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Diversidade de lavouras beneficia fauna nativa em São Paulo

Repro­dução: © Embra­pa

Áreas agrícolas mais diversas são benéficas para a biodiversidade


Pub­li­ca­do em 24/01/2024 — 06:25 Por Cami­la Boehm – Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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A maior diver­si­dade nas lavouras local­izadas no nordeste paulista tem efeito bené­fi­co para manutenção de espé­cies nati­vas de mamífer­os na região, quan­do com­para­da a áreas de mono­cul­tura. A het­ero­genei­dade da pais­agem aju­da ain­da a con­tro­lar espé­cies inva­so­ras, como os javalis, que podem causar pre­juí­zos ambi­en­tais e para a ativi­dade agrí­co­la da região.

A con­clusão é de pesquisa da Uni­ver­si­dade de São Paulo (USP) — pub­li­ca­da no Jour­nal of Applied Ecol­o­gy e apoia­da pela Fun­dação de Amparo à Pesquisa do Esta­do de São Paulo (Fape­sp) — sobre uma região agrí­co­la no esta­do de São Paulo, que está den­tro do bio­ma cer­ra­do. O estu­do cobriu uma área de 34 mil quilômet­ros quadra­dos, abrangen­do mais de 85 municí­pios paulis­tas na região de Ribeirão Pre­to e Araraquara.

“A gente sabia da influên­cia da veg­e­tação nati­va. A per­da de veg­e­tação nati­va não é boa em ter­mos ambi­en­tais, mas o que a gente colo­ca naque­la área des­mata­da impor­ta tam­bém: se vai ser uma agri­cul­tura mais diver­sa ou menos diver­sa”, rev­el­ou Mar­cel­la do Car­mo Pônzio, doutoran­da do Insti­tu­to de Bio­ciên­cias da USP, que lid­er­ou a pesquisa.

Biodiversidade

Segun­do ela, áreas agrí­co­las mais diver­sas, que são resul­ta­do da agri­cul­tura famil­iar ou do sis­tema de agroflo­res­ta, e tam­bém agri­cul­turas de maior escala com um sis­tema de rotação de cul­turas e de cul­ti­vo con­sor­ci­a­do são mais bené­fi­cas para a bio­di­ver­si­dade do que a mono­cul­tura. “Elas podem nos aju­dar a man­ter mais espé­cies nati­vas naque­la área e tam­bém con­tro­lar espé­cies inva­so­ras”, afir­mou.

Mar­cel­la ressaltou que aque­la região tem sido dom­i­na­da pelo avanço da agri­cul­tura inten­si­va, do tipo mono­cul­tura, que pro­move jus­ta­mente o des­mata­men­to, reti­ran­do a cober­tu­ra de veg­e­tação nati­va da região e a homo­geneiza­ção da pais­agem.

“A nos­sa área de estu­do atual­mente pos­sui somente 19% de cober­tu­ra de veg­e­tação nati­va e tem um históri­co agrí­co­la muito anti­go. Há 200 anos, ela vem sendo uti­liza­da de maneira inten­si­va pela agri­cul­tura, primeiro no ciclo do café e atual­mente com o desen­volvi­men­to maior de mono­cul­tura de cana, que é a prin­ci­pal cober­tu­ra dessa área hoje”, desta­cou.

Na região estu­da­da, a maio­r­ia das pro­priedades não cumpre o Códi­go Flo­re­stal, que deter­mi­na a con­ser­vação de 20% de veg­e­tação nati­va, além das áreas de preser­vação per­ma­nente (APPs), como as mar­gens de rios e topos de mor­ro. Mes­mo que a por­cent­agem fos­se cumpri­da, a pesquisado­ra disse que somente isso não é o bas­tante para a manutenção da fau­na na região, que tem como espé­cies nati­vas o vea­do, o tatu e a onça par­da, entre out­ros.

“Na nos­sa área de estu­do, a gente percebe que esse mod­e­lo de agri­cul­tura inten­si­va não é um mod­e­lo amigáv­el para a bio­di­ver­si­dade”, con­cluiu. Ela citou que pesquisas ante­ri­ores já demon­straram que são necessários, ao menos, de 35% a 40% de veg­e­tação nati­va para a manutenção dessa bio­di­ver­si­dade e de serviços asso­ci­a­dos.

O resul­ta­do em relação ao javali — uma das espé­cies inva­so­ras que mais tem cau­sa­do danos na região — chamou a atenção dos pesquisadores.

“Ele causa danos à agri­cul­tura, pisoteia nascentes, pode trans­mi­tir doenças ou ser reser­vatório de doenças. Para além dess­es resul­ta­dos de riqueza [na fau­na], a gente perce­beu que, em áreas com pou­ca quan­ti­dade de veg­e­tação nati­va, se eu aumen­tar a het­ero­genei­dade dessa pais­agem, eu ten­do a diminuir a pre­sença do javali”, detal­hou.

Lavouras mais heterogêneas

Diante dessa real­i­dade da agri­cul­tura no nordeste do esta­do, além do con­t­role do des­mata­men­to, uma for­ma de amorte­cer os pre­juí­zos que a degradação da veg­e­tação nati­va causa à fau­na local é tornar as lavouras mais het­erogêneas.

“Supon­do que a gente restau­re a pon­to de chegar ness­es 20% [de veg­e­tação nati­va], uma maneira de aju­dar no con­t­role dessa espé­cie inva­so­ra que tem cau­sa­do tan­tos danos é aumen­tar a diver­si­dade dos cul­tivos agrí­co­las. Isso pode além de aumen­tar a riqueza da fau­na nati­va con­tro­lar as espé­cies inva­so­ras”, final­i­zou.

Edição: Kle­ber Sam­paio

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