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Emergência global por mpox: OMS não aconselha lockdown

Repro­dução: Agên­cia Brasil / EBC

 

Entidade não defende isolamento social em massa


Publicado em 20/08/2024 — 16:07 Por Paula Laboissière – Repórter da Agência Brasil — Brasília

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Depois que a Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde (OMS) declar­ou a mpox uma emergên­cia em saúde públi­ca de importân­cia inter­na­cional, boatos sobre a pos­si­bil­i­dade de novos mega lock­downs tomaram as redes soci­ais. A enti­dade, entre­tan­to, não acon­sel­hou Esta­dos-mem­bros a imple­men­tar nen­hum tipo de iso­la­men­to social em mas­sa para inter­romper a trans­mis­são da doença, como o que acon­te­ceu durante a pan­demia de covid-19.

No últi­mo dia 14, o dire­tor-ger­al da OMS, Tedros Adhanom Ghe­breye­sus, anun­ciou a declar­ação de emergên­cia glob­al por mpox no canal ofi­cial da enti­dade no YouTube. Durante os 53 min­u­tos de vídeo, em nen­hum momen­to, Tedros recomen­da aos Esta­dos-mem­bros a imple­men­tação de mega lock­downs para frear a dis­sem­i­nação da doença. “A OMS vem tra­bal­han­do para con­ter o sur­to de mpox na África e aler­tan­do que o cenário é algo que deve pre­ocu­par a todos nós”.

“A detecção e a ráp­i­da dis­sem­i­nação de uma nova vari­ante de mpox na Repúbli­ca Democráti­ca do Con­go, a detecção dessa mes­ma vari­ante em país­es viz­in­hos que não havi­am repor­ta­do casos da doença ante­ri­or­mente e o poten­cial de dis­sem­i­nação em toda a África e além são muito pre­ocu­pantes”, disse Tedros, à época, apelando por uma ação coor­de­na­da para con­ter a situ­ação e sal­var vidas.

Dois dias após a declar­ação e diante de um caso da nova vari­ante reg­istra­do na Sué­cia, o primeiro fora do con­ti­nente africano, Tedros avaliou que o cenário reforça­va a neces­si­dade de que todos os gov­er­nos tra­bal­has­sem para com­bat­er o vírus de for­ma con­jun­ta, sem citar, em nen­hum momen­to, ori­en­tações rela­cionadas à mega lock­downs ou iso­la­men­to social em mas­sa como estraté­gias para inter­romper a trans­mis­são.

“Enco­ra­jamos todos os país­es a ampli­ar a vig­ilân­cia, com­par­til­har dados e tra­bal­har para com­preen­der mel­hor a trans­mis­são; a com­par­til­har fer­ra­men­tas como vaci­nas; e a aplicar as lições apren­di­das em emergên­cias de saúde públi­ca de inter­esse inter­na­cional ante­ri­ores”, escreveu Tedros, em seu per­fil na rede social X.

Na segun­da-feira (19), a OMS divul­gou uma lista de recomen­dações tem­porárias dire­cionadas a país­es que enfrentam sur­tos de mpox, incluin­do, mas não de for­ma restri­ta, as seguintes nações: Repúbli­ca Democráti­ca do Con­go, Burun­di, Quê­nia, Ruan­da e Ugan­da. Den­tre as ori­en­tações estão mel­hor coor­de­nação da respos­ta à emergên­cia, tan­to em nív­el local quan­to nacional, e o envolvi­men­to de orga­ni­za­ções human­itárias em áreas de refu­gia­dos e de inse­gu­rança.

Out­ro item da lista pub­li­ca­da pela enti­dade envolve mel­ho­rar a vig­ilân­cia à doença, por meio da expan­são do aces­so a diag­nós­ti­cos pre­cisos e acessíveis, capazes de difer­en­ciar as vari­antes de mpox em cir­cu­lação. A OMS pede ain­da que os país­es forneçam apoio clíni­co, nutri­cional e psi­cos­so­cial a pacientes, incluin­do, “quan­do jus­ti­fi­ca­do e pos­sív­el”, o iso­la­men­to em unidades de saúde e ori­en­tação para cuida­dos domi­cil­iares.

Out­ra recomen­dação fei­ta pela enti­dade é que os gov­er­nos esta­beleçam ou reforcem acor­dos de colab­o­ração para a vig­ilân­cia e a gestão de casos de mpox em regiões de fron­teira, com destaque para o fornec­i­men­to de ori­en­tações a via­jantes, mas sem recor­rer “de for­ma desnecessária” a restrições gerais envol­ven­do flux­os de viagem e de comér­cio.

Mpox X covid

Nes­ta terça-feira (20), o dire­tor region­al da OMS para a Europa, Hans Kluge, reforçou que o cenário mpox – inde­pen­den­te­mente de se tratar da nova vari­ante 1, por trás do sur­to atu­al na África, ou da vari­ante 2, respon­sáv­el pela emergên­cia glob­al em 2022 – não con­figu­ra “uma nova covid”.

“Sabe­mos muito sobre a vari­ante 2. Ain­da pre­cisamos apren­der mais sobre a vari­ante 1. Com base no que sabe­mos, a mpox é trans­mi­ti­da sobre­tu­do através do con­ta­to da pele com as lesões, inclu­sive durante o sexo”, disse. “Sabe­mos como con­tro­lar a mpox e – no con­ti­nente europeu – os pas­sos necessários para elim­i­nar com­ple­ta­mente a trans­mis­são,” com­ple­tou.

Brasil

Na últi­ma quin­ta-feira (15), o Min­istério da Saúde instalou um Cen­tro de Oper­ações de Emergên­cia em Saúde (COE) para coor­denar as ações de respos­ta à mpox no Brasil. A pas­ta infor­mou que, des­de a primeira emergên­cia dec­re­ta­da em razão da doença, de 2022 a 2023, a vig­ilân­cia para mpox se man­teve como pri­or­i­dade no país.

O min­istério desta­cou que vin­ha mon­i­toran­do aten­ta­mente a situ­ação mundi­al e as infor­mações com­par­til­hadas pela OMS e por out­ras insti­tu­ições e que já ini­ciou a atu­al­iza­ção das recomen­dações e do plano de con­tingên­cia para a doença no Brasil. A pas­ta anun­ciou ain­da que nego­cia a aquisição emer­gen­cial de 25 mil dos­es con­tra a mpox jun­to à Orga­ni­za­ção Pan-Amer­i­cana da Saúde (Opas).

“Esta­mos numa fase em que o que é impor­tante é a vig­ilân­cia e o mon­i­tora­men­to”, desta­cou a min­is­tra da Saúde, Nísia Trindade. “Muitas vezes, as pes­soas ficam ansiosas. A vaci­na sem­pre gera uma grande expec­ta­ti­va. Mas é impor­tante reit­er­ar que, nos casos em que se recomen­da a vaci­nação, ela é muito sele­ti­va, foca­da em públi­cos-alvo muito especí­fi­cos até este momen­to”, com­ple­tou.

Ain­da durante a insta­lação do COE, a secretária de Vig­ilân­cia em Saúde, Ethel Maciel, lem­brou que, den­tro das con­fig­u­rações da nova emergên­cia glob­al insta­l­a­da pela OMS, o Brasil está no nív­el 1, o menos alar­mante, com cenário de nor­mal­i­dade para mpox e sem casos da nova vari­ante. O últi­mo óbito pela doença em solo brasileiro foi reg­istra­do em abril de 2023.

De acor­do com o min­istério, o nív­el 2 refle­tiria um cenário de mobi­liza­ção, com detecção de casos impor­ta­dos no Brasil; o nív­el 3, cenário de aler­ta, com detecção de casos autóc­tones esporádi­cos; o nív­el 4, situ­ação de emergên­cia, com trans­mis­são sus­ten­ta­da em ter­ritório nacional; e o nív­el 5, situ­ação de crise, com uma epi­demia de mpox insta­l­a­da no país.

Edição: Valéria Aguiar

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