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Educação midiática é caminho contra desinformação, dizem especialistas

Repro­dução: © Mar­cel­lo Casal Jr / Agên­cia Brasil

Intuito é ensinar a identificar boatos e checar informações


Pub­li­ca­do em 28/03/2023 — 06:45 Por Ana Lúcia Cal­das – Repórter da Rádio Nacional — Brasília

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Sete em cada dez jovens de até 15 anos no Brasil não dis­tinguem fatos de opiniões, segun­do pesquisa da Orga­ni­za­ção para Coop­er­ação e Desen­volvi­men­to Econômi­co (OCDE).

Para revert­er esse cenário, espe­cial­is­tas apos­tam na edu­cação midiáti­ca como respos­ta para recon­hecer fakes news, dis­cur­sos de ódio e tam­bém pro­duzir e com­par­til­har men­sagens com respon­s­abil­i­dade. Na avali­ação deles, a manutenção da democ­ra­cia tam­bém depende de uma sociedade bem infor­ma­da.

A edu­cação midiáti­ca é um con­jun­to de habil­i­dades para anal­is­ar, cri­ar e par­tic­i­par de maneira críti­ca do ambi­ente infor­ma­cional e midiáti­co em todos os seus for­matos.

Para a pres­i­dente do Insti­tu­to Palavra Aber­ta, Patri­cia Blan­co, esse tipo de for­mação é impor­tante para todos os cidadãos. O insti­tu­to coor­de­na o Edu­camí­dia, pro­gra­ma de capac­i­tação de pro­fes­sores e enga­ja­men­to da sociedade no proces­so de edu­cação midiáti­ca.

“Na medi­da que o cidadão, o jovem, pas­sa a saber recon­hecer a infor­mação, saber o propósi­to daque­la infor­mação que chega até ele, saber recon­hecer a fonte,  o porquê que aque­la infor­mação chegou até ele, saber faz­er uma bus­ca, saber ver­i­ficar de onde veio aque­la infor­mação, adquirindo as com­petên­cias para saber pro­duzir con­teú­do — de modo que ele se apro­prie da tec­nolo­gia para mel­ho­rar sua autoin­strução, mel­ho­rar o seu pro­tag­o­nis­mo -, ele vai par­tic­i­par mel­hor da sociedade”, avalia.

Patrí­cia defende que a edu­cação volta­da para for­mar pes­soas com pen­sa­men­to críti­co e aptas a con­sumir, anal­is­ar e pro­duzir con­teú­dos e infor­mações deve ser uma políti­ca públi­ca de edu­cação.

Absurdos

A estu­dante Mile­na Teles, 23 anos, afir­ma que con­segue recon­hecer quan­do uma desin­for­mação surge nas redes soci­ais. “Apare­cem men­sagens muito absur­das que você sabe de cara que é uma fake news como: o limão cura a covid ou tomar um chá todo dia em jejum vai curar ou pre­venir o câncer. Coisas muito absur­das sem­pre serão men­ti­ras”, afir­ma.

A análise, entre­tan­to, nem sem­pre está ao alcance de cri­anças e jovens. “Para pes­soa adul­ta já é difí­cil, às vezes, sem ter uma práti­ca, sem ter uma ori­en­tação de checagem de fato, saber quan­do uma infor­mação é ver­dadeira ou fal­sa, se é rumor, boa­to ou se ela cor­re­sponde a um fato que está sendo noti­ci­a­do, imag­i­na para cri­anças e ado­les­centes”, avalia a pesquisado­ra do Sou_Ciência  da Uni­ver­si­dade Fed­er­al de São Paulo (Unife­sp), Jade Per­cas­si.

Tema nas escolas

Segun­do o secretário de Políti­cas Dig­i­tais, João Brant, a Base Nacional Comum Cur­ric­u­lar (BNCC) – doc­u­men­to que define os con­teú­dos de apren­diza­gem essen­cial dos alunos — pre­vê a edu­cação midiáti­ca como  um tema trans­ver­sal e ele­ti­vo nas esco­las. Por isso, segun­do ele, o momen­to é de pro­duzir con­teú­dos e for­mar pro­fes­sores.

“Apos­ta­mos na edu­cação midiáti­ca tan­to do pon­to de vista for­mal como infor­mal, tan­to em parce­ria com o MEC, na artic­u­lação com as sec­re­tarias de edu­cação, quan­to em relação a ativi­dades de pro­moção de cur­sos, ofic­i­nas, con­teú­dos mais rápi­dos como chave para enfrenta­men­to do prob­le­ma no país”, afir­ma.

Segun­do Patri­cia Blan­co, sec­re­tarias de edu­cação de diver­sos esta­dos  já abri­ram espaço tan­to para a for­mação de pro­fes­sores como para a inclusão da temáti­ca em seus cur­rícu­los.

A pres­i­dente do Palavra Aber­ta cita como exem­p­lo o esta­do de São Paulo,  que fez uma revisão do cur­rícu­lo e incluiu  den­tro da dis­ci­plina de Tec­nolo­gia e Ino­vação todo o con­ceito de edu­cação midiáti­ca. Segun­do ela, todos os alunos de ensi­no fun­da­men­tal 2 e ensi­no médio têm, há um ano, aces­so a esse tipo con­teú­do. Out­ros esta­dos estão implan­tan­do o tema de for­ma trans­ver­sal como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás e Ceará.

Segun­do ela, a per­spec­ti­va é que, nos próx­i­mos anos, o tema se torne recor­rente e que a for­mação faça difer­ença na vida dos alunos.

Formação abrangente

Para o secretário de Políti­cas Dig­i­tais, João Brant, a for­mação dig­i­tal deve ser ain­da mais abrangente. Ele ressalta que exis­tem os nativos dig­i­tais que lidam muito bem com as tec­nolo­gias. “Mas, não nec­es­sari­a­mente, com todos os instru­men­tos e repertórios para inter­pre­tar e iden­ti­ficar a desin­for­mação, iden­ti­ficar fake news e perce­ber os prob­le­mas que cir­cu­lam nas redes”.

Os con­teú­dos dig­i­tais, entre­tan­to, tam­bém têm sido con­sum­i­dos por uma pop­u­lação mais vel­ha, em idade adul­ta ou idosa, que aca­ba sendo mais suscetív­el à desin­for­mação e às fake news, segun­do Brant.

Maria Hele­na Weber, do Obser­vatório da Comu­ni­cação Públi­ca, tam­bém defende que a for­mação dig­i­tal deva ocor­rer em qual­quer momen­to da vida esco­lar.  “É pre­ciso que se ten­ha refer­ên­cia, se pos­sa estu­dar, se pos­sa ter aces­so a uma dis­cussão a um debate do que sig­nifi­ca a comu­ni­cação dig­i­tal hoje, as redes soci­ais hoje e para isso é pre­ciso ofer­e­cer instru­men­tos para que as pes­soas não sejam tão vul­neráveis.”

Audiência

O Supre­mo Tri­bunal Fed­er­al retoma nes­ta terça-feira (28) uma audiên­cia sobre o Mar­co Civ­il da Inter­net. O debate dev­e­ria ter ocor­ri­do em 2020 e foi sus­pen­so por causa da pan­demia de covid-19.

No mês pas­sa­do, espe­cial­is­tas e gov­er­nos dis­cu­ti­ram soluções reg­u­latórias para a atu­al crise de desin­for­mação em ambi­ente online, em Paris, durante a con­fer­ên­cia glob­al Por Uma Inter­net Con­fiáv­el, real­iza­da pela Orga­ni­za­ção das Nações Unidas para a Edu­cação, a Ciên­cia e a Cul­tura (Unesco).

 

*Colaborou Michelle Mor­eira

 

Edição: Lílian Beral­do

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