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Entenda como o novo ensino médio vai impactar o Enem

Repro­dução: © Marce­lo Camargo/Agência Brasil

Agência Brasil conversou sobre o tema com estudantes e especialistas


Pub­li­ca­do em 11/10/2023 — 07:24 Por Mar­i­ana Tokar­nia — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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Enem 2023

O Exame Nacional do Ensi­no Médio (Enem) dev­erá mudar nos próx­i­mos anos, acom­pan­han­do as alter­ações nos cur­rícu­los do ensi­no médio em todo o país. Essa mudança, no entan­to, ain­da deve demor­ar. Segun­do o min­istro da Edu­cação, Cami­lo San­tana, um novo mod­e­lo poderá começar a ser apli­ca­do ape­nas a par­tir de 2025, depois de ser ampla­mente dis­cu­ti­do. A Agên­cia Brasil con­ver­sou com estu­dantes e espe­cial­is­tas sobre o que esper­ar do futuro do Enem. 

Atual­mente, o Enem é com­pos­to por provas de lin­gua­gens, ciên­cias humanas, matemáti­ca e ciên­cias da natureza que, jun­tas, somam 180 questões obje­ti­vas de múlti­pla escol­ha, além de uma pro­va de redação. O exame é apli­ca­do em dois domin­gos. Teori­ca­mente, o Enem dev­e­ria cobrar o que os estu­dantes apren­der­am ao lon­go da tra­jetória esco­lar.

Em 2017, no entan­to, o país aprovou o chama­do novo ensi­no médio, que começou a ser imple­men­ta­do nas esco­las públi­cas e par­tic­u­lares no ano pas­sa­do. A pre­visão era que o Enem tam­bém mudasse, em 2024, para se ade­quar ao novo ensi­no. Pelo novo mod­e­lo, parte das aulas é comum a todos os estu­dantes do país, dire­ciona­da pela chama­da Base Nacional Comum Cur­ric­u­lar (BNCC). Na out­ra parte da for­mação, os próprios estu­dantes podem escol­her um itin­erário para apro­fun­dar o apren­diza­do. As opções per­mitem ênfase nas áreas de lin­gua­gens, matemáti­ca, ciên­cias da natureza, ciên­cias humanas e ensi­no téc­ni­co. A ofer­ta de itin­erários depende da capaci­dade das redes de ensi­no e das esco­las brasileiras.

Um pare­cer aprova­do pelo Con­sel­ho Nacional de Edu­cação (CNE) em 2022 sug­e­ria que o novo Enem tivesse duas eta­pas, uma ten­do como refer­ên­cia a BNCC e, out­ra, que pode­ria ser escol­hi­da pelo estu­dante de acor­do com a área vin­cu­la­da ao cur­so supe­ri­or que pre­tende cur­sar. O gov­er­no ante­ri­or chegou a anun­ciar a nova pro­pos­ta, mas ela não saiu do papel.

Críticas

O novo ensi­no médio sofreu uma série de críti­cas e, atual­mente, está sendo redis­cu­ti­do no âmbito do gov­er­no fed­er­al. Com isso, o crono­gra­ma de mudanças no Enem foi sus­pen­so. As provas, que dev­e­ri­am mudar já em 2024, ago­ra terão tam­bém as mudanças adi­adas.

“De cer­ta for­ma estão sendo feitos ajustes, não há como faz­er um novo exame sem que o ensi­no médio este­ja sendo imple­men­ta­do de for­ma clara”, diz o pro­fes­sor eméri­to da Uni­ver­si­dade Fed­er­al de Minas Gerais Chico Soares. Soares é ex-pres­i­dente do Insti­tu­to Nacional de Estu­dos e Pesquisas Edu­ca­cionais Aní­sio Teix­eira (Inep), que é respon­sáv­el pelo Enem e é tam­bém ex-mem­bro do Con­sel­ho Nacional de Edu­cação (CNE), onde foi um dos rela­tores da BNCC.

Soares expli­ca que as mudanças no Enem ain­da devem demor­ar, porque, mes­mo depois que o novo mod­e­lo para o ensi­no médio for definido, ain­da será pre­ciso read­e­quar as provas. “Vamos mudar o tipo de expec­ta­ti­va de apren­diza­gem”, diz. O Inep pre­cis­ará, então, elab­o­rar e tes­tar novas questões antes de aplicá-las.

Segun­do o min­istro da Edu­cação, o Enem dev­erá começar a ser refor­mu­la­do a par­tir do ano que vem, para que as mudanças passem a valer a par­tir de 2025. As dis­cussões devem ocor­rer den­tro dos debates do Plano Nacional de Edu­cação (PNE), que esta­b­elece metas para a edu­cação a cada dez anos. Para Soares, a pre­visão é otimista. Ele esti­ma que uma nova pro­va deve ser apli­ca­da ain­da mais tarde, a par­tir de 2026.

Preocupação

Para os estu­dantes, a situ­ação gera mui­ta pre­ocu­pação, segun­do a pres­i­den­ta da União Brasileira dos Estu­dantes Secun­daris­tas (Ubes), Jade Beat­riz. “Nos pre­ocu­pa muito, porque o mod­e­lo de ensi­no mudou. Obje­ti­va­mente, o ensi­no médio teve uma mudança muito brus­ca, uma redução da car­ga horária bási­ca, que é muito impor­tante e é o que cai no Enem. Tive­mos uma redução e a gente aca­ba não ven­do tudo no ensi­no médio e é o que será cobra­do no Enem. Isso nos prej­u­di­ca muito”, diz.

Segun­do ela, o ensi­no médio ante­ri­or ao novo mod­e­lo não era o ide­al, mas a redução da for­mação bási­ca de for­ma abrup­ta acir­rou a desigual­dade entre esco­las públi­cas e par­tic­u­lares, uma vez que cada rede de ensi­no ofer­ta a for­mação de acor­do com a própria capaci­dade.

A estu­dante diz que, emb­o­ra o crono­gra­ma do novo ensi­no médio pre­ve­ja a imple­men­tação grad­ual ano a ano, todas as séries do ensi­no médio estão sendo impactadas, inclu­sive quem atual­mente cur­sa o 3º ano e vai prestar o Enem para bus­car uma vaga no ensi­no supe­ri­or. “Não tem as matérias que serão cobradas, então, na visão do estu­dante da esco­la públi­ca, vou faz­er uma pro­va que sei que não vou pas­sar”, diz e acres­cen­ta: “Todas as séries estão sendo impactadas. E é sur­re­al, porque serão três ger­ações, con­tan­do a par­tir de hoje, que serão atingi­das por isso. O novo ensi­no médio nos aprox­i­ma do sube­m­prego”.

Enem 2023

O Enem 2023 será nos dias 5 e 12 de novem­bro. De acor­do com o Inep, mais de 3,9 mil­hões de pes­soas estão inscritas. Desse total, 1,4 mil­hão, o equiv­a­lente a 35,6%, con­cluem o ensi­no médio este ano. Out­ros 1,8 mil­hão (48,2%) já con­cluíram o ensi­no médio em anos ante­ri­ores e os demais 16,2% dos inscritos ain­da não con­cluíram o ensi­no médio e farão a pro­va ape­nas para tes­tar os con­hec­i­men­tos, os chama­dos treineiros.

O Enem é a prin­ci­pal por­ta de entra­da para a edu­cação supe­ri­or no Brasil. É uti­liza­do para o ingres­so em insti­tu­ições públi­cas por meio do Sis­tema de Seleção Unifi­ca­da (Sisu) e para obtenção de bol­sas de estu­do em insti­tu­ições pri­vadas pelo Pro­gra­ma Uni­ver­si­dade para Todos (Prouni). Tam­bém é usa­do para obter finan­cia­men­to pelo Fun­do de Finan­cia­men­to Estu­dan­til (Fies).

Além dis­so, os resul­ta­dos do Enem tam­bém podem ser aproveita­dos nos proces­sos sele­tivos de insti­tu­ições estrangeiras que pos­suem con­vênio com o Inep para aceitar as notas do exame.

Edição: Aline Leal

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