e no dia 21 de março de 2023 alter­ou o nome da coleção e pub­li­cou em Diário Ofi­cial. Man­te­mos tam­bém o nome ante­ri­or até para ter um reg­istro de racis­mo reli­gioso e não apa­gar essa memória nefas­ta, destru­ti­va, rea­cionária e per­se­cutória ao Nos­so Sagra­do”, infor­mou à Agên­cia Brasil.

Rio de Janeiro (RJ) - Peças do Acervo Nosso Sagrado. Foto: Oscar Liberal/Museu da República
Repro­dução: Peças do Acer­vo Nos­so Sagra­do — Oscar Liberal/Museu da Repúbli­ca

O dire­tor desta­cou que a trans­fer­ên­cia teve o pro­tag­o­nis­mo de lid­er­anças reli­giosas. “Essa con­quista, se pen­sar­mos em ter­mos de muse­olo­gia, sig­nifi­ca uma repa­tri­ação den­tro da própria pátria e é uma con­quista extra­ordinária. Talvez seja um dos even­tos mais impor­tantes den­tro da muse­olo­gia do Brasil nos últi­mos 30 anos”, disse.

O his­to­ri­ador e escritor Luiz Antônio Simas tam­bém con­sider­ou muito impor­tante a trans­fer­ên­cia do Nos­so Sagra­do para o Museu da Repúbli­ca. “Inclu­sive do pon­to de vista sim­bóli­co, porque a Repúbli­ca no Brasil, des­de a procla­mação, teve uma per­spec­ti­va vig­orosa­mente higien­ista e eugenista. O pro­je­to repub­li­cano des­de a déca­da de 1890 era anco­ra­do numa per­spec­ti­va de bran­quea­men­to racial no Brasil e era um bran­quea­men­to que se esta­b­ele­cia de duas maneiras: a ten­ta­ti­va de bran­quear a cor da pele do brasileiro, estim­u­lan­do a imi­gração europeia, e uma ten­ta­ti­va de pro­mover um bran­quea­men­to cul­tur­al, apa­gan­do, por­tan­to, das refer­ên­cias da for­mação brasileira, os ele­men­tos não bran­cos desse proces­so. Nesse con­tex­to, as religiões afro-indí­ge­nas foram vig­orosa­mente ata­cadas”, obser­vou.

Indígenas

Simas desta­cou que é pre­ciso incluir os indí­ge­nas na questão dos acer­vos, porque, segun­do ele, parte dessas religiões tam­bém tem influên­cia dos cul­tos dos povos orig­inários. “Toda a apreen­são de obje­tos sagra­dos, impor­tante diz­er que não só de matriz africana, sem­pre faço questão de diz­er isso, mas afro-indí­ge­na porque tem mui­ta coisa das umban­das, apreen­di­da lig­a­da a cul­to de cabo­clo com raiz indí­ge­na muito forte. Esse proces­so todo na ver­dade é sin­toma de um bran­quea­men­to racial que opera na dimen­são mate­r­i­al e sim­bóli­ca do racis­mo. Então, estar no Museu da Repúbli­ca é impor­tan­tís­si­mo, até porque não tem que ser um museu de apolo­gia à Repúbli­ca, mas um museu tem que ter uma per­spec­ti­va reflex­i­va sobre o que foi e o que é a Repúbli­ca brasileira. O Brasil não pode var­rer para debaixo do tapete as vio­lên­cias mate­ri­ais e sim­bóli­cas que for­maram no fim das con­tas o país”, pon­tu­ou.

Mudanças

Ape­sar de ver­i­ficar que ain­da existe mui­ta intol­erân­cia, Mãe Meni­naz­in­ha acha que a situ­ação mel­horou um pouco, o que na visão dela, tam­bém é con­se­quên­cia de mui­ta luta. “Depois dos nos­sos movi­men­tos, graças a Deus e aos nos­sos deuses, nós hoje já temos uma liber­dade para pro­fes­sar nos­sa religião e tocar nos­so can­domblé. A umban­da tocar a sua umban­da. Vamos à pra­ia no dia 31 de dezem­bro para sal­var Ieman­já e no dia 2 de fevereiro”, comem­o­rou.

“A religião que era acei­ta era o catoli­cis­mo. Can­domblé e umban­da eram religião dos negros, até não eram con­sid­er­adas religião e, sim, sei­ta, mas graças a Deus hoje se recon­hece o can­domblé como religião. É de negros como eles dizem porque veio da África e a África é negra”, com­ple­tou a iyalorixá.

Legado da avó

Nasci­da e cri­a­da den­tro do can­domblé, que começou com a avó, a Iyá Davina, e seguiu com Mari­az­in­ha de Nanã, a sua mãe, as duas vin­das de Sal­vador para o Rio. Mãe Meni­naz­in­ha, caçu­la de 15 irmãos fez san­to quan­do tin­ha 23 anos e já com a função de dar con­tinuidade ao que foi feito pela avó.

“Min­ha avó fez san­to na Bahia, na casa do Pai Procó­pio de Ogun­já em 1910”, con­tou se referindo à origem da sua lin­hagem no can­domblé.

Rio de Janeiro (RJ), 28/03/2024 – O terreiro Ilê Omolu Oxum, de Mãe Meninazinha de Oxum, em São João de Meriti, na baixada fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Repro­dução: Ter­reiro Ilê Omolu Oxum, de Mãe Meni­naz­in­ha d’Ox­um, em São João de Mer­i­ti, na Baix­a­da Flu­mi­nense — Tomaz Silva/Agência Brasil

A iyalorixá vê como mis­são levar a sua cul­tura para frente e desmisti­ficar algu­mas men­ti­ras propa­gadas sobre o can­domblé e os orixás. “Estou fazen­do o meu papel. Faço o meu papel de iyalorixá, de cuidar daqui, dos meus fil­hos e da religião fora daqui, deste espaço. Ten­ho que mostrar para o povo, que não dev­e­ria ter que mostrar, mas as pes­soas têm que con­hecer a religião e saber que a religião não tem nada a ver com demônio. Que Exu não é demônio.”

Nem todos da família seguiam esta religião. Emb­o­ra não cri­asse bar­reiras para a mul­her, o pai da iyalorixá não era do can­domblé. “O meu pai não gosta­va. Ele dizia ‘eu não gos­to desse negó­cio de macum­ba’, mas ele não impe­dia de min­ha mãe fre­quen­tar. Nós, ain­da cri­anças. Ela era iyalorixá na casa [ter­reiro] em Mesqui­ta [Baix­a­da Flu­mi­nense]. Ele não se inco­mo­da­va. Ele não que­ria para ele. Acho que ele até acred­i­ta­va, mas não gosta­va. Ele era de Oxos­si”, lem­bra Mãe Meni­naz­in­ha.

Após cin­co anos do ter­reiro na Maram­ba­ia, em Nova Iguaçu, Mãe Meni­naz­in­ha d’Oxum trans­feriu a casa para São João de Mer­i­ti, tam­bém na Baix­a­da Flu­mi­nense, onde está até hoje. “Procu­ramos um ter­reno e encon­tramos esse aqui. Con­struí­mos aos pouquin­hos e esta­mos aqui”, disse.

Aos 86 anos, Mãe Meni­naz­in­ha d’Oxum disse que hoje não tem o que se queixar. Vive com tran­quil­i­dade e se rela­ciona bem com inte­grantes de out­ras religiões que vivem próx­i­mos ao ter­reiro, como um viz­in­ho evangéli­co e de uma casa de umban­da.

“Eu sou feliz”, con­tou. “Tudo, min­ha religião, meus ami­gos, meus fil­hos, os orixás, prin­ci­pal­mente os orixás. Essa religião para mim é mar­avil­hosa. Nasci e me criei den­tro do can­domblé. Para mim é tudo. Digo que é o ar que respiro. É água que bebo, a dor que sin­to. Tudo isso é a min­ha religião. Tem que ser respeita­da e eu luto por isso. Nós de can­domblé e umban­dis­tas somos ata­ca­dos com intol­erân­cia e desre­speito, mas nun­ca ata­camos o out­ro lado”, con­cluiu, desta­can­do que tem par­entes lig­a­dos à Igre­ja Evangéli­ca.

Edição: Juliana Andrade

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