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Documentário resgata histórias do rádio em Brasília

Repro­dução: © Acer­vo EBC/Direitos reser­va­dos

Filme será lançado nesta quinta-feira na Câmara Legislativa do DF


Pub­li­ca­do em 31/08/2023 — 08:32 Por Luiz Clau­dio Fer­reira — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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Lá em 1958, quan­do a poeira subia, a esper­ança vin­ha lá do alto. Mais pre­cisa­mente de alto-falantes, pre­sos a postes de madeira das qua­tro vias prin­ci­pais da “Cidade Livre”, bair­ro cri­a­do para os tra­bal­hadores da con­strução de Brasília. Foi o fun­cionário públi­co Car­los Sen­na (1929 — 1995) que fez, por ide­al­is­mo e paixão, desse sis­tema de som, a primeira rádio — “A Voz de Brasília” — daque­le lugar que viria a ser a cap­i­tal do Brasil. “As pes­soas ficavam saben­do dos empre­gos na con­strução e tam­bém se ofer­e­ci­am para tra­bal­har”, recor­da Cleusa Menezes Sen­na, hoje aos 83 anos, com­pan­heira da vida inteira do radi­al­ista.

Cleusa foi com­pan­heira de Sen­na inclu­sive no tra­bal­ho. Ela atu­a­va de man­hã na rádio, enquan­to Car­los esta­va no serviço. À tarde, ele ocu­pa­va o estú­dio impro­visa­do. Histórias como essa de amor e de pio­neiris­mo no rádio da cap­i­tal pro­tag­on­i­zam o filme doc­u­men­tário Brasília nas Ondas do Rádio , que é lança­do nes­ta quin­ta-feira (31), às 10h30, no auditório da Câmara Leg­isla­ti­va do Dis­tri­to Fed­er­al. A pro­jeção é aber­ta ao públi­co. O filme, com 42 min­u­tos de duração, tem direção de Eduar­do Mon­teiro e Dió­genes Dias, com pro­dução de Luciano Mon­teiro.

Brasília (DF) 31/08/2023- Documentário resgata histórias de pioneirismo do rádio em Brasília. Foto: Acervo pessoal/Divulgação
Repro­dução: Brasília (DF) 31/08/2023- Doc­u­men­tário res­ga­ta histórias de pio­neiris­mo do rádio em Brasília. Foto: Acer­vo pessoal/Divulgação

Vozes marcantes

“As histórias são, real­mente, sen­sa­cionais”, afir­ma Dió­genes Dias. Ele expli­ca que con­tou, por exem­p­lo, com a colab­o­ração da esposa e do fil­ho de Car­los Sen­na para remem­o­rar o sis­tema de alto-falante e o bar­racão de onde ecoam, pela memória da família e de quem viveu esse pio­neiris­mo, músi­cas e infor­mações sobre vagas de tra­bal­ho. O dire­tor expli­ca que o filme começou a ser imag­i­na­do há dez anos, quan­do con­heceu o radi­al­ista Clemente Dra­go (que mor­reu em out­ubro do ano pas­sa­do).

“Eu era fã dele por aque­la voz muito mar­cante. Foi o primeiro per­son­agem que gravei.

A ideia ini­cial era faz­er um filme sobre ele. E ele falou muito sobre os primór­dios. Ele fun­dou a Rádio Planal­to”. Com as con­ver­sas com o lendário apre­sen­ta­dor, a equipe resolveu faz­er um doc­u­men­tário sobre a história das rádios de Brasília. A inves­ti­gação chegou a profis­sion­ais que con­tam muito sobre a incrív­el história de pio­neiris­mo, como João Cân­di­do, Alvaro Calzá, Val­ter Lima, José Neri, Már­cia Fer­reira, Edel­son Moura, Clay­ton Aguiar, Ricar­do Pen­ta, Rober­to Cav­al­cante, Nel­son Faria e Neville D’Almeida.

O dire­tor do filme con­ta que, na déca­da de 50, a tele­visão já havia chega­do ao Brasil, mas ain­da esta­va longe de ser pop­u­lar­iza­da. O rádio era o veícu­lo que mobi­liza­va o públi­co. “O Clemente Dra­go comen­tou que a Rádio Nacional pro­moveu um con­cur­so em que o prêmio era con­hecer a emis­so­ra. Quem gan­hou foi um alemão que veio da Europa para con­hecer a rádio brasileira”.

Mas, em Brasília, a rádio foi pro­tag­o­nista des­de o primeiro dia, como o dis­cur­so de inau­gu­ração da cidade pelo pres­i­dente Jusceli­no. “A Nacional, parte do sis­tema públi­co de comu­ni­cação, fez parte dos primór­dios do rádio e da comu­ni­cação em Brasília”, diz o dire­tor do filme. Ele desta­ca que o doc­u­men­tário tem a pro­pos­ta de garan­tir memória a episó­dios fun­da­men­tais da história. Ele foi via­bi­liza­do com recur­sos do Fun­do de Apoio à Cul­tura (FAC), da Sec­re­taria de Cul­tura e Econo­mia Cria­ti­va (FAC).

Brasília (DF) 31/08/2023- Documentário resgata histórias de pioneirismo do rádio em Brasília. Foto: Acervo pessoal/Divulgação
Repro­dução: Doc­u­men­tário Pio­neiros de Brasília, por Acer­vo pessoal/Divulgação

Memória

Para Cleusa, a esposa de Sen­na que virou radi­al­ista aos 17 anos, pro­te­ger a memória de fatos pas­sa­dos é fun­da­men­tal para faz­er justiça à tra­jetória do mari­do. O casal chegou a Brasília em 1957. Antes, Car­los Sen­na havia fun­da­do até um cin­e­ma no inte­ri­or de Minas Gerais. “Ele era um des­bravador. Quan­do desco­briu que havia alto-falantes na comu­nidade, teve a ideia de colo­car no alto dos postes. Ele colo­cou nas qua­tro avenidas. A gente trans­mi­tia tudo, como even­tos com o Luiz Gon­za­ga”.

O fil­ho de Car­los Sen­na, o jor­nal­ista Car­los Sér­gio Sen­na, que hoje é ger­ente da Rádio Nacional, da Empre­sa Brasil de Comu­ni­cação (EBC), afir­ma que a influên­cia do pai na prestação de serviços foi fun­da­men­tal para que ele, quan­do ado­les­cente, escol­hesse a profis­são. Inclu­sive, aos 14 anos, viu que o pai não garan­tiria algum priv­ilé­gio. Con­vic­to de que que­ria seguir os mes­mos pas­sos, acabou desco­brindo que o primeiro emprego não seria no estú­dio, mas na por­taria.

“Recor­do que, na época da inau­gu­ração da Rádio Nacional, o cam­in­hão que trazia os dis­cos teve um prob­le­ma no cam­in­ho. A rádio foi inau­gu­ra­da porque meu pai emprestou os dis­cos para a trans­mis­são”, orgul­ha-se. Para faz­er com­pan­hia ao pai, lem­bra que, a infân­cia e a ado­lescên­cia foram den­tro de estú­dios e tam­bém em cober­turas exter­nas. Con­heceu Gon­za­gão, Pelé e out­ras fig­uras céle­bres de per­to. Ouviu as vozes deles se trans­for­marem em ondas sono­ras e a história acon­te­cer ali do lado. Sabia que a voz mais trans­for­mado­ra para ele, o públi­co não con­hecia o ros­to. Mas ele chama­va de pai.

Brasília (DF) 31/08/2023- Documentário resgata histórias de pioneirismo do rádio em Brasília. Foto: Acervo pessoal/Divulgação
Repro­dução: Brasília (DF) 31/08/2023- Doc­u­men­tário res­ga­ta histórias de pio­neiris­mo do rádio em Brasília. Foto: Acer­vo pessoal/Divulgação

Edição: Graça Adju­to

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