...
quarta-feira ,11 dezembro 2024
Home / Mulher / Empreendedoras gastam 3 vezes mais tempo que homens em serviço de casa

Empreendedoras gastam 3 vezes mais tempo que homens em serviço de casa

Repro­dução: © valtercirillo/Pixabay

Estudo do Sebrae Rio foi feito com base em dados da Pnad Contínua


Publicado em 08/03/2024 — 11:29 Por Ana Cristina Campos — Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro

ouvir:

Para 80% das mul­heres empreende­do­ras do esta­do do Rio, os cuida­dos com os fil­hos são a prin­ci­pal influên­cia ao decidir abrir a sua empre­sa. Esse per­centu­al cai para 51% quan­do per­gun­ta­do para os home­ns. Para 5% das mul­heres influ­en­ciou um pouco e 16% con­sid­er­am que não teve inter­fer­ên­cia nes­sa decisão.

Em com­para­ção aos home­ns, as mul­heres empreende­do­ras gas­tam quase três vezes mais tem­po diário com a família e afaz­eres domés­ti­cos. Por terem que dis­pender mais tem­po cuidan­do da casa e da família do que os home­ns, 66% das mul­heres acred­i­tam que enfrentam mais difi­cul­dades para ter um negó­cio do que os home­ns. É uma sen­sação que 48% dos home­ns com­par­til­ham.

As infor­mações estão na pesquisa Car­ac­terís­ti­cas dos Empreende­dores: Empreende­doris­mo Fem­i­ni­no, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Peque­nas Empre­sa (Sebrae), fei­ta com base em dados disponi­bi­liza­dos pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Con­tínua do Insti­tu­to Brasileiro de Geografia e Estatís­ti­ca (IBGE).

No Rio de Janeiro, quan­do uma mul­her resolve abrir um negó­cio, pais, clientes, fornece­dores e côn­juges são os prin­ci­pais incen­ti­vadores. No caso dos home­ns, ami­gos, côn­juge e clientes e fornece­dores são os que mais ori­en­tam na aber­tu­ra do negó­cio. Em relação a man­ter o negó­cio, home­ns e mul­heres recebem mais incen­tivos dos seus côn­juges.

Equilíbrio

“A pesquisa reforça o que ouvi­mos em rodas de con­ver­sa e em nos­sas capac­i­tações. As mul­heres pos­suem uma dupla jor­na­da de tra­bal­ho e procu­ram equi­li­brar com maes­tria tudo o que fazem. Ape­sar das difi­cul­dades, a família é um dos pilares dos seus negó­cios e a força que elas pre­cisam para con­tin­uar em frente”, afir­ma Car­la Panis­set, ger­ente de Empreende­doris­mo Social do Sebrae Rio.

“São as mul­heres quan­do os fil­hos neces­si­tam, ou a casa neces­si­ta que se aban­done as tare­fas da empre­sa são elas que aban­don­am. Menos de 40% dos home­ns o fazem. Assim, as duas maiores difi­cul­dades têm a ver com a divisão das tare­fas domés­ti­cas e a autoes­ti­ma e lid­er­ança à frente dos negó­cios.”

Em relação ao pre­con­ceito de gênero, 83% das mul­heres acred­i­tam que não sofr­eram ao lon­go da car­reira, enquan­to 17% já sofr­eram pre­con­ceito por ser mul­her no seu negó­cio. Já em relação de pres­en­ciar essa situ­ação com out­ras mul­heres, 55% não viram, 42% assi­s­ti­ram e 3% não sabem opinar

“No que diz respeito à con­fi­ança e segu­rança de si enquan­to donos de negó­cios, os home­ns apre­sen­tam mel­hor desem­pen­ho que as mul­heres. Entre­tan­to, a pesquisa indi­ca que elas são mais dis­postas a bus­car aju­da quan­do se sen­tem ansiosas e angus­ti­adas. Den­tro do Sebrae, as mul­heres são as que mais procu­ram apoio para os seus negó­cios. Elas são resilientes, não desistem, con­stroem, bus­cam se aper­feiçoar e bus­cam con­hec­i­men­to”, disse Car­la.

Ape­sar dos desafios e da desigual­dade ain­da exis­tente no mun­do empreende­dor, muitas mul­heres encon­tram no empreende­doris­mo a úni­ca alter­na­ti­va de con­cil­iar a ger­ação de ren­da e cuida­do com seus famil­iares. “A neces­si­dade de cuidar dos fil­hos e de estar per­to de suas famílias influ­en­ciou mais as mul­heres: 68% das empreende­do­ras dizem que con­sid­er­aram isso para abrir seus negó­cios. Em relação aos home­ns esse número é de 56%. Empreen­der é sim uma alter­na­ti­va de ger­ar ren­da e cuidar dos que estão próx­i­mos.”

Mães empreendedoras - Personagem: Marianna da Silva Macedo. Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação
Repro­dução: Mar­i­an­na com os fil­hos. Foto:  Arqui­vo pessoal/Divulgação

Pen­san­do estar mais próx­i­ma dos dois fil­hos pequenos, Mar­i­an­na da Sil­va Mace­do, morado­ra da zona norte do Rio de Janeiro, começou a empreen­der com bolos e doces para fes­tas. Ela con­ta que tra­bal­ha­va com carteira assi­na­da e começou a faz­er doces como hob­by. “Em 2020, veio min­ha fil­ha mais nova que é neu­roatípi­ca. Foi quan­do começaram a vir os diag­nós­ti­cos e eu pre­ci­sei me ausen­tar com fre­quên­cia do meu tra­bal­ho, e acabei sendo desli­ga­da. E aí a con­feitaria foi min­ha prin­ci­pal fonte de ren­da e é assim até hoje”.

Segun­do ela, o mer­ca­do de tra­bal­ho é mais difí­cil para mães com fil­hos pequenos. “A saí­da que eu tive foi con­tin­uar empreen­den­do. Como desafio ela apon­ta que sua agen­da de tra­bal­ho fica refém da deman­da dos fil­hos. “Fico soz­in­ha com eles em tem­po inte­gral. Só à noite é que ten­ho um respiro, que é a hora que con­si­go pro­duzir. Meu mari­do fica com as cri­anças. Deixo tudo orga­ni­za­do de comi­da, ban­ho, med­icações, para ele olhar as cri­anças e eu con­seguir dar con­ta da pro­dução.”

Ape­sar dos desafios do empreende­doris­mo, Mar­i­an­na diz que não tro­ca sua vida atu­al pela segu­rança de um tra­bal­ho com carteira assi­na­da. “Segu­rança nen­hu­ma paga ‘eu acom­pan­har o desen­volvi­men­to e o cresci­men­to’ dos meus fil­hos.”

Vanes­sa Ribeiro tem um salão de beleza em Nova Iguaçu, na Baix­a­da Flu­mi­nense. É for­ma­da em engen­haria civ­il, mas optou por empreen­der, porque tem uma fil­ha de 4 anos e está grávi­da de um meni­no. “Ser empresária, ape­sar de ter bas­tante tra­bal­ho, a gente con­segue admin­is­trar o tem­po para ficar mais com a família e com os fil­hos. Ten­ho meu dia de fol­ga exclu­si­vo com a min­ha fil­ha, ten­ho os meus dias de atendi­men­to na parte da tarde. Con­si­go dedicar tem­po tam­bém para a min­ha casa.”

Joyce Dias tem um salão de beleza, em Comen­dador Soares, na Baix­a­da Flu­mi­nense, e pas­sou a empreen­der para cuidar do fil­ho autista de 8 anos. “Des­de que eu tive meu fil­ho, tive que mer­gul­har nesse uni­ver­so de uma for­ma mais pro­fun­da porque eu não tive mais tem­po de tra­bal­har fora. O meu fil­ho faz ter­apias, ele estu­da. Sou dona de casa tam­bém. Pre­ciso con­cil­iar meu tem­po com as ativi­dades do meu fil­ho e o meu tra­bal­ho. Tra­bal­ho muito para sus­ten­tá-lo, prin­ci­pal­mente finais de sem­ana. Sou casa­da. Ele não é o pai biológi­co, mas me aju­da no que pode.”

Edição: Maria Clau­dia

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Hemorragia não afeta função cerebral do presidente, diz médico de Lula

Paciente encontra-se lúcido e acordado Pedro Peduzzi — Repórter da Agên­cia Brasil Pub­li­ca­do em 10/12/2024 …