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Entenda a diferença dos sintomas de dengue e de covid-19

Repro­dução: © Fabio Rodrigues-Pozze­bom/ Agên­cia Brasil

País atravessa período de aumento de casos das duas doenças


Pub­li­ca­do em 29/02/2024 — 07:02 Por Paula Labois­sière – Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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Em meio a uma explosão de casos de dengue e o aumen­to de infecções por covid-19 no Brasil, sin­tomas como febre, dor de cabeça e mal-estar pas­saram a assus­tar e ger­ar muitas dúvi­das. No atu­al cenário epi­demi­ológi­co, é impor­tante saber difer­en­ciar os sinais de cada enfer­mi­dade.

Em entre­vista à Agên­cia Brasil, o infec­tol­o­gista do Serviço de Con­t­role de Infecção do Hos­pi­tal Albert Ein­stein, Moa­cyr Sil­va Junior, lem­brou que, emb­o­ra igual­mente cau­sadas por vírus, dengue e covid-19 são trans­mi­ti­das de maneiras com­ple­ta­mente difer­entes. Enquan­to a infecção por dengue acon­tece pela pic­a­da do mos­qui­to Aedes aegyp­ti, a infecção por covid-19 se dá por via aérea, por con­ta­to próx­i­mo a uma pes­soa doente, como tosse ou espir­ro.

Brasília (DF) 28/02/2024 - Infectologista do Serviço de Controle de Infecção do Hospital Albert Einstein, Moacyr Silva Junior. Foto: Moacyr Silva Junior/Arquivo Pessoal
Repro­dução: Brasília — O infec­tol­o­gista do Serviço de Con­t­role de Infecção do Hos­pi­tal Albert Ein­stein, Moa­cyr Sil­va Junior — Foto Moa­cyr Sil­va Junior/Arquivo Pes­soal

“A trans­mis­são da covid-19 acon­tece de pes­soa para pes­soa. É uma trans­mis­são res­pi­ratória por tosse, expec­to­ração, gotícu­las, con­ta­to de mão. Muitas vezes, a pes­soa assoa o nar­iz, não higi­en­iza as mãos e pas­sa para out­ra pes­soa. A dengue não, está rela­ciona­da ao mos­qui­to mes­mo. O mos­qui­to pica uma pes­soa infec­ta­da e, pos­te­ri­or­mente, vai picar out­ra pes­soa sã e trans­mi­tir o vírus de uma pes­soa para out­ra, mas você tem o vetor.”

O infec­tol­o­gista expli­ca a difer­ença bási­ca nos sin­tomas das duas doenças:

“Quan­do a gente pen­sa em covid-19, o quadro é muito rela­ciona­do a um quadro res­pi­ratório ou de res­fri­a­do comum e dor no cor­po. Já na dengue, geral­mente, é um quadro mais seco. Esse quadro res­pi­ratório geral­mente está ausente. Não vai haver infecção das vias aéreas supe­ri­ores. É mais dor atrás dos olhos, dor no cor­po, mal-estar. Não vai estar asso­ci­a­do à coriza, tosse e expec­to­ração.”

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Dengue

Brasília, DF 31/01/2024 A ministra da Saúde, Nísia Trindade, visita a tenda de acolhimento e atendimento para casos suspeitos de dengue na cidade de Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Repro­dução: Min­is­tra da Saúde, Nísia Trindade, visi­ta ten­da de acol­hi­men­to e atendi­men­to para casos sus­peitos de dengue na cidade de Ceilân­dia, região admin­is­tra­ti­va do Dis­tri­to Fed­er­al — Fabio Rodrigues-Pozze­bom/ Agên­cia Brasil

O Min­istério da Saúde define a dengue como uma doença febril agu­da, sistêmi­ca, debil­i­tante e autolim­i­ta­da. A maio­r­ia dos pacientes se recu­pera, mas parte deles pode pro­gredir para for­mas graves da doença.

A quase total­i­dade dos óbitos por dengue é clas­si­fi­ca­da pela pas­ta como evitáv­el e depende, na maio­r­ia das vezes, da qual­i­dade da assistên­cia presta­da e orga­ni­za­ção da rede de serviços de saúde.

“Os sinais clás­si­cos da dengue são febre, geral­mente jun­to com dor no cor­po, dor atrás dos olhos, mal-estar e pros­tração. É uma febre que chega a 38° ou 39°. Tudo bem asso­ci­a­do”, expli­cou o infec­tol­o­gista.

Após o perío­do febril, entre­tan­to, é pre­ciso man­ter a atenção. Com o declínio da febre após os primeiros dias, alguns sinais clas­si­fi­ca­dos como de alarme podem estar pre­sentes e mar­cam o iní­cio da pio­ra do paciente.

“O agrava­men­to da dengue acon­tece em torno do ter­ceiro ao quin­to dia, quan­do a febre desa­parece. É inter­es­sante porque, geral­mente, quan­do a febre desa­parece, a gente acha que está mel­ho­ran­do. Mas, no caso da dengue, pode se um sinal de que a coisa pode pio­rar.”

“Nes­sa pio­ra, os sinais de aler­ta são vômi­tos recor­rentes, a pes­soa não con­segue se ali­men­tar, fica bem desidrata­da, dor de bar­ri­ga, surgem man­chas pelo cor­po. São sinais de gravi­dade. Então, no ter­ceiro dia, caso a febre suma e a pes­soa se sin­ta pior, vale procu­rar o pos­to de saúde para ser avali­a­da e ver­i­ficar a gravi­dade.”

Covid-19

Já a covid-19 se car­ac­ter­i­za por uma infecção res­pi­ratória agu­da cau­sa­da pelo coro­n­avírus SARS-CoV­‑2 e é clas­si­fi­ca­da pelo Min­istério da Saúde como poten­cial­mente grave, de ele­va­da trans­mis­si­bil­i­dade e de dis­tribuição glob­al.

A doença pode apre­sen­tar man­i­fes­tações clíni­cas leves, quadros mod­er­a­dos, graves e até críti­cos.

A maio­r­ia dos casos são mar­ca­dos pela pre­sença de sin­tomas como tosse, dor de gar­gan­ta ou coriza, segui­dos ou não de febre, calafrios, dores mus­cu­lares, fadi­ga e dor de cabeça.

“A covid pode não ter febre. O paciente vai apre­sen­tar um quadro de tosse, expec­to­ração, dor de gar­gan­ta, obstrução nasal asso­ci­a­da à dor no cor­po. Acom­pan­hado ou não de febre”, expli­cou Moa­cyr Sil­va Júnior.

“Feliz­mente, com a vaci­nação, a gente não está ten­do mais casos graves de covid-19, com inter­nação. A pes­soa pode ficar em casa e tratar coma anal­gési­cos e antitér­mi­cos. Os sinais de gravi­dade são fal­ta de ar que per­siste, cansaço impor­tante, fre­quên­cia res­pi­ratória mais aumen­ta­da e uma febre que pode per­si­s­tir, difer­ente­mente da dengue. Ness­es casos, o paciente deve procu­rar assistên­cia médi­ca.”

Em casos graves, clas­si­fi­ca­dos como Sín­drome Res­pi­ratória Agu­da Grave, há descon­for­to res­pi­ratório, pressão per­sis­tente no tórax ou sat­u­ração de oxigênio menor que 95% em ar ambi­ente, além de col­oração azu­la­da de lábios ou ros­to. Nos casos críti­cos, há neces­si­dade de suporte res­pi­ratório e inter­nações em unidades de ter­apia inten­si­va (UTI).

Automedicação

Com os sis­temas de saúde públi­cos e par­tic­u­lares sobre­car­rega­dos, o paciente, muitas vezes, opta por tomar medica­men­tos por con­ta própria. O infec­tol­o­gista aler­ta, entre­tan­to, que a automed­icação, ape­sar de ser vista como uma solução para o alívio ime­di­a­to dos sin­tomas, deve ser fei­ta com cautela para que não haja con­se­quên­cias mais graves – sobre­tu­do em casos de dengue.

“Em relação à covid, par­tic­u­lar­mente, a dipirona e a lavagem nasal com soro fisi­ológi­co já aju­dam e dimin­uem os sin­tomas até pas­sar a fase. Já em relação à dengue, além do anal­gési­co, que seria a dipirona, pre­cisamos de uma hidratação bas­tante impor­tante, algo em torno de três litros por dia de hidratação oral. Pode ser suco, água de coco e água. Asso­ci­a­dos à dipirona, para diminuir os sin­tomas de dor mus­cu­lar. O que é con­traindi­ca­do é o áci­do acetil­sal­icíli­co, o AAS, que pode pio­rar os sinais de hemor­ra­gia caso o paciente evolua para dengue hemor­rág­i­ca”, con­cluiu.

Edição: Denise Griesinger

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