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Envelhecimento da população vai demandar mais vacinas para idosos

Repro­dução: © Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Vacinas contra hepatite, difteria e tétano estão no calendário


Pub­li­ca­do em 22/09/2023 — 06:43 Por Viní­cius Lis­boa — repórter da Agên­cia Brasil* — Flo­ri­anópo­lis

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O con­ti­nente amer­i­cano e o Brasil estão envel­he­cen­do mais rápi­do do que a média mundi­al, e a ampli­ação do aces­so dos idosos à vaci­nação é um dos instru­men­tos para a garan­tia de uma vel­hice saudáv­el e autôno­ma, aler­tam espe­cial­is­tas que dis­cu­ti­ram os cal­endários de roti­na de vaci­nação da ter­ceira idade na Jor­na­da Nacional de Imu­niza­ções. Além de hábitos saudáveis, estar vaci­na­do evi­ta que infecções causem estresse no organ­is­mo e des­en­cadeiem prob­le­mas que podem até mes­mo se tornar crôni­cos. 

O Pro­gra­ma Nacional de Imu­niza­ções (PNI), que com­ple­tou 50 anos neste mês, ofer­ece um cal­endário especí­fi­co para essa pop­u­lação. Além das vaci­nas con­tra hepatite B e dif­te­ria e tétano, que são recomen­dadas des­de a infân­cia e podem ser admin­istradas tam­bém nas faixas etárias supe­ri­ores, idosos aca­ma­dos ou em abri­gos tam­bém devem rece­ber a vaci­na pneu­mocó­ci­ca 23-valente.

Pes­soas aci­ma de 60 anos tam­bém pre­cisam ser avali­adas caso pre­cisem rece­ber vaci­nas como a trí­plice viral e a febre amarela, que têm a tec­nolo­gia de vírus vivo aten­u­a­do. Além dis­so, as cam­pan­has anu­ais con­tra a influen­za e a vaci­nação con­tra a covid-19 são con­sid­er­adas pri­or­itárias para essa pop­u­lação.

Do pon­to de vista indi­vid­ual, o idoso pode ter recomen­dações adi­cionais de vaci­nação, no caso de condições especí­fi­cas de saúde, o que inclui doenças crôni­cas fre­quentes como o dia­betes. Nesse caso, deve-se procu­rar um médi­co que encam­in­he o paciente para os Cen­tros de Refer­ên­cia em Imuno­bi­ológi­cos Espe­ci­ais (CRIE).

Asses­so­ra de imu­niza­ções da Orga­ni­za­ção Pan-Amer­i­cana de Saúde (OPAS), Lely Guz­man, desta­ca que a vaci­nação dos idosos esta­va entre as pre­ocu­pações da orga­ni­za­ção ao insti­tuir a Déca­da do Envel­hec­i­men­to Saudáv­el entre 2021 e 2030. No fim desse perío­do, uma em cada seis pes­soas no con­ti­nente amer­i­cano terá mais de 60 anos.

“Há uma baixa pri­or­i­dade do envel­hec­i­men­to nas políti­cas públi­cas”, apon­ta Lely.

“Os cal­endários de vaci­nação ain­da são muito pequenos per­to de todo o desafio e das vaci­nas que podem ser úteis para os idosos”.

Infecções respiratórias

A geri­atra Maisa Kairal­la, pro­fes­so­ra da Uni­ver­si­dade Fed­er­al de São Paulo, desta­ca que as infecções res­pi­ratórias, como a influen­za, o vírus sin­ci­cial res­pi­ratório e a covid-19 estão entre as maiores ameaças que podem ser pre­venidas por vaci­nas.

“É muito difí­cil um idoso ter uma doença que o leve a ficar 15 dias na UTI e sair do hos­pi­tal como chegou. É pre­ciso muito cuida­do, e, com isso, há per­da da qual­i­dade de vida, da autono­mia e maior chance de rein­ter­nação”.

Mes­mo sendo pre­venív­el por vaci­na no Brasil des­de a déca­da de 1990, o vírus Influen­za faz 70% de suas víti­mas entre a pop­u­lação idosa. Além de inter­nação e morte, essa doença tam­bém pode descom­pen­sar doenças crôni­cas como car­diopa­tias e dia­betes e causar aci­dentes vas­cu­lares. O risco de morte por gripe chega a ser 20 vezes maior entre pes­soas que acu­mu­lam car­diopa­tias e doenças pul­monares, condições fre­quentes entre idosos que foram ou são fumantes.

Já o vírus sin­ci­cial res­pi­ratório, ape­sar de estar entre as maiores causas de inter­nação por sín­drome res­pi­ratórias em bebês, faz a maior parte das víti­mas fatais entre os idosos. As primeiras vaci­nas e anti­cor­pos mon­o­clon­ais con­tra esse vírus só começaram recen­te­mente a ser ado­tadas nos Esta­dos Unidos, e, no Brasil, a Agên­cia Nacional de Vig­ilân­cia San­itária (Anvisa) anal­isa o pedi­do de reg­istro da far­ma­cêu­ti­ca Pfiz­er.

Pres­i­dente do Depar­ta­men­to de Infec­tolo­gia da Sociedade Brasileira de Pedi­a­tria, Mar­co Aurélio Sáfa­di con­ta que já era con­heci­da a importân­cia desse vírus para a saúde da cri­ança, mas avança cada vez mais a con­statação de que ele é perigoso para os idosos.

“É algo novo. A gente já con­hece muito bem a car­ga da doença em cri­anças, mas a gente não con­hecia tão bem assim a importân­cia desse agente para os adul­tos. E hoje os adul­tos mostram que ele é um agente que pode impactar na pop­u­lação de adul­tos e prin­ci­pal­mente nos indi­ví­du­os de maior idade, prin­ci­pal­mente aci­ma dos 70 anos”.

Herpes Zoster

Out­ra doença que pode com­pro­m­e­ter grave­mente a qual­i­dade de vida de idosos é o her­pes zoster, uma man­i­fes­tação do mes­mo vírus da cat­a­po­ra, o varicela, que fica alo­ja­do no cor­po ao lon­go da vida e vol­ta a causar sin­tomas após a vel­hice, porém com um quadro difer­ente da cat­a­po­ra. A incidên­cia dessa doença chega a ser de 50% entre os idosos que chegam aos 85 anos de idade, segun­do o Cen­tro de Con­t­role de Doenças dos Esta­dos Unidos (CDC).

A vaci­nação con­tra a her­pes zoster no Brasil só está disponív­el em clíni­cas pri­vadas, em ver­sões ina­ti­va­da e aten­u­a­da, e a Sociedade Brasileira de Imu­niza­ções recomen­da a vaci­na para pes­soas com mais de 50 anos ou imuno­com­pro­meti­dos com ao menos 18 anos.

Além de dores sev­eras, a doença pode causar cegueira, par­al­isia facial e dores crôni­cas, que podem se esten­der por anos. Quan­to mais idoso for o paciente acometi­do, maior é a chance de esse quadro crôni­co per­manecer.

Vacinação especial

A SBIm recomen­da ain­da que todos os idosos busquem a vaci­nação con­tra os pneu­mo­co­cos, por meio das vaci­nas pneu­mocó­ci­ca valente 13 e 15, tam­bém disponíveis ape­nas nas clíni­cas par­tic­u­lares.

Ape­sar do nome, essas bac­térias não provo­cam ape­nas casos de pneu­mo­nia, e estão asso­ci­adas a infecções inclu­sive nas meninges, além de quadros de sepse.

A inclusão de vaci­nas que estão somente nas clíni­cas pri­vadas no Pro­gra­ma Nacional de Imu­niza­ções depende de uma série de fatores, como o cus­to-bene­fí­cio para a saúde públi­ca e a garan­tia de que estarão disponíveis de for­ma con­tínua ao lon­go dos anos. Além de recur­sos para com­prar, é pre­ciso ter a certeza de que os fab­ri­cantes vão ter a ofer­ta.

O dire­tor do Pro­gra­ma Nacional de Imu­niza­ções, Eder Gat­ti, expli­ca que o cenário ide­al é, a par­tir de uma avali­ação da epi­demi­olo­gia de cada doença e da via­bil­i­dade dos preços ofer­e­ci­dos pelo mer­ca­do, con­stru­ir uma agen­da de incor­po­ração dessas tec­nolo­gias para a pro­dução nos lab­o­ratórios públi­cos.

“Esta­mos em uma fase de vaci­nas que agregam mui­ta tec­nolo­gia e acabam ten­do um cus­to muito alto. Con­se­quente­mente, temos um impacto orça­men­tário muito alto para pou­cas dos­es. Então, o proces­so de incor­po­ração tec­nológ­i­ca pre­cisa ser muito bem pen­sa­do. Não dá para faz­er na base da cor­re­ria”.

* O repórter via­jou para Flo­ri­anópo­lis a con­vite da Sociedade Brasileira de Imu­niza­ções.

Edição: Car­oli­na Pimentel

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