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DR com Demori: Marcos Nobre analisa democracia e desafios da esquerda

Filósofo também aborda novas tecnologias e ascensão da extrema direita

Gabriela Mendes — Repórter da TV Brasil
Pub­li­ca­do em 01/04/2025 — 08:28
Brasília
São Paulo SP 27/03/2025 Filósofo e cientista Social Marcos Nobre, convidado do programa DR com Demori na Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Repro­dução: © Paulo Pinto/Agência Brasil

O jor­nal­ista Lean­dro Demori rece­beu o filó­so­fo e pro­fes­sor da Uni­ver­si­dade Estad­ual de Camp­inas (Uni­camp) Mar­cos Nobre para uma con­ver­sa sobre os dile­mas da democ­ra­cia brasileira, o papel das novas tec­nolo­gias na políti­ca e os desafios do cam­po pro­gres­sista. 

Pres­i­dente do Cen­tro para a Imag­i­nação Críti­ca do Cen­tro Brasileiro de Análise e Plane­ja­men­to (Cebrap) e autor do livro Lim­ites da Democ­ra­cia, vence­dor do Prêmio Jabu­ti, Nobre fez uma análise sobre os rumos da políti­ca nacional.

A entre­vista, que vai ao ar nes­ta terça-feira (1º) foi grava­da no mes­mo dia em que o ex-pres­i­dente Jair Bol­sonaro se tornou réu por ten­ta­ti­va de golpe de Esta­do, fato que abriu a con­ver­sa.

“Respon­s­abi­lizar pes­soas que são sus­peitas de dar um golpe de Esta­do é uma coisa muito, muito, muito impor­tante”, afir­mou.

Segun­do ele, as insti­tu­ições brasileiras estão cumprindo um papel que os Esta­dos Unidos, por exem­p­lo, não cumpri­ram após os ataques ao Capitólio em 2021. “Isso não foi feito nos Esta­dos Unidos e a gente está ven­do a con­se­quên­cia de não se faz­er isso, de não respon­s­abi­lizar pes­soas pelos seus even­tu­ais crimes”, disse.

Bolsonarismo

O pro­fes­sor desta­cou que, ape­sar da que­da de mobi­liza­ção pop­u­lar nas ruas em torno de Bol­sonaro, é um erro subes­ti­mar o bol­sonar­is­mo. Nobre expli­cou a dinâmi­ca do chama­do “Par­tido Dig­i­tal Bol­sonar­ista”, um ecos­sis­tema políti­co que não depende de estru­tu­ra par­tidária tradi­cional.

“Se você tem um par­tido dig­i­tal, por exem­p­lo, você não pre­cisa prestar con­tas à justiça eleitoral, você tem uma van­tagem com­pet­i­ti­va enorme”, expli­cou. Segun­do ele, esse sis­tema cria sen­sação de par­tic­i­pação entre os apoiadores e se artic­u­la de for­ma com­ple­men­tar a par­tidos como o PL.

A con­ver­sa tam­bém abor­dou a ascen­são da extrema dire­i­ta glob­al, com para­le­los entre os casos de Don­ald Trump e Jair Bol­sonaro. Nobre argu­men­tou que é um erro tratar ess­es per­son­agens como fig­uras fol­clóri­c­as. 

“Não chame o Trump de bur­ro, de louco, de malu­co. Essa pes­soa sabe muito bem o que ela está fazen­do. Sim­ples­mente tome essa pes­soa com a seriedade que ela merece, porque ela está refor­mu­lan­do a ordem glob­al inter­na­cional”, disse.

São Paulo SP 27/03/2025 Filósofo e cientista Social Marcos Nobre, convidado do programa DR com Demori na Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Repro­dução: São Paulo SP 27/03/2025 Filó­so­fo e cien­tista Social Mar­cos Nobre, con­vi­da­do do pro­gra­ma DR com Demori na Empre­sa Brasil de Comu­ni­cação (EBC). Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil — Paulo Pinto/Agência Brasil

Esquerda

Para o filó­so­fo, a esquer­da brasileira ain­da não con­seguiu for­mu­lar uma imagem de futuro que dis­pute com a nar­ra­ti­va da extrema dire­i­ta.

“A extrema-dire­i­ta tem o hábito de dar golpe, de acabar com a democ­ra­cia, de fechar tudo… A gente tem que for­mu­lar um pro­gra­ma do novo pro­gres­sis­mo muito rap­i­da­mente, enquan­to ain­da tem eleição, enquan­to a gente tem algu­ma democ­ra­cia”, afir­mou.

Nobre tam­bém anal­isou a frag­ili­dade da coal­izão que sus­ten­ta o gov­er­no Lula. Ao comen­tar sobre a chama­da “esquer­da à esquer­da”, o pro­fes­sor afir­mou que ess­es gru­pos ain­da são minoritários eleitoral­mente e cul­tural­mente, mas têm papel fun­da­men­tal na for­mu­lação de utopias.

“Dá para diz­er hoje que é minoritário em ter­mos eleitorais, minoritário em ter­mos cul­tur­ais e de hege­mo­nia, mas assim, é sem­pre muito impor­tante, porque se tem alguém olhan­do para além do cap­i­tal­is­mo, isso é uma coisa que pro­duz jus­ta­mente um tipo de utopia, um tipo de son­ho, que é necessário para ali­men­tar”, acred­i­ta. Para ele, é muito impor­tante que essa ala esquer­da do pro­gres­sis­mo, que é minoritária, con­tin­ue elab­o­ran­do coisas que estão “com­ple­ta­mente fora da caixa.”

Nobre afir­mou ain­da que é pre­ciso atu­ar em três frentes con­fli­tantes simul­tane­a­mente:

  • Defend­er as insti­tu­ições atu­ais
  • For­mu­lar um novo pro­gra­ma de enfrenta­men­to à extrema dire­i­ta
  • Man­ter vivas as utopias de lon­go pra­zo.

“Como é que eu vou defend­er a insti­tu­ição, ao mes­mo tem­po diz­er que ela está cad­u­ca, que pre­cisa faz­er uma nova, e que essa nova que vai ser fei­ta, ela não é sufi­ciente, porque ela ain­da não lib­er­ta a gente como a gente quer.  Então, é muito com­plexo, mas é isso que tem que ser feito, é isso que o momen­to exige.  Porque a gente sabe que quan­do a extrema-dire­i­ta chega ao poder, a guer­ra, o autori­taris­mo, são o próx­i­mo pas­so”, afir­ma.

“Está tudo em risco. Então, assim, a gente não pode hes­i­tar nesse momen­to”, con­cluiu.

Onde assistir

O pro­gra­ma DR com Demori vai ao toda terça-feira, às 23h, na TV Brasil, no aplica­ti­vo TV Brasil Play e no YouTube. Tam­bém é veic­u­la­do nas rádios Nacional FM e MEC.

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