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Epidemia de dengue é tema do Caminhos da Reportagem deste domingo

Repro­dução: © Reuters/Paulo Whitaker/Direitos Reser­va­dos

Programa vai ao ar às 22h na TV Brasil


Publicado em 14/04/2024 — 10:02 Por TV Brasil — Brasília

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O Brasil já reg­istrou mais de 3 mil­hões de casos prováveis de dengue e mais de mil óbitos cau­sa­dos pela doença até abril deste ano. Dengue: a Real­i­dade de uma Epi­demia é o tema do pro­gra­ma Cam­in­hos da Reportagem, que vai ao ar neste domin­go (14), às 22h, na TV Brasil.

O pro­gra­ma vai mostrar como as mudanças climáti­cas e a adap­tação do mos­qui­to têm con­tribuí­do para a epi­demia da doença. O Cam­in­hos da Reportagem abor­da des­de a iden­ti­fi­cação dos sin­tomas e sinais de aler­ta, pas­san­do pela importân­cia da vig­ilân­cia ambi­en­tal e elim­i­nação do mos­qui­to, até novas ini­cia­ti­vas de com­bate à doença, como a vaci­nação e a lib­er­ação de inse­tos com uma bac­téria que impede que eles trans­mi­tam a dengue.

Mudanças climáticas

O pro­fes­sor do Insti­tu­to de Geografia da Uni­ver­si­dade do Esta­do do Rio de Janeiro (Uerj) Antônio Oscar Júnior expli­ca como o aumen­to das tem­per­at­uras, pro­duzi­do pelo proces­so de urban­iza­ção e cresci­men­to das cidades, aju­da na pro­lif­er­ação do mos­qui­to.

“Começamos a perce­ber algu­mas tendên­cias para o esta­do do Rio de Janeiro. A gente percebe um aumen­to entre 3°C e 5°C nas tem­per­at­uras mín­i­mas e um aumen­to entre 3°C e 4°C nas tem­per­at­uras máx­i­mas. Além de uma con­cen­tração da chu­va, que é propí­cia para o desen­volvi­men­to do mos­qui­to. E, por con­ta dessa car­ac­terís­ti­ca litorânea do esta­do do Rio de Janeiro, a gente tem um aporte sig­ni­fica­ti­vo de umi­dade, que são as condições necessárias para a pro­lif­er­ação do mos­qui­to”, afir­ma.

Em sua pesquisa Mudança Climáti­ca e Risco de Arbovi­ros­es no Esta­do do Rio de Janeiro, real­iza­da jun­ta­mente com o pro­fes­sor Fran­cis­co de Assis Men­donça (UFPR), Antônio Oscar Júnior pro­je­ta que, até 2070, áreas mais frias e ele­vadas do esta­do do Rio, onde não havia prevalên­cia de dengue, como Petrópo­lis, Teresópo­lis e Cen­tro-Sul flu­mi­nense, sofr­erão um aumen­to de tem­per­at­uras e um poten­cial maior de eclosão de ovos, de desen­volvi­men­to da pop­u­lação de mos­qui­to e de infecção pelo vírus da dengue.

Mosquitos

Gabriel Sylvestre, líder de oper­ações da World Mos­qui­to Pro­gram no Brasil (Pro­gra­ma Mundi­al de Mos­qui­tos, em tradução livre), expli­ca como é pos­sív­el uti­lizar o próprio Aedes aegyp­ti con­tra a dengue. Em parce­ria com biofábri­c­as da Fun­dação Oswal­do Cruz (Fiocruz), são pro­duzi­dos mos­qui­tos com a bac­téria Wol­bachia.

Dengue: a realidade de uma epidemia - Caminhos da Reportagem. Gabriel Sylvestre, líder de operações da World Mosquito Program do Brasil. O Brasil já registrou mais de um milhão e meio de casos de dengue este ano e mais de mil óbitos até abril deste ano. Em 2024, bateremos o recorde de casos de dengue desde o início da série histórica, em 1990. Foto: Frame/TV Brasil
Repro­dução: Gabriel Sylvestre, líder de oper­ações da World Mos­qui­to Pro­gram no Brasil — Frame/TV Brasil
“O Wol­bito é a junção de Wol­bachia com mos­qui­to. Foi descober­to que essa bac­téria tin­ha um efeito pro­te­tor em moscas da fru­ta. Aque­la mosquin­ha que vem na fruteira em casa, ela tem Wol­bachia e não se infec­ta. A ideia era trans­ferir esse mod­e­lo para um inse­to que fos­se impor­tante para a saúde humana. Então, chegou-se à con­clusão que o Aedes aegyp­ti pre­cisa­va rece­ber essa bac­téria para que hou­vesse pos­sivel­mente o mes­mo efeito que havia com as moscas. Foi um tra­bal­ho de suces­so e, em 2009, saiu o primeiro grande tra­bal­ho cien­tí­fi­co que mostra­va o efeito pro­te­tor da Wol­bachia para a dengue”, expli­ca Sylvestre.

Ele par­ticipou, então, da lib­er­ação de mil­hares dess­es mos­qui­tos em Niterói, no Rio de Janeiro, onde obser­vou-se uma enorme redução na con­t­a­m­i­nação pelo vírus da dengue.

A secretária de Vig­ilân­cia em Saúde e Ambi­ente do Min­istério da Saúde, Ethel Maciel, afir­ma que, com a lib­er­ação de Wol­bitos, já é pos­sív­el perce­ber uma difer­ença de con­t­a­m­i­nação entre as cidades de Niterói e do Rio de Janeiro.

Dengue: a realidade de uma epidemia - Caminhos da Reportagem. Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde. O Brasil já registrou mais de um milhão e meio de casos de dengue este ano e mais de mil óbitos até abril deste ano. Em 2024, bateremos o recorde de casos de dengue desde o início da série histórica, em 1990. Foto: Frame/TV Brasil
Repro­dução: Ethel Maciel, secretária de Vig­ilân­cia em Saúde e Ambi­ente do Min­istério da Saúde — Frame/TV Brasil

“Niterói fez a implan­tação [do méto­do com Wol­bitos], foi a cidade pal­co da ini­cia­ti­va. E nós esta­mos ven­do poucos casos de dengue ago­ra em Niterói. Então duas cidades muito próx­i­mas, que têm uma mobil­i­dade grande de pes­soas entre elas, com situ­ação epi­demi­ológ­i­ca muito difer­ente”, avalia Ethel.

Vacina da dengue

Out­ra ini­cia­ti­va impor­tante é a vaci­nação. O Insti­tu­to Butan­tan, em São Paulo, está desen­vol­ven­do a primeira vaci­na con­tra a dengue total­mente brasileira. Fer­nan­da Bou­los, dire­to­ra médi­ca do Insti­tu­to, expli­ca que é uma vaci­na de vírus vivo aten­u­a­do, ou seja, é um vírus que pas­sou por um proces­so de aten­u­ação, de for­ma que ele não é capaz de causar a doença.

“A vaci­na da dengue é desafi­ado­ra, porque a gente tem qua­tro soroti­pos do vírus. Então nos­sa ideia foi de colo­car os qua­tro soroti­pos den­tro da mes­ma vaci­na, com a intenção de pro­te­ger con­tra qual­quer dengue que este­ja cir­cu­lan­do”, expli­ca Fer­nan­da.

Os testes dessa vaci­na já estão na con­clusão da ter­ceira fase e os resul­ta­dos serão envi­a­dos até o final deste ano para avali­ação da Agên­cia Nacional de Vig­ilân­cia San­itária (Anvisa), segun­do a dire­to­ra do Butan­tan. Após análise pelo órgão reg­u­lador fed­er­al, a vaci­na poderá ser aprova­da e incor­po­ra­da ao cal­endário vaci­nal do Sis­tema Úni­co de Saúde (SUS).

Dengue: a realidade de uma epidemia - Caminhos da Reportagem. O instituto Butantan está desenvolvendo a primeira vacina contra a dengue totalmente Brasileira. O Brasil já registrou mais de um milhão e meio de casos de dengue este ano e mais de mil óbitos até abril deste ano. Em 2024, bateremos o recorde de casos de dengue desde o início da série histórica, em 1990. Foto: Frame/TV Brasil
Repro­dução: Insti­tu­to Butan­tan está desen­vol­ven­do a primeira vaci­na con­tra a dengue total­mente brasileira — Frame/TV Brasil
Fer­nan­da expli­ca que essa vaci­na brasileira será apli­ca­da em uma úni­ca dose e que os testes mostraram uma efe­tivi­dade de 80% de pro­teção. “A vaci­na pro­tege con­tra 80% dos casos de dengue. Essa eficá­cia quer diz­er que o grupo que rece­beu a vaci­na teve 80% menos doença do que o grupo que rece­beu o place­bo.”

Ethel Maciel afir­mou que, “do pon­to de vista da opera­cional­iza­ção no serviço de saúde, é uma vaci­na muito mais fácil, pois não é pre­ciso bus­car a pes­soa para a segun­da dose. Então temos a pos­si­bil­i­dade de ter uma cober­tu­ra maior da vaci­nação e facil­i­tar muito a estraté­gia de con­t­role”.

Vigilância ambiental

O pro­gra­ma mostra tam­bém o tra­bal­ho e a importân­cia dos vig­i­lantes ambi­en­tais, que visi­tam as casas, inspe­cio­nan­do e ori­en­tan­do a pop­u­lação sobre o com­bate aos focos do mos­qui­to. De acor­do com o Min­istério da Saúde, 75% dos cri­adouros estão nas residên­cias.

Her­i­ca Bas­sani, agente de vig­ilân­cia ambi­en­tal em Brasília, fala sobre a importân­cia de as pes­soas abrirem suas casas para ess­es profis­sion­ais. “Alguns têm um pouco de receio, por medo ou por out­ros motivos que não sei. E acabam não deixan­do o agente aden­trar na sua residên­cia. Mas é impor­tante que ela sai­ba que, além do tra­bal­ho do agente, ela tem que colab­o­rar tam­bém. É a saúde de todos que está em jogo.”

Edição: Juliana Andrade

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