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“Era sonho dela”, diz filho de Mãe Bernadete após delimitação de terra

Repro­dução: © Foto Janaí­na Neri

Para Jurandir Pacífico, luta pelo reconhecimento matou a mãe e o irmão


Publicado em 08/04/2024 — 18:47 Por Fabíola Sinimbú e Luiz Claudio Ferreira — Repórteres da Agência Brasil — Brasília

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Uma mis­tu­ra de feli­ci­dade e frus­tração. Foi assim que Jurandir Welling­ton Pací­fi­co, fil­ho da líder quilom­bo­la Mãe Bernadete, definiu, nes­ta segun­da-feira (8) o sen­ti­men­to dele e de toda a comu­nidade Pitan­ga dos Pal­mares, na cidade de Simões Fil­ho (BA), ao rece­ber a notí­cia de recon­hec­i­men­to de ter­ras pelo gov­er­no fed­er­al, com a delim­i­tação da área da comu­nidade. Ele avalia que o recon­hec­i­men­to das ter­ras garante autono­mia à comu­nidade. “A tit­u­lação é como se fos­se um cam­po de força con­tra os inimi­gos”, afir­ma.

Segun­do o Insti­tu­to Nacional de Col­o­niza­ção e Refor­ma Agrária (Incra), a decisão ben­e­fi­cia 536 famílias remanes­centes de quilom­bos em uma área de 852,2 hectares.

“Era o son­ho de Mãe Bernadete tit­u­lar essa comu­nidade. Mas, infe­liz­mente ela não está mais aqui”, disse.

Pací­fi­co diz acred­i­tar que a luta pela tit­u­lação acabou provo­can­do as mortes da mãe (em agos­to do ano pas­sa­do), e do irmão dele, Flávio Gabriel Pací­fi­co dos San­tos, con­heci­do como Bin­ho do Quilom­bo, em 2017. “A gente fica com esse sen­ti­men­to que pre­cisou haver der­ra­ma­men­to de sangue para ter essa tit­u­lação”.

O fil­ho defende que o recon­hec­i­men­to e a delim­i­tação da área do quilom­bo brindou a comu­nidade, que, segun­do teste­munha, vem sofren­do com a espec­u­lação imo­bil­iária e com crimes ambi­en­tais. “Tit­u­lação é garan­tia de dire­itos, de agri­cul­tura famil­iar, de esporte, cul­tura, laz­er e saúde”, exem­pli­fi­ca.

Segurança

Ape­sar da boa notí­cia des­ta segun­da, o fil­ho de Mãe Bernadete se queixa da fal­ta de respostas para os assas­si­natos do irmão e da mãe. Em novem­bro do ano pas­sa­do, o Min­istério Públi­co da Bahia (MP-BA) denun­ciou cin­co pes­soas inves­ti­gadas por sus­pei­ta de par­tic­i­pação no assas­si­na­to de Maria Bernadete Pací­fi­co Mor­eira, líder do Quilom­bo Pitan­ga de Pal­mares, local­iza­do entre as cidades de Simões Fil­ho e Can­deias, na região met­ro­pol­i­tana de Sal­vador. “As per­gun­tas que não querem calar: quem man­dou matar Bin­ho do Quilom­bo e quais foram os motivos para a Mãe Bernadete?”

Pací­fi­co entende que a tit­u­lação dá autono­mia à comu­nidade e garante, com isso,  mais con­for­to, segu­rança, capaci­dade de desen­volver a cul­tura local, a edu­cação e a agri­cul­tura famil­iar. “Tit­u­lar é sinôn­i­mo de segu­rança e de pros­peri­dade”, avalia.

A decisão do recon­hec­i­men­to de ter­ras delimi­ta as áreas pri­vadas que inte­gram o Pitan­ga de Pal­mares, de acor­do com o Relatório Téc­ni­co de Iden­ti­fi­cação e Delim­i­tação (RTID). Com a por­taria, o Incra entra na fase de desapro­pri­ação das pro­priedades par­tic­u­lares. São preparadas as doc­u­men­tações necessárias dess­es imóveis rurais para envio à presidên­cia da Repúbli­ca para as desapro­pri­ações por inter­esse social.

Edição: Aline Leal

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