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Entenda o cálculo das notas do Enem 2024

Para ter mais pontos, não basta acertar “no chute”, é preciso saber

Daniel­la Almei­da — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 26/10/2024 — 12:13
Brasília
Brasília (DF), 24/10/2024 - Professor do colégio Galois, Samuel Rbeiro Costa, em sala de aula com alunos na preparação nos últimos dias antes da prova do Enem 2024. Foto: José Cruz/Agência Brasil
Repro­dução: © José Cruz/Agência Brasil

Imag­ine que o seu cartão-respos­ta do Exame Nacional do Ensi­no Médio (Enem) 2024 já está preenchi­do, bem como a fol­ha de redação, ambos entregues ao fis­cal de sala. Mas quan­do você sair com seu cader­no de provas do local de apli­cação do exame, saberá cal­cu­lar a nota final con­quis­ta­da?

Na pro­va obje­ti­va do Enem, a nota não leva em con­ta somente o número de questões cor­re­tas, mas tam­bém a coerên­cia das respostas do par­tic­i­pante no con­jun­to das 180 questões obje­ti­vas que com­põem o exame.

Para aju­dar os par­tic­i­pantes e o públi­co em ger­al a com­preen­derem como é feito este cál­cu­lo da pon­tu­ação, o Insti­tu­to Nacional de Estu­dos e Pesquisas Edu­ca­cionais Aní­sio Teix­eira (Inep), apli­cador da pro­va, disponi­bi­liza em seu por­tal o Guia do Par­tic­i­pante — Enten­da sua nota no Enem.

O doc­u­men­to expli­ca a metodolo­gia usa­da para cor­reção das provas do Enem: a Teo­ria de Respos­ta ao Item (TRI). E os critérios ado­ta­dos para o cál­cu­lo têm o obje­ti­vo de medir a profi­ciên­cia do par­tic­i­pante em qua­tro áreas do con­hec­i­men­to: matemáti­ca, lin­gua­gens, ciên­cias da natureza e ciên­cias humanas.

“O uso da TRI no cál­cu­lo dos resul­ta­dos não altera a difi­cul­dade da pro­va. Con­tribui, sim, para detal­har mel­hor as notas, o que aju­da a evi­tar grande número de empates”, expli­ca o Guia do Par­tic­i­pante do Inep.

Teoria de Resposta ao Item

A Teo­ria de Respos­ta ao Item (TRI) usa cál­cu­los matemáti­cos para avaliar a habil­i­dade e o con­hec­i­men­to de um con­cor­rente em testes de múlti­pla escol­ha como o Enem e con­sid­era a coerên­cia das respostas cor­re­tas do par­tic­i­pante.

No cál­cu­lo da nota, este mod­e­lo estatís­ti­co obser­va a par­tic­u­lar­i­dade de cada questão da pro­va. O peso de cada item no cál­cu­lo total leva em con­ta três var­iáveis, chamadas parâmet­ros, que definem os val­ores de mín­i­mo e máx­i­mo da pro­va.

  • Parâmetro de dis­crim­i­nação: difer­en­cia os par­tic­i­pantes que dom­i­nam dos que não dom­i­nam o que é avali­a­do pela questão.
  • Parâmetro de difi­cul­dade: avalia a com­plex­i­dade da questão. Quan­to mais difí­cil o item, maior seu val­or.
  • Acer­to casu­al (chute): con­sid­era a prob­a­bil­i­dade de um par­tic­i­pante acer­tar a questão sem dom­i­nar a habil­i­dade exigi­da.
Brasília (DF), 24/10/2024 - Professor do colégio Galois, Toshio Nakamura, fala sobre preparação nos últimos dias antes da prova do Enem 2024. Foto: José Cruz/Agência Brasil
Repro­dução: Pro­fes­sor Toshio Naka­mu­ra ressalta a importân­cia de con­hecer todo o con­teú­do para ter uma nota alta “O sis­tema de cor­reção do Enem pri­or­iza quem real­mente sabe o assun­to”. Foto: José Cruz/Agência Brasil

Pelos três parâmet­ros, duas pes­soas com a mes­ma quan­ti­dade de acer­tos e de erros podem ter notas difer­entes, pois tudo depende de quais questões estão cer­tas ou erradas.

Na práti­ca, espera-se que os par­tic­i­pantes que acer­taram as questões difí­ceis tam­bém acertem as questões fáceis. Isso porque, teori­ca­mente, habil­i­dades mais com­plexas requerem o domínio de habil­i­dades mais sim­ples.

Toshio Naka­mu­ra, dire­tor e pro­fes­sor de matemáti­ca do colé­gio Galois, em Brasília, que prepara alunos do ensi­no médio para o Enem, expli­ca que a TRI não leva em con­ta ape­nas o número de acer­tos, mas tam­bém a coerên­cia das respostas ao con­jun­to de questões.

“Se acer­tar uma questão difí­cil e errar out­ra fácil, o can­dida­to não vai gan­har os pon­tos da difí­cil. Levará uma pon­tu­ação menor porque o Inep con­sid­era que o par­tic­i­pante acer­tou porque chutou o item. Então, para que a questão difí­cil val­ha mais, é necessário que ele ten­ha acer­ta­do a questão fácil.”

“O sis­tema de cor­reção do Enem vai pri­orizar o can­dida­to que real­mente sabe o assun­to e não aque­le que, muitas vezes, na sorte, acer­ta as questões”, expli­ca Naka­mu­ra.

Acertos

O Inep expli­ca que existe uma relação entre o número de acer­tos e a nota cal­cu­la­da pela TRI. O mod­e­lo matemáti­co ado­ta­do pelo Inep para o exame apon­ta que um inscrito com um número de acer­tos ele­va­do terá pon­tu­ação alta, enquan­to um par­tic­i­pante com poucos acer­tos terá nota baixa, ape­sar de a nota do Enem não ser cal­cu­la­da dire­ta­mente pelo número de acer­tos.

No Enem, não são uti­liza­dos pesos para o cál­cu­lo final das notas. Como expli­ca­do, o con­hec­i­men­to é avali­a­do com base na con­sistên­cia das respostas e as car­ac­terís­ti­cas (parâmet­ros) de cada questão.

O Inep esclarece, tam­bém, que a nota de cada par­tic­i­pante depende somente de seu próprio con­hec­i­men­to e não está rela­ciona­da ao desem­pen­ho dos out­ros par­tic­i­pantes da mes­ma edição do exame.

As notas mín­i­ma e máx­i­ma nas provas obje­ti­vas não são as mes­mas todos os anos porque depen­dem das questões da pro­va. Na divul­gação dos resul­ta­dos, o Inep disponi­bi­lizará as notas mín­i­ma e máx­i­ma das provas.

Nota da redação

O doc­u­men­to do Inep A Redação do Enem 2024Car­til­ha do Par­tic­i­pante e o edi­tal des­ta edição do exame detal­ham como serão cor­rigi­das as dis­ser­tações argu­men­ta­ti­vas.

O mate­r­i­al ain­da apre­sen­ta amostras comen­tadas de tex­tos que rece­ber­am pon­tu­ação máx­i­ma (1.000 pon­tos) na edição de 2023.

Ao todo, na cor­reção dos tex­tos serão cobradas cin­co com­petên­cias:

  1. Domínio da escri­ta for­mal da lín­gua por­tugue­sa;
  2. Com­preen­são do tema;
  3. Orga­ni­za­ção das ideias;
  4. Coesão, coerên­cia;
  5. Pro­pos­ta de inter­venção para o prob­le­ma abor­da­do, respei­tan­do os dire­itos humanos.

Ini­cial­mente, a redação será cor­rigi­da por dois cor­re­tores de for­ma inde­pen­dente. Cada cor­re­tor atribuirá uma nota entre zero e 200 pon­tos para cada uma das com­petên­cias e a nota final será a soma do desem­pen­ho em cada uma delas. Em caso de grande dis­crepân­cia entre as notas dos dois cor­re­tores (con­forme o edi­tal), a redação será cor­rigi­da, de for­ma inde­pen­dente, por um ter­ceiro cor­re­tor.

A ban­ca avali­ado­ra poderá atribuir nota zero nas seguintes situ­ações: na redação que fugir ao tema pro­pos­to; diante do não atendi­men­to à estru­tu­ra dis­ser­ta­ti­vo-argu­men­ta­ti­va; se o tex­to escrito tiv­er até sete lin­has; se apre­sen­tar xinga­men­tos ou desen­hos; se con­tiv­er qual­quer for­ma de iden­ti­fi­cação no espaço des­ti­na­do exclu­si­va­mente ao tex­to da redação; se estiv­er escri­ta pre­dom­i­nante ou inte­gral­mente em lín­gua estrangeira; se a letra estiv­er ilegív­el, que impos­si­bilite a leitu­ra por dois avali­adores inde­pen­dentes.

Caso a redação con­tenha cópia dos tex­tos da pro­pos­ta de redação ou do cader­no de provas terá o número de lin­has copi­adas descon­sid­er­a­do para a con­tagem do número mín­i­mo de lin­has.

Resultados

Os gabar­i­tos das provas obje­ti­vas serão divul­ga­dos no por­tal do Inep em 20 de novem­bro.

E no dia 13 de janeiro de 2025, o insti­tu­to divul­gará o resul­ta­do final do Enem 2024. O par­tic­i­pante poderá ter aces­so aos seus resul­ta­dos indi­vid­u­ais na pági­na do par­tic­i­pante, com login e sen­ha do por­tal úni­co de serviços dig­i­tais do gov­er­no fed­er­al, o Gov.br.

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