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Empresas deep techs reúnem especialistas e alta tecnologia

Edital lançado nesta terça ajuda a estruturar novas empresas

Vitor Abdala — Envi­a­do espe­cial
Pub­li­ca­do em 04/12/2024 — 07:10
São José dos Cam­pos (São Paulo)*
São José dos Campos (SP) 03/12/2024 - O Parque de Inovação Tecnológica (PIT), complexo de inovação e empreendedorismo que abriga diversas empresas de alta tecnologia, é a sede da Conferência Anprotec 2024.  Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

O que uma empre­sa de pro­dução de pro­teí­nas, uma fab­ri­cante de biopolímeros, um aplica­ti­vo para mon­i­torar a saúde dos pacientes e uma start­up de engen­haria aerospa­cial têm em comum? Uma análise super­fi­cial do negó­cio de cada uma pode­ria levar à fal­sa con­clusão de que elas não teri­am muito em comum.

Mas todas elas são empre­sas novatas ino­vado­ras, envolvem pro­du­tos ou serviços de alta tec­nolo­gia, foram fun­dadas por cien­tis­tas e têm, entre seus fun­cionários, profis­sion­ais alta­mente espe­cial­iza­dos.

São José dos Campos (SP) 03/12/2024 - O gerente de Inovação do Sebrae, Paulo Renato Cabral, no lançamento do edital Catalisa ICT, para deep techs, startups de alta tecnologia que trabalham com pesquisa e inovação complexas, na Conferência Anprotec 2024, no Parque de Inovação Tecnológica (PIT). Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: São José dos Cam­pos (SP) — O ger­ente de Ino­vação do Sebrae, Paulo Rena­to Cabral, no lança­men­to do edi­tal Catal­isa ICT — Foto Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Isto é, são parte de um grupo chama­do de deep techs. “Deep tech é tec­nolo­gia pro­fun­da. São empre­sas de alta tec­nolo­gia que, geral­mente, para serem cri­adas, neces­si­tam de con­hec­i­men­to muito pro­fun­do, especí­fi­co, numa área da ciên­cia, como quími­ca, físi­ca, biolo­gia, matemáti­ca, engen­haria. Geral­mente exigem, no seu cor­po, mestres, doutores, pesquisadores para desen­volverem, por exem­p­lo, fár­ma­cos, com­putação, robóti­ca, inteligên­cia arti­fi­cial”, expli­ca Paulo Rena­to Cabral, ger­ente de ino­vação do Serviço Brasileiro de Apoio à Mucro e Peque­na Empre­sa (Sebrae).

É o caso da Lookin­side, empre­sa cri­a­da pelo médi­co Her­mílio Car­val­ho, que desen­volveu um aplica­ti­vo de telemed­i­c­i­na para aux­il­iar diag­nós­ti­co de pé dia­béti­co e evi­tar amputações.

“Infe­liz­mente, a gente tem pacientes dia­béti­cos sendo amputa­dos todos os dias no Brasil. E isso é pre­venív­el, às vezes, quan­do a detecção é pre­coce. O paciente pode tirar uma foto do próprio pé e respon­der a algu­mas per­gun­tas. As ima­gens chegam a um profis­sion­al de saúde que vai avaliar e fornecer um relatório. E a gente está poten­cial­izan­do isso com inteligên­cia arti­fi­cial para uma avali­ação mais ágil”, con­ta Car­val­ho.

Ain­da na área de saúde, out­ra deep tech é a Biolink­er, uma start­up de biolo­gia sin­téti­ca, espe­cial­iza­da na pro­dução de pro­teí­nas, cri­a­da pela douto­ra em bio­quími­ca e nanociên­cia Mona Oliveira.

São José dos Campos (SP) 03/12/2024 - A médica Mona Oliveira, CEO da Biolinker, fala sobre o edital do Sebrae Catalisa ICT, para deep techs, startups de alta tecnologia que trabalham com pesquisa e inovação complexas, na Conferência Anprotec 2024, no Parque de Inovação Tecnológica (PIT). Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: São José dos Cam­pos (SP) — A médi­ca Mona Oliveira, CEO da Biolink­er, fala sobre o edi­tal do Sebrae Catal­isa ICT — Foto Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

“A pan­demia lev­ou a um colap­so no sis­tema de saúde e no supri­men­to de insumos que afe­tou vaci­nas e diag­nós­ti­cos. Porque faz­er as pro­teí­nas do vírus [que serão usadas como insumos] é difí­cil. A gente pre­cisa sequen­ciar [o geno­ma] e esta­b­ele­cer o proces­so de pro­dução em biofábri­c­as. E é exata­mente nesse prob­le­ma que atu­amos. Cri­amos uma platafor­ma com vários micror­gan­is­mos e sis­temas de pro­dução em que con­seguimos pro­duzir a pro­teí­na para o nos­so cliente de for­ma ráp­i­da e acel­er­a­da”, expli­ca Mona.

Segun­do o ger­ente do Sebrae, o mer­ca­do das deep techs é uma com­petição glob­al, em que o Brasil pre­cisa ficar de olho para não ficar para trás.

“Basi­ca­mente, todas as insti­tu­ições do gov­er­no que fomen­tam a pesquisa estão olhan­do para esse seg­men­to das deep techs. Estão lançan­do pro­gra­mas e ini­cia­ti­vas, mas acred­i­to que ain­da fal­ta elas estarem integradas e tam­bém mel­ho­rar no sis­tema reg­u­latório”, disse Cabral.

Ele expli­ca que o apoio é impor­tante porque essas empre­sas enfrentam muitas difi­cul­dades no iní­cio de sua existên­cia. “A deep tech é um proces­so lon­go. Por exem­p­lo, para eu chegar num fár­ma­co às vezes são cin­co, dez anos. Você pre­cisa de um cap­i­tal ade­qua­do, do din­heiro de investi­dores, de fomen­to públi­co. Você pre­cisa de equipe espe­cial­iza­da, que é difí­cil de con­seguir. E você pre­cisa de algu­ma insti­tu­ição ou de par­ceiros que te acom­pan­hem nes­sa jor­na­da, que é lon­ga, cara e solitária”.

O ex-pro­fes­sor uni­ver­sitário Raimun­do Lima teve con­ta­to com o mun­do das deep techs em 2016, durante um cur­so nos Esta­dos Unidos. Ao voltar para o Brasil, decid­iu inve­stir na cri­ação de sua própria empre­sa, a BioUS, desen­volve­do­ra de tec­nolo­gia que trans­for­ma deje­tos agropecuários em biopolímeros.

“Essa migração da acad­e­mia para o empreende­doris­mo talvez seja o maior desafio. Você sai da acad­e­mia, da área de pesquisa e desen­volvi­men­to, e pre­cisa aplicar isso no mer­ca­do. E essa apli­cação pre­cisa ser ráp­i­da. Ino­var já é um desafio. Ino­var em ciên­cia é um desafio ain­da maior”, desta­ca.

Mes­tra e doutoran­da em Engen­haria Aeronáu­ti­ca e Mecâni­ca pelo Insti­tu­to Tec­nológi­co da Aeronáu­ti­ca (ITA), Thais Fran­co é cofun­dado­ra e CEO da Quasar Space, empre­sa de sen­so­ri­a­men­to remo­to e mon­i­tora­men­to ambi­en­tal a par­tir de satélites.

São José dos Campos (SP) 03/12/2024 - A CEO da Quasar, Thaís Franco, fala sobre o edital do Sebrae Catalisa ICT, para deep techs, startups de alta tecnologia que trabalham com pesquisa e inovação complexas, na Conferência Anprotec 2024, no Parque de Inovação Tecnológica (PIT). Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: São José dos Cam­pos (SP) — A CEO da Quasar, Thaís Fran­co, fala sobre o edi­tal do Sebrae Catal­isa ICT — Foto Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

“O que me fez empreen­der foi quer­er ver apli­cadas, de for­ma mais ráp­i­da na sociedade, as tec­nolo­gias que estavam sendo ger­adas na uni­ver­si­dade. Na acad­e­mia, isso aca­ba sendo mais demor­a­do”, con­ta Thais. “O que foi mais com­plexo para a gente [da Quasar] no iní­cio foi provar [para os clientes] que era pos­sív­el faz­er o que a gente faz”, afir­mou.

Nes­sa terça-feira (3), o Sebrae lançou o edi­tal do segun­do ciclo do pro­je­to Catal­isa ICT, que apoia deep techs durante dois anos, aju­dan­do-as a val­i­dar sua tec­nolo­gia jun­to ao mer­ca­do, estru­tu­rar a empre­sa, con­seguir investi­dores e crescer.

O lança­men­to foi feito durante a 34ª Con­fer­ên­cia da Asso­ci­ação Nacional de Enti­dades Pro­mo­toras de Empreendi­men­tos Ino­vadores (Anpro­tec), que rep­re­sen­ta ambi­entes de ino­vação do país, em São José dos Cam­pos (SP).

*A equipe da Agên­cia Brasil via­jou a con­vite da Asso­ci­ação Nacional de Enti­dades Pro­mo­toras de Empreendi­men­tos Ino­vadores (Anpro­tec).

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