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DR com Demori entrevista nesta terça autor do livro O Pobre de Direita

Sociólogo vê desinformação e racismo em opção política de brasileiros

Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 28/01/2025 — 07:15
Brasília
São Paulo (SP), 22/01/2025 - Sociólogo Jessé Souza na DR com Demori . Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Repro­dução  : © Paulo Pinto/Agência Brasil

Em meio a um país polar­iza­do entre ide­olo­gias de dire­i­ta e de esquer­da, o sen­ti­men­to de humil­hação e a desin­for­mação estão entre os fatores que lev­am eleitores brasileiros clas­si­fi­ca­dos como pobres a optar por can­didatos alin­hados a políti­cas econômi­cas neolib­erais. É o que afir­ma o sociól­o­go e escritor Jessé Souza, autor de obras sobre racis­mo e políti­ca, entre as quais o best-sell­er O Pobre de Dire­i­ta, o entre­vis­ta­do des­ta terça-feira (28) no pro­gra­ma DR com Demori, às 23h, na TV Brasil.

“Nós somos um país rico,  mas com 80% da pop­u­lação brasileira obje­ti­va­mente pobre. Pela com­para­ção inter­na­cional, são pes­soas que não têm aces­so às beness­es do mun­do mod­er­no. Destes 80%, metade pas­sa fome e a out­ra metade sobre­vive com mui­ta difi­cul­dade, sem aces­so à saúde e edu­cação de qual­i­dade. E quem não tem esse aces­so se sente humil­ha­do. O con­ceito de humil­hação é extrema­mente impor­tante para que se enten­da o pobre de dire­i­ta”, expli­ca o sociól­o­go.

Segun­do o últi­mo relatório do Insti­tu­to Brasileiro de Geografia e Estatís­ti­ca (IBGE), em 2023, o Brasil tin­ha cer­ca de 59 mil­hões de pes­soas viven­do abaixo da lin­ha de pobreza, ou seja, com ren­da men­sal infe­ri­or a R$ 665. Este foi con­sid­er­a­do o menor nív­el des­de 2012  – quase 9 mil­hões de pes­soas a menos do que em 2022, quan­do foram reg­istra­dos 67,7 mil­hões de pes­soas na pobreza.

Para Souza, além do sen­ti­men­to de humil­hação, que provo­ca cisões estru­tu­rais entre os cidadãos de classe econômi­ca baixa, a desin­for­mação e a manip­u­lação de infor­mações midi­a­ti­zadas são deci­si­vas para a escol­ha de políti­cas que favore­cem as elites, e não as pes­soas mais vul­neráveis. “Esse cidadão foi manip­u­la­do a vida inteira (…). Toda a infor­mação é midi­a­ti­za­da, seja um livro, um filme ou um jor­nal”.

O sociól­o­go diz que a fal­ta de infor­mação gera uma sen­sação de cul­pa pelo próprio fra­cas­so, agrava­da por uma onda de religiões neopen­te­costais, incen­ti­vo ao racis­mo e aver­são à esquer­da. “Esse pes­soal se apro­pria da reli­giosi­dade afro, do sin­cretismo brasileiro (…) e reverte isso com uma páti­na judaico-cristã, e aí você reti­ra a inteligên­cia dele. Você tem o sac­ri­fí­cio do int­elec­to aí.” Ele ressalta que esse debate pode ser obser­va­do tam­bém no cenário inter­na­cional, espe­cial­mente diante da iminên­cia de mudanças com a posse de Don­ald Trump na Presidên­cia dos Esta­dos Unidos. De acor­do com Souza, a extrema dire­i­ta no país está se orga­ni­zan­do há pelo menos 50 anos.

O escritor desta­ca que, difer­ente­mente  do nazis­mo alemão e do fas­cis­mo ital­iano, a extrema dire­i­ta amer­i­cana não tem na esquer­da políti­ca um opos­i­tor. “Para esse grupo, são os acor­dos civ­i­liza­tórios bási­cos que foram con­struí­dos nos últi­mos cin­co mil anos de cul­tura. A difer­ença entre ver­dade e men­ti­ra, o belo e o feio. E daí, você manip­u­la o públi­co”, afir­ma.

Ques­tion­a­do sobre o futuro das lin­has mais pro­gres­sis­tas da políti­ca no Brasil, diante da polar­i­dade do eleitora­do, Jessé Souza enfa­ti­za que é pre­ciso ree­scr­ev­er a história do país. “Você tem que mostrar como esse país efe­ti­va­mente é expli­ca­do por int­elec­tu­ais de uma for­ma men­tirosa e elit­ista há 100 anos, ou isso e mon­ta uma for­ma alter­na­ti­va de como o país fun­ciona, ou não existe esquer­da”, con­clui.

O pro­gra­ma DR com Demori vai ao ar toda terça-feira, às 23h, na TV BrasilApp TV Brasil Play e no You Tube, além de ser trans­mi­ti­do pelas rádios Nacional FM MEC.

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