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Entenda o que é e como funcionará o real digital

Repro­dução: © Mar­cel­lo Casal Jr / Agên­cia Brasil

Atrelado ao papel-moeda, Drex só deve chegar ao público no fim de 2024


Pub­li­ca­do em 08/08/2023 — 07:05 Por Well­ton Máx­i­mo – Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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A ver­são vir­tu­al do real deu, nes­ta segun­da-feira (7), mais um pas­so rumo à imple­men­tação. O Ban­co Cen­tral (BC) anun­ciou que a moe­da dig­i­tal brasileira se chamará Drex.

Com a platafor­ma em fase de testes des­de março e as primeiras oper­ações sim­u­ladas pre­vis­tas para setem­bro, o real dig­i­tal pre­tende ampli­ar as pos­si­bil­i­dades de negó­cios e estim­u­lar a inclusão finan­ceira. Tudo num ambi­ente seguro e com mín­i­mas chances de fraudes.

A ideia, segun­do o BC, é que o Drex seja usa­do no ata­ca­do para serviços finan­ceiros, fun­cio­nan­do como um Pix – sis­tema de trans­fer­ên­cias instan­tâneas em fun­ciona­men­to des­de 2020 – para grandes quan­tias e com difer­entes final­i­dades. O con­sum­i­dor terá de con­vert­er reais em Drex para enviar din­heiro e faz­er o con­trário para rece­ber din­heiro.

Con­fi­ra como vai fun­cionar a nova moe­da dig­i­tal ofi­cial do país:

O que é o Drex?

Tam­bém chama­do de real dig­i­tal, o Drex fun­cionará como uma ver­são eletrôni­ca do papel-moe­da, que uti­liza a tec­nolo­gia blockchain, a mes­ma das crip­to­moedas. Clas­si­fi­ca­da na cat­e­go­ria Cen­tral Bank Dig­i­tal Cur­ren­cy (CBDC, Moe­da Dig­i­tal de Ban­co Cen­tral, na sigla em inglês), a fer­ra­men­ta terá o val­or garan­ti­do pela autori­dade mon­etária. Cada R$ 1 equiv­alerá a 1 Drex.

Con­sid­er­a­do à pro­va de hack­ers, o blockchain é definido como uma espé­cie de ban­co de dados ou de livro-razão com dados inseri­dos e trans­mi­ti­dos com segu­rança, rapi­dez e transparên­cia. Sem um órgão cen­tral de con­t­role, essa tec­nolo­gia fun­ciona como uma espé­cie de cor­rente de blo­cos crip­tografa­dos, com cada elo fecha­do depois de deter­mi­na­do tem­po. Nen­hu­ma infor­mação pode ser reti­ra­da ou muda­da porque todos os blo­cos estão conec­ta­dos entre si por sen­has crip­tografadas.

Qual a diferença em relação às demais criptomoedas?

As crip­to­moedas obe­de­cem à lei da deman­da e da ofer­ta, com o val­or flu­tuan­do diari­a­mente, como uma ação de uma empre­sa. Sem garan­tia de ban­cos cen­trais e de gov­er­nos, a cotação das crip­to­moedas oscila bas­tante, poden­do provo­car per­das expres­si­vas de val­or de um dia para out­ro.

Atre­la­do às moedas ofi­ci­ais, o CBDC oscila con­forme a taxa diária de câm­bio, deter­mi­na­da pelos fun­da­men­tos e pelas políti­cas econômi­cas de cada país. A taxa de câm­bio, no entan­to, só rep­re­sen­ta difer­ença para oper­ações entre país­es difer­entes. Para transações inter­nas, o Drex valerá o mes­mo que o papel-moe­da.

Out­ra difer­ença em relação às crip­to­moedas está no sis­tema de pro­dução. Enquan­to moedas vir­tu­ais como Bit­coinEthereum e out­ras podem ser “min­er­adas” num com­puta­dor que resolve algo­rit­mos e con­some mui­ta ener­gia, o Drex será pro­duzi­do pelo Ban­co Cen­tral, com pari­dade em relação ao real.

Qual a diferença do Drex para o Pix?

Emb­o­ra pos­sa ser con­sid­er­a­do pri­mo do Pix, por per­mi­tir paga­men­tos instan­tâ­neos entre insti­tu­ições finan­ceiras difer­entes, o Drex fun­cionará de maneira dis­tin­ta. No Pix, a trans­fer­ên­cia ocorre em reais e obe­dece a lim­ites de segu­rança impos­tos pelo BC e pelas insti­tu­ições finan­ceiras. No Drex, a trans­fer­ên­cia uti­lizará a tec­nolo­gia blockchain, a mes­ma das crip­to­moedas. Isso per­mi­tirá transações com val­ores maiores.

Que serviços poderão ser executados com o Drex?

Serviços finan­ceiros em ger­al, como trans­fer­ên­cias, paga­men­tos e até com­pra de títu­los públi­cos. Os con­sór­cios habil­i­ta­dos pelo Ban­co Cen­tral poderão desen­volver mais pos­si­bil­i­dades, como o paga­men­to instan­tâ­neo de parce­las da casa própria, de veícu­los e até de bene­fí­cios soci­ais, con­forme anun­ci­a­do pelo con­sór­cio for­ma­do pela Caixa Econômi­ca Fed­er­al, a Microsoft do Brasil e a ban­deira de cartões de crédi­to Elo.

O Drex per­mi­tirá o uso de con­tratos inteligentes. No caso da ven­da de um veícu­lo, não have­ria a dis­cussão se caberia ao com­prador deposi­tar antes de pegar o bem ou se o vende­dor teria de trans­ferir os doc­u­men­tos antes de rece­ber o din­heiro. Todo o proces­so pas­sará a ser feito instan­ta­nea­mente, por meio de um con­tra­to autom­a­ti­za­do, reduzin­do o cus­to com buro­c­ra­cias, inter­mediários e aceleran­do as oper­ações.

Como se dará o acesso ao Drex?

Pre­vista para chegar ao con­sum­i­dor no fim de 2024 ou iní­cio de 2025, o Drex só fun­cionará como uma moe­da de ata­ca­do, tro­ca­da entre insti­tu­ições finan­ceiras. O cliente fará oper­ações com a moe­da dig­i­tal, mas não terá aces­so dire­to a ela, operan­do por meio de carteiras vir­tu­ais.

O proces­so ocor­rerá da seguinte for­ma. Primeira­mente, o cliente (pes­soa físi­ca ou empre­sa) dev­erá deposi­tar em reais a quan­tia dese­ja­da numa carteira vir­tu­al, que con­vert­erá a moe­da físi­ca em Drex, na taxa de R$ 1 para 1 Drex. Essas carteiras serão oper­adas por ban­cos, fin­techs, coop­er­a­ti­vas, cor­re­toras e demais insti­tu­ições finan­ceiras, sob a super­visão do BC. Novos tipos de empre­sas com carteira vir­tu­al poderão ser cri­a­dos, con­forme a evolução da tec­nolo­gia.

Após a tok­eniza­ção (con­ver­são de ati­vo real em ati­vo dig­i­tal), o cliente poderá trans­ferir a moe­da dig­i­tal, por meio da tec­nolo­gia blockchain. Caberá ao recep­tor con­vert­er os Drex em reais e faz­er a reti­ra­da.

A tok­eniza­ção pode ser defini­da como a rep­re­sen­tação dig­i­tal de um bem ou de um pro­du­to finan­ceiro, que facili­ta as nego­ci­ações em ambi­entes vir­tu­ais. Por meio de uma série de códi­gos com req­ui­si­tos, regras e proces­sos de iden­ti­fi­cação, os ativos (ou frações deles) podem ser com­pra­dos e ven­di­dos em ambi­entes vir­tu­ais.

Testes

Em março, o BC escol­heu a platafor­ma Hyper­ledger Besu para faz­er os testes com ativos de diver­sos tipos e naturezas. Essa platafor­ma tem baixos cus­tos de licença e de roy­al­ties de tec­nolo­gia porque opera com códi­go aber­to (open source).

Em jun­ho, o BC escol­heu 16 con­sór­cios para par­tic­i­par do pro­je­to pilo­to. Eles con­stru­irão os sis­temas a serem acopla­dos ao Hyper­ledger Besu e desen­volverão os pro­du­tos finan­ceiros e as soluções tec­nológ­i­cas. A lista com­ple­ta de enti­dades sele­cionadas pelo Comitê Exec­u­ti­vo de Gestão está no site do BC.

Pre­vis­tos para começarem em setem­bro, os testes com os con­sór­cios ocor­rerão com oper­ações sim­u­ladas e tes­tarão a segu­rança e a agili­dade entre o real dig­i­tal e os depósi­tos tok­eniza­dos das insti­tu­ições finan­ceiras. A testagem será fei­ta em eta­pas até pelo menos fevereiro do próx­i­mo ano, quan­do ocor­rerem oper­ações sim­u­ladas com títu­los do Tesouro Nacional.

Ativos

Os ativos a serem tes­ta­dos no pro­je­to pilo­to serão os seguintes:

•    depósi­tos de con­tas de reser­vas bancárias;

•    depósi­tos de con­tas de liq­uidação;

•    depósi­tos da con­ta úni­ca do Tesouro Nacional;

•    depósi­tos bancários à vista;

•    con­tas de paga­men­to de insti­tu­ições de paga­men­to;

•    títu­los públi­cos fed­erais.

Edição: Graça Adju­to

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